Teoria Clássica – Henri Fayol

 

Enquanto Taylor preocupava-se com as tarefas executadas pelos operários do chão de fábrica, Fayol estava preocupada com os níveis mais altos da hierarquia de uma empresa, considerando que a gestão e o controle adequados eram a chave para o sucesso da organização.

Fayol foi considerado o pai do processo administrativo, pois foi ele quem definiu uma teoria geral de administração que vinculava os elementos da administração (o que o administrador faz) com os princípios da administração (como o administrador deve fazer).

Sua teoria baseava-se na ideia de que as organizações precisavam se organizar de maneira racional, mantendo o controle através de previsões anuais e decenais, organograma, recrutamento e treinamento cuidadosos e reuniões de chefes de departamento para melhor coordenar as ações.

Para Fayol, a organização e a administração são indispensáveis em qualquer tipo de empresa, não importando qual o seu negócio. Toda empresa, independente de seu grau de complexidade, possui um conjunto de operações básicas, a saber: operações técnicas, operações comerciais, operações financeiras, operações de segurança, operações de contabilidade e operações administrativas.

E é justamente nas operações administrativas para onde as empresas devem voltar sua atenção. De acordo com Fayol, a função administrativa envolve formular o programa geral de ação da empresa, coordenando seus esforços e harmonizando seus atos. Desta forma, Fayol descreve o ato de administrar como Prever, Organizar, Comandar, Controlar e Coordenar, o que ficou conhecido com a sigla POC3.

Fayol também ressalta que não se deve confundir administração com direção. A administração é um ato comum a todos, não é privilégio dos chefes, é dever de todos, ou seja, a administração se reparte com outros membros da empresa. E é por isso que Fayol defendia a ideia de que a administração deveria ser ensinada nas escolas, desde cedo, pois o ato da administração é algo que está presente no cotidiano das pessoas, nas suas relações familiares, nos seus negócios e em tantas outras situações.

Para Fayol, não deveria existir nada rígido e absoluto em administração. Tudo na administração é uma questão de medida, de princípios maleáveis e suscetíveis à adaptação, de acordo com as necessidades de cada empresa.

Fayol destaca 14 princípios que utilizou com mais frequência na administração, a saber:

(1) Divisão do trabalho: o funcionário que executa a mesma tarefa adquire maior habilidade e rapidez e, por isso, produz mais, e, consequentemente, tem um rendimento maior. Toda mudança gera um impacto que reduz a produtividade do funcionário. Este princípio favorece a separação do poder e a especialização da tarefa.

(2) Autoridade e responsabilidade:  a autoridade envolve o direito de dar ordens e de se fazer obedecer. No entanto, não existe autoridade sem responsabilidade. É uma via de mão dupla. Onde alguém recebeu a autoridade para fazer algo, existirá também a responsabilidade por parte desta pessoa em se fazer direito o que lhe foi delegado. Existem diferenças entre a autoridade estatuária, que é aquela que é inerente ao cargo que a pessoa ocupa, e a autoridade pessoal, que é aquela atribuída baseada em características pessoais tais como experiência, inteligência, idade, etc.

(3) Disciplina: objetiva a obediência, assiduidade e assertividade, bem como a demonstração do respeito. É fundamental em qualquer empresa. Pode-se, inclusive, estabelecer um código de regras e condutas aceitáveis e punições e sanções para os que não o seguirem.

(4) Unidade de comando: cada funcionário deve estar sob as ordens de um único chefe, não havendo dualidade de comando, o que seria prejudicial, pois confunde o funcionário e desestabiliza as funções de poder.

(5) Unidade de direção: deve existir um só chefe e um só programa de operações com um só objetivo. Os funcionários devem se empenhar por um objetivo comum, geral. É diferente da unidade de comando, onde os funcionários devem se reportar a apenas um chefe. Na unidade de direção, as forças e os esforços são coordenados em prol de um único objetivo.

(6) Subordinação do interesse particular ao geral: é preciso haver uma conciliação entre o interesse de ambas as partes, porém, o interesse do funcionário nunca pode estar acima do interesse maior da empresa.

(7) Remuneração do pessoal: deve satisfazer tanto empregados quanto empregadores. Procura-se estabelecer remuneração equitativa, encorajando e recompensando o esforço útil.

(8) Centralização: o cérebro é o responsável por direcionar impulsos e informações para todas as partes do corpo. Desta forma, toda empresa deve ter um cérebro, direcionando as informações, ainda que através de seus intermediários.

(9) Hierarquia: cadeia de comando e comunicação distribuída em níveis, desde o nível mais alto até o nível mais baixo, passando por todos os níveis da distribuição de tarefas e das funções de gestão e comando.

(10) Ordem: Um lugar para cada coisa e cada coisa em  seu lugar. Um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar. Este princípio visa garantir que as coisas estejam nos melhores locais possíveis, de acordo com sua utilização e que sejam sempre devolvidas aos mesmos lugares, para garantir a ordem e evitar o desperdício de tempo. O mesmo se dá na esfera social. Cada pessoa deve ter a sua função bem delimitada e cada função deve ter o seu profissional estabelecido. Bastaria apenas alocar as pessoas certas para as funções adequadas.

(11) Equidade: todos devem ser tratados com justiça e igualdade, garantindo maior satisfação dos empregados.

(12) Estabilidade do pessoal: Leva tempo para um funcionário aprender a desempenhar sua função adequadamente e com rapidez. Porém, uma vez aprendida a função, deve-se manter a lealdade, ou seja, permitir que o funcionário demonstre o seu melhor desempenho na função. Demitir o funcionário ou trocá-lo de posição acarretaria prejuízos, uma vez que levaria tempo e recursos para se treinar outro funcionário para a mesma função.

(13) Iniciativa: todos os funcionários devem ser incentivados a demonstrar iniciativa em resolver problemas. Porém, é preciso ter um certo equilíbrio para que a iniciativa não desconfigure a ordem e a hierarquia.

(14) União do pessoal: talvez este seja o princípio mais importante. Sem união e harmonia qualquer empresa irá se deteriorar.

As teorias e os princípios de Fayol revelam, em parte, certo grau de deslumbramento e obsessão pelo poder. Fayol estava realmente preocupado em como controlar e manter o poder sobre os empregados. Por conta disto, Fayol deixou de analisar a empresa como uma entidade que faz parte de um mercado dinâmico e com outras empresas concorrentes, falha esta também evidenciada na teoria de Taylor.

Tanto a Administração Científica quanto a Teoria Clássica, adotam a postura de empresa-máquina, onde tudo deve ocorrer de forma mecânica, calculada, controlada e equilibrada. Desconsideram-se os fatores externos (mercado, sazonalidades, tempestividades e outros) e os fatores internos (desmotivação, descontentamento, problemas de relacionamento e insatisfação com a rotina das atividades).

Vários princípios podem e devem ser aplicados hoje em dia, como salientou o próprio Fayol, com flexibilidade e adaptação de acordo com as circunstâncias. Mas é preciso reconhecer que esta teoria por si só não garante o sucesso de uma empresa nem a gestão adequada de pessoas.

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