A Poesia Palaciana

No século XV, durante o reinado de D. Afonso V, rei de Portugal, a poesia se desvinculou do canto e da dança e passou a ser elaborada com um grau de formalidade que lhe concedia ritmo, musicalidade e métrica bem acentuados. Recebe o nome de poesia palaciana, pois os textos eram criados e declamados nos palácios, a fim de entreter a nobreza.

Sabe-se que a poesia palaciana era feita para ser declamada ou lida individualmente, enquanto que no Trovadorismo a poesia era feita para ser cantada e dependia de um acompanhamento musical. Essa peculiaridade deixa bem evidente a separação entre poesia e música.

As cantigas trovadorescas eram ricas e diversas quanto à métrica, já a poesia palaciana era metódica em adotar versos rendondilhos maiores (sete sílabas métricas) e menores (cinco sílabas métricas). Para alcançar ritmo e expressividade, a poesia palaciana tem um mote e a partir dele desenvolve uma glosa.

Garcia de Resende, poeta português, reuniu aproximadamente mil poemas palacianos na obra Cancioneiro geral, publicada em 1516. Conheça alguns poemas retirados da obra de Garcia de Resende:

Meu amor, tanto vos quero,
que deseja  coração
mil coisas contra a razão.
Porque se não vos quisesse,
como poderia ter
desejo eu me viesse
do que nunca pode ser.
Mas com tanto desespero,
tenho em mim tanta afeição
que deseja o coração.
Aires Teles

Meu amor, tanto vos amo,
que meu desejo não ousa
desejar nenhuma cousa.
Porque, se a desejasse,
logo a esperaria,
e se eu esperasse,
sei que a vós anojaria,
mil vezes a morte chamo
e meu desejo não ousa
desejar-me outra cousa.
Conde Vimioso

A poesia palaciana é marcada por ambiguidades, conotação, aliteração e jogo de palavras. Inerente às produções humanistas, foi pouco popular em sua época de criação, mas é importante para o estudo e a história da literatura, pois seu valor literário é inquestionável e sua análise possibilita conhecer o comportamento artístico e a cultura durante diversos reinados.

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