Historia da Anatomia

1. INTRODUÇÃO

O surgimento da anatomia, ou ao menos, de suas raízes, teve início nos primórdios da humanidade. Gradualmente, os homens da idade da pedra passaram por grandes desenvolvimentos, principalmente na comunicação. Comunicação esta que era inicialmente gestual, mas evoluiu para sonora e foi sendo aperfeiçoada ao longo do tempo até chegar a uma espécie de fala. A necessidade de nomear diversas coisas, incluindo partes físicas próprias e de outros animais, deu origem ao que futuramente se tornou o estudo anatômico.
Embora tenha sido por motivos religiosos e não científicos, os egípcios tiveram grande importância para o estudo da anatomia. Eles acreditavamna vida após a morte, mas para isso era imprescindível que o corpo do falecido estivesse conservado para receber o retorno do seu espírito. Como consequência, foi desenvolvida a técnica do embalsamento ou mumificação, o caso mais antigo registrado do uso de cadáveres humanos. Principalmente por curiosidade e vontade de saber as causas das mortes, a exploração de corpos começou, levando ao aprofundamento do conhecimento morfológico. Após os Egípcios, os Mesopotâmios deram sucessão ao estudo, dando grande importância à parte veterinária, que ganhou destaque no código de Hamurabi devido aos cavalos, animais responsáveis pela maior força de trabalho e símbolo econômico das primeiras civilizações.
Na Idade Moderna, com o desenvolvimento de ideais quanto à renovação artística e intelectual, já havia uma preocupação maior em catalogar, registrar e difundir os conhecimentos adquiridos até então, o racionalismo e o crescimento como ciência requisitava uma maior organização e manutenção destes conhecimentos. Em razão da falta de meios para expandir as informações, cada centro cientifico da época criou seus próprios livros, dando relevância ao de Andreas Versalius, De Humani Corpus Fabrica, de 1543.
Com os avanços tecnológicos ao longo da história, a anatomia foi sendo mais desenvolvida, ganhando maior relevância e sendo base nos estudos dos cursos de saúde, especialmente na medicina. Constitui, de forma ampla, a ciência que estuda a forma e a estrutura dos seres e das coisas. A palavra Anatomia, deorigem grega, significa cortar o corpo em segmentos, (ana = em partes e tomia = seccionar), técnica que possibilita o estudo. Poucos sabem, mas a real finalidade da anatomia é compreender o sentido da morfologia e estruturação do corpo vivo, não apenas cadáveres, pois, para conhecer as mudanças fisiológicas e patológicas, há que se conhecer o normal (GETTY apud HERRICK, 1975). Daí o fato de estar associada diretamente com outros ramos, como, por exemplo, a fisiologia que depende totalmente da anatomia.

2. HISTÓRICO DA ANATOMIA

Diversas pessoas foram responsáveis por contribuir com conhecimentos importantíssimos na anatomia, e como uma ciência, ela esta sempre sendo inovada. Seu desenvolvimento no curso da evolução foi lento diante das condições precárias em tempos passados, mas seus primeiros estudos datam de pelo menos 500 anos antes de Cristo, avançando consideravelmente no século III na Alexandria com estudiosos como Herófilo e Erasístrato, que foram os primeiros a realizar dissecações humanas de modo sistemático.
Já no século II d.C., Galeno foi uma das mais notórias personalidades na história da anatomia, dissecando animais e aplicando os conhecimentos na anatomia humana. Descobriu que as artérias conduziam sangue e não ar (como se acreditava antes), também diferenciou os ossos com e sem cavidade medular, descreveu a caixa craniana, entre outras descobertas. Na Idade Média, porém, os estudos eram mais esquemáticos, sem o intuito didático.
Acredita-se que as guerras queocorreram em seguida, como as Cruzadas, impulsionaram a retomada do estudo anatômico, ainda que por fins práticos, já que o embalsamento era útil para o transporte dos corpos em curtas distâncias, mas não era suficiente para longos trechos. Era necessário também para elucidar a causa das mortes e a natureza de doenças diversas.
Durante a transição Idade Média/Idade Moderna surgiram alguns renascentistas que influenciaram na anatomia humana, dentre eles Leonardo da Vinci (1452-1519). Ele foi o primeiro artista que considerou a anatomia além da visão pictórica. Estudava cadáveres ilegalmente e fazia preparações para em seguida desenhá-las. Estas representavam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. A precisão de Da Vinci em suas obras era impressionante, a valorização correta da curvatura da coluna vertebral era uma delas.
Já Michelangelo Buonarotti (1475-1564) desenhava o corpo em modelos humanos vivos. Ele passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações e entendia que a anatomia estava subordinada à arte, compreendendo que sua utilidade para o artista era como um entendimento de si mesmo.
Albrecht Dürer (1471-1528), grande matemático, fez um tratado sobre as proporções do corpo humano, que só foi publicado após sua morte. Seu interesse pela anatomia era totalmente estético.
Andreas Vesalius (1514-1564), médico Belga e professor em Pádua, um dos maiores centros científicos da época foi o autor de um dos mais importantes livros da históriada medicina: o primeiro livro de anatomia humana. Vesalius comprovou que os sistemas não são iguais em todos os indivíduos. Embora fosse um seguidor da fisiologia galênica, ele desmentiu a existência dos orifícios de comunicação entre as cavidades cardíacas que Galeno afirmava existir.
A anatomia, como qualquer outra ciência, está em constante renovação, pesquisas são feitas e cada vez mais acontece o surgimento de novidades. Seu curso de evolução deu origem a vários outros ramos, se especializando de acordo com características. De forma ampla, pode-se dividir a anatomia em microscópica e macroscópica, a microscópica foi consequência do avanço tecnológico, e deu inicio aos ramos da citologia e histologia, tendo em vista que seria impossível estudar partes tão pequenas sem o uso de equipamentos específicos.
Já a parte macroscópica foi a primeira a surgir, em sua maioria não é necessário o uso de equipamentos. É o estudo das estruturas a olho nu. Um exemplo é a anatomia de superfície, que estuda a morfologia sem dissecar. A anatomia macroscópica apresenta duas grandes divisões, a regional, que é delimitada pelas grandes áreas corporais, como por exemplo, os membros, a cabeça, o tórax, o pescoço, entre outros, e a sistêmica, na qual a abordagem é feita de acordo com os vários sistemas do corpo, ligada intimamente à fisiologia. Ramifica-se à osteologia, sindesmologia, miologia, esplancnologia, angiologia, neurologia, aos órgãos de sentido e ao tegumento comum. A anatomia topográficaresponsabiliza-se para que as partes do corpo sejam descritas precisamente de acordo com os lugares que ocupam, para isso, expressões como superfície ventral, superfície dorsal, plano mediano, plano paralelo, plano transverso e entre outras são utilizadas. A anatomia sistemática e a topográfica, juntamente com a aplicada, formam os principais métodos de estudo.
A interdisciplinaridade é muito importante nos estudos, seja qual for a matéria ou área. A biologia e a história caminham intimamente interligadas, um exemplo foi dado na área da anatomia no qual a história explica o seu surgimento. Entretanto, a biologia participa da mesma maneira na história, utilizando o ramo da anatomia antropológica, que influencia a interpretação dos aspectos anatômicos de povos e grupos étnicos permitindo especulações mais precisas sobre sua biotipologia e, consequentemente, sobre características do modo de vida passado. Ademais, a biologia foi a base da arte. Da Vinci, em sua obra O Homem Vitruviano, assim como Michelangelo, em sua escultura Davi, exibem a dominação da anatomia artística humana.
Levando em consideração que a anatomia surgiu, principalmente, pela curiosidade, um dos ramos mais antigos pode ser o da comparação, utilizando características da estrutura morfológica e dos órgãos de indivíduos de espécies diferentes, fazendo observações sobre áreas comuns, áreas parecidas, particularidades ou diferenças notórias procurando compreender sua respectiva utilidade.
A anatomia biotipológica é o estudo dascaracterísticas individuais de construção do corpo humano. Nessa parte da anatomia, alguns conceitos como os de normalidade, anomalia, variação e monstruosidade são necessários. Normalidade é o que, estatisticamente, é mais comum, o que aparece na maioria dos casos. Anomalia é uma divergência do padrão morfológico que acarreta prejuízo funcional da estrutura atingida direta ou indiretamente. Já variação anatômica não acarreta prejuízo na função, pode ser uma variação simples como tamanhos diferentes de certas áreas corporais ou mesmo de algumas estruturas, como as veias. Alguns exemplos de variação são os de idade, sexo, raça, biótipo etc. Monstruosidade é um caso mais grave de anomalia, no qual é incompatível com a vida, um exemplo é quando não há formação do encéfalo.
A evolução tecnológica foi imprescindível pra certos ramos da anatomia, como já citado o microscópico. Porém, o da radiologia também está incluso nos ramos dependentes de equipamentos. Consiste em analisar o corpo humano mediante o uso de imagens de raios X, tomografias e ressonâncias magnéticas, e tem uma relação fundamental com a anatomia topográfica. Outra área que foi possível ser estudada graças à tecnologia foi a embriologia, movida pelo interesse de conhecer mais a fundo as transformações ao longo da formação e do desenvolvimento do organismo.

3. NOMENCLATURA

Por conta da dificuldade de comunicação em massa, em uma época em que não existiam tecnologias globalizadas, diversas pessoas nomearam as estruturasanatômicas enquanto as estudavam, criando assim uma grande variedade de termos para uma mesma coisa. Com o decorrer do tempo, isso se transformou num problema, tornando-se necessária a uniformização da nomenclatura, a fim de facilitar a interação e troca de informações entre anatomistas e, consequentemente, promover o avanço dos estudos.
Na Idade Média, em 1543, um professor chamado Andreas Vesalius que ensinava em um dos maiores centros científicos da época, Pádua, no norte da Itália, escreveu o livro De Humani Corpus Fabrica. Ele analisou os termos anatômicos existentes, fazendo uma manutenção de quais estavam corretos, quais estavam errados, quais deveriam ser mudados ou erradicados. Seu livro serviu de referência para todo o mundo civilizado, se tornando Andreas Versalius o pai da anatomia. Diversos livros foram publicados com o mesmo intuito de globalizar a nomenclatura, porém nunca foram aceitos absolutamente, e controvérsias surgiam por diferentes motivos.
Assim, até 1895 não havia nenhum acordo geral sobre a nomenclatura da anatomia de qualquer tipo, fosse humana ou veterinária. A partir desta data, no entanto, aconteceram várias Nominas Anatomicas com o intuito de minimizar as oscilações, sendo a primeira Nomina Anatomica Veterinária internacional publicada em 1968. O Comitê Internacional sobre Nomenclatura Anatômica Veterinária (C.I.N.A.V.) usou alguns princípios que estão em uso nas Nominas Anatomicas, tais como:
1. ”Fora um número muito limitado de exceções, cada estruturadeve ser designada por um único termo.”
2. ”Cada termo deve estar em latim na lista oficial, mas os anatomistas de cada país estão livres para traduzir os termos oficiais do latim para a língua de ensino.”
3. ”Cada termo deve ser, dentro do possível, o mais curto e simples.”
4. “Os termos devem ser fáceis de ser lembrados e devem possuir, acima de tudo, valores instrutivos e descritivos.”
5. “Estruturas que estão muito relacionadas topograficamente devem possuir nomes similares.”
6. ”Os adjetivos diferenciais devem ser geralmente opostos, como maior e menos, superficial e profundo.”
7. “Os termos derivados de nomes próprios (epônimos) não devem ser usados.”

Alguns exemplos de epônimos que foram regularizados:
Tendão de Aquiles: tendão calcâneo;
Pomo de Adão: proeminência laríngea
Aqueduto de Sylvius: aqueduto mesencefálico
Sulco de Rolando: sulco central
Trompas de Eustáquio: tubas auditivas
Trompas de Falópio: tubas uterinas
4. CONCLUSÃO

É indispensável o reconhecimento da importância da anatomia na história da medicina, tanto humana quanto animal em geral. Inicialmente motivado pela crença religiosa, depois por fins práticos ou mesmo pela curiosidade ou perfeição artística, o interesse humano pela composição, estrutura e funcionamento do organismo levaram diferentes práticos e grandes pensadores a buscar respostas em diferentes tipos de anatomias. Essa pesquisa intensa permitiu que o conhecimento sobre os corpos se ampliasse grandemente e trouxesse importantes avançosmédicos, como a descoberta das causas de morte, o efeito de determinadas doenças, descobertas de outras, formas de tratamento e até mesmo a realização de cirurgias orientadas por exames e conhecimento prévio das estruturas afetadas. Isso representou um grande marco na qualidade de vida e também na sobrevida após procedimentos cirúrgicos.
A anatomia, além de sua importância própria, serviu de base para inúmeras outras áreas de conhecimento, desde a fisiologia, citologia, histologia, embriologia, filogenia, entre outras. Longe de ser ultrapassada ou encarada apenas como um estudo primário para a compreensão dos demais ramos médicos, a anatomia é de importância ímpar na formação e atuação profissional. Não obstante, por ser uma ciência, a anatomia está passiva a sofrer constantes modificações de acordo com a evolução da tecnologia e a realização de novas descobertas. Assim, não pode ser considerada dogmática enquanto houver progressos e pesquisas em andamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

História da Nomina Anatomica. Disponível em: . Acesso em 06 abr. 2014.

LACERDA, C.A.M. Breve História da Anatomia. Disponível em: .Acesso em 06 abr. 2014.

RUBINSTEIN, E. Introdução à Anatomia. Disponível em: . Acesso em 06 abr. 2014.

SISSON, S., GROSSMAN, J.D. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol. 1. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.

TOSTES, V. Aulas de Anatomia. Rio de Janeiro. 2006. Disponível em: . Acesso em 06 abr. 2014.

1. INTRODUÇÃO

O surgimento da anatomia, ou ao menos, de suas raízes, teve início nos primórdios da humanidade. Gradualmente, os homens da idade da pedra passaram por grandes desenvolvimentos, principalmente na comunicação. Comunicação esta que era inicialmente gestual, mas evoluiu para sonora e foi sendo aperfeiçoada ao longo do tempo até chegar a uma espécie de fala. A necessidade de nomear diversas coisas, incluindo partes físicas próprias e de outros animais, deu origem ao que futuramente se tornou o estudo anatômico.
Embora tenha sido por motivos religiosos e não científicos, os egípcios tiveram grande importância para o estudo da anatomia. Eles acreditavamna vida após a morte, mas para isso era imprescindível que o corpo do falecido estivesse conservado para receber o retorno do seu espírito. Como consequência, foi desenvolvida a técnica do embalsamento ou mumificação, o caso mais antigo registrado do uso de cadáveres humanos. Principalmente por curiosidade e vontade de saber as causas das mortes, a exploração de corpos começou, levando ao aprofundamento do conhecimento morfológico. Após os Egípcios, os Mesopotâmios deram sucessão ao estudo, dando grande importância à parte veterinária, que ganhou destaque no código de Hamurabi devido aos cavalos, animais responsáveis pela maior força de trabalho e símbolo econômico das primeiras civilizações.
Na Idade Moderna, com o desenvolvimento de ideais quanto à renovação artística e intelectual, já havia uma preocupação maior em catalogar, registrar e difundir os conhecimentos adquiridos até então, o racionalismo e o crescimento como ciência requisitava uma maior organização e manutenção destes conhecimentos. Em razão da falta de meios para expandir as informações, cada centro cientifico da época criou seus próprios livros, dando relevância ao de Andreas Versalius, De Humani Corpus Fabrica, de 1543.
Com os avanços tecnológicos ao longo da história, a anatomia foi sendo mais desenvolvida, ganhando maior relevância e sendo base nos estudos dos cursos de saúde, especialmente na medicina. Constitui, de forma ampla, a ciência que estuda a forma e a estrutura dos seres e das coisas. A palavra Anatomia, deorigem grega, significa cortar o corpo em segmentos, (ana = em partes e tomia = seccionar), técnica que possibilita o estudo. Poucos sabem, mas a real finalidade da anatomia é compreender o sentido da morfologia e estruturação do corpo vivo, não apenas cadáveres, pois, para conhecer as mudanças fisiológicas e patológicas, há que se conhecer o normal (GETTY apud HERRICK, 1975). Daí o fato de estar associada diretamente com outros ramos, como, por exemplo, a fisiologia que depende totalmente da anatomia.

2. HISTÓRICO DA ANATOMIA

Diversas pessoas foram responsáveis por contribuir com conhecimentos importantíssimos na anatomia, e como uma ciência, ela esta sempre sendo inovada. Seu desenvolvimento no curso da evolução foi lento diante das condições precárias em tempos passados, mas seus primeiros estudos datam de pelo menos 500 anos antes de Cristo, avançando consideravelmente no século III na Alexandria com estudiosos como Herófilo e Erasístrato, que foram os primeiros a realizar dissecações humanas de modo sistemático.
Já no século II d.C., Galeno foi uma das mais notórias personalidades na história da anatomia, dissecando animais e aplicando os conhecimentos na anatomia humana. Descobriu que as artérias conduziam sangue e não ar (como se acreditava antes), também diferenciou os ossos com e sem cavidade medular, descreveu a caixa craniana, entre outras descobertas. Na Idade Média, porém, os estudos eram mais esquemáticos, sem o intuito didático.
Acredita-se que as guerras queocorreram em seguida, como as Cruzadas, impulsionaram a retomada do estudo anatômico, ainda que por fins práticos, já que o embalsamento era útil para o transporte dos corpos em curtas distâncias, mas não era suficiente para longos trechos. Era necessário também para elucidar a causa das mortes e a natureza de doenças diversas.
Durante a transição Idade Média/Idade Moderna surgiram alguns renascentistas que influenciaram na anatomia humana, dentre eles Leonardo da Vinci (1452-1519). Ele foi o primeiro artista que considerou a anatomia além da visão pictórica. Estudava cadáveres ilegalmente e fazia preparações para em seguida desenhá-las. Estas representavam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. A precisão de Da Vinci em suas obras era impressionante, a valorização correta da curvatura da coluna vertebral era uma delas.
Já Michelangelo Buonarotti (1475-1564) desenhava o corpo em modelos humanos vivos. Ele passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações e entendia que a anatomia estava subordinada à arte, compreendendo que sua utilidade para o artista era como um entendimento de si mesmo.
Albrecht Dürer (1471-1528), grande matemático, fez um tratado sobre as proporções do corpo humano, que só foi publicado após sua morte. Seu interesse pela anatomia era totalmente estético.
Andreas Vesalius (1514-1564), médico Belga e professor em Pádua, um dos maiores centros científicos da época foi o autor de um dos mais importantes livros da históriada medicina: o primeiro livro de anatomia humana. Vesalius comprovou que os sistemas não são iguais em todos os indivíduos. Embora fosse um seguidor da fisiologia galênica, ele desmentiu a existência dos orifícios de comunicação entre as cavidades cardíacas que Galeno afirmava existir.
A anatomia, como qualquer outra ciência, está em constante renovação, pesquisas são feitas e cada vez mais acontece o surgimento de novidades. Seu curso de evolução deu origem a vários outros ramos, se especializando de acordo com características. De forma ampla, pode-se dividir a anatomia em microscópica e macroscópica, a microscópica foi consequência do avanço tecnológico, e deu inicio aos ramos da citologia e histologia, tendo em vista que seria impossível estudar partes tão pequenas sem o uso de equipamentos específicos.
Já a parte macroscópica foi a primeira a surgir, em sua maioria não é necessário o uso de equipamentos. É o estudo das estruturas a olho nu. Um exemplo é a anatomia de superfície, que estuda a morfologia sem dissecar. A anatomia macroscópica apresenta duas grandes divisões, a regional, que é delimitada pelas grandes áreas corporais, como por exemplo, os membros, a cabeça, o tórax, o pescoço, entre outros, e a sistêmica, na qual a abordagem é feita de acordo com os vários sistemas do corpo, ligada intimamente à fisiologia. Ramifica-se à osteologia, sindesmologia, miologia, esplancnologia, angiologia, neurologia, aos órgãos de sentido e ao tegumento comum. A anatomia topográficaresponsabiliza-se para que as partes do corpo sejam descritas precisamente de acordo com os lugares que ocupam, para isso, expressões como superfície ventral, superfície dorsal, plano mediano, plano paralelo, plano transverso e entre outras são utilizadas. A anatomia sistemática e a topográfica, juntamente com a aplicada, formam os principais métodos de estudo.
A interdisciplinaridade é muito importante nos estudos, seja qual for a matéria ou área. A biologia e a história caminham intimamente interligadas, um exemplo foi dado na área da anatomia no qual a história explica o seu surgimento. Entretanto, a biologia participa da mesma maneira na história, utilizando o ramo da anatomia antropológica, que influencia a interpretação dos aspectos anatômicos de povos e grupos étnicos permitindo especulações mais precisas sobre sua biotipologia e, consequentemente, sobre características do modo de vida passado. Ademais, a biologia foi a base da arte. Da Vinci, em sua obra O Homem Vitruviano, assim como Michelangelo, em sua escultura Davi, exibem a dominação da anatomia artística humana.
Levando em consideração que a anatomia surgiu, principalmente, pela curiosidade, um dos ramos mais antigos pode ser o da comparação, utilizando características da estrutura morfológica e dos órgãos de indivíduos de espécies diferentes, fazendo observações sobre áreas comuns, áreas parecidas, particularidades ou diferenças notórias procurando compreender sua respectiva utilidade.
A anatomia biotipológica é o estudo dascaracterísticas individuais de construção do corpo humano. Nessa parte da anatomia, alguns conceitos como os de normalidade, anomalia, variação e monstruosidade são necessários. Normalidade é o que, estatisticamente, é mais comum, o que aparece na maioria dos casos. Anomalia é uma divergência do padrão morfológico que acarreta prejuízo funcional da estrutura atingida direta ou indiretamente. Já variação anatômica não acarreta prejuízo na função, pode ser uma variação simples como tamanhos diferentes de certas áreas corporais ou mesmo de algumas estruturas, como as veias. Alguns exemplos de variação são os de idade, sexo, raça, biótipo etc. Monstruosidade é um caso mais grave de anomalia, no qual é incompatível com a vida, um exemplo é quando não há formação do encéfalo.
A evolução tecnológica foi imprescindível pra certos ramos da anatomia, como já citado o microscópico. Porém, o da radiologia também está incluso nos ramos dependentes de equipamentos. Consiste em analisar o corpo humano mediante o uso de imagens de raios X, tomografias e ressonâncias magnéticas, e tem uma relação fundamental com a anatomia topográfica. Outra área que foi possível ser estudada graças à tecnologia foi a embriologia, movida pelo interesse de conhecer mais a fundo as transformações ao longo da formação e do desenvolvimento do organismo.

3. NOMENCLATURA

Por conta da dificuldade de comunicação em massa, em uma época em que não existiam tecnologias globalizadas, diversas pessoas nomearam as estruturasanatômicas enquanto as estudavam, criando assim uma grande variedade de termos para uma mesma coisa. Com o decorrer do tempo, isso se transformou num problema, tornando-se necessária a uniformização da nomenclatura, a fim de facilitar a interação e troca de informações entre anatomistas e, consequentemente, promover o avanço dos estudos.
Na Idade Média, em 1543, um professor chamado Andreas Vesalius que ensinava em um dos maiores centros científicos da época, Pádua, no norte da Itália, escreveu o livro De Humani Corpus Fabrica. Ele analisou os termos anatômicos existentes, fazendo uma manutenção de quais estavam corretos, quais estavam errados, quais deveriam ser mudados ou erradicados. Seu livro serviu de referência para todo o mundo civilizado, se tornando Andreas Versalius o pai da anatomia. Diversos livros foram publicados com o mesmo intuito de globalizar a nomenclatura, porém nunca foram aceitos absolutamente, e controvérsias surgiam por diferentes motivos.
Assim, até 1895 não havia nenhum acordo geral sobre a nomenclatura da anatomia de qualquer tipo, fosse humana ou veterinária. A partir desta data, no entanto, aconteceram várias Nominas Anatomicas com o intuito de minimizar as oscilações, sendo a primeira Nomina Anatomica Veterinária internacional publicada em 1968. O Comitê Internacional sobre Nomenclatura Anatômica Veterinária (C.I.N.A.V.) usou alguns princípios que estão em uso nas Nominas Anatomicas, tais como:
1. ”Fora um número muito limitado de exceções, cada estruturadeve ser designada por um único termo.”
2. ”Cada termo deve estar em latim na lista oficial, mas os anatomistas de cada país estão livres para traduzir os termos oficiais do latim para a língua de ensino.”
3. ”Cada termo deve ser, dentro do possível, o mais curto e simples.”
4. “Os termos devem ser fáceis de ser lembrados e devem possuir, acima de tudo, valores instrutivos e descritivos.”
5. “Estruturas que estão muito relacionadas topograficamente devem possuir nomes similares.”
6. ”Os adjetivos diferenciais devem ser geralmente opostos, como maior e menos, superficial e profundo.”
7. “Os termos derivados de nomes próprios (epônimos) não devem ser usados.”

Alguns exemplos de epônimos que foram regularizados:
Tendão de Aquiles: tendão calcâneo;
Pomo de Adão: proeminência laríngea
Aqueduto de Sylvius: aqueduto mesencefálico
Sulco de Rolando: sulco central
Trompas de Eustáquio: tubas auditivas
Trompas de Falópio: tubas uterinas
4. CONCLUSÃO

É indispensável o reconhecimento da importância da anatomia na história da medicina, tanto humana quanto animal em geral. Inicialmente motivado pela crença religiosa, depois por fins práticos ou mesmo pela curiosidade ou perfeição artística, o interesse humano pela composição, estrutura e funcionamento do organismo levaram diferentes práticos e grandes pensadores a buscar respostas em diferentes tipos de anatomias. Essa pesquisa intensa permitiu que o conhecimento sobre os corpos se ampliasse grandemente e trouxesse importantes avançosmédicos, como a descoberta das causas de morte, o efeito de determinadas doenças, descobertas de outras, formas de tratamento e até mesmo a realização de cirurgias orientadas por exames e conhecimento prévio das estruturas afetadas. Isso representou um grande marco na qualidade de vida e também na sobrevida após procedimentos cirúrgicos.
A anatomia, além de sua importância própria, serviu de base para inúmeras outras áreas de conhecimento, desde a fisiologia, citologia, histologia, embriologia, filogenia, entre outras. Longe de ser ultrapassada ou encarada apenas como um estudo primário para a compreensão dos demais ramos médicos, a anatomia é de importância ímpar na formação e atuação profissional. Não obstante, por ser uma ciência, a anatomia está passiva a sofrer constantes modificações de acordo com a evolução da tecnologia e a realização de novas descobertas. Assim, não pode ser considerada dogmática enquanto houver progressos e pesquisas em andamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

História da Nomina Anatomica. Disponível em: . Acesso em 06 abr. 2014.

LACERDA, C.A.M. Breve História da Anatomia. Disponível em: .Acesso em 06 abr. 2014.

RUBINSTEIN, E. Introdução à Anatomia. Disponível em: . Acesso em 06 abr. 2014.

SISSON, S., GROSSMAN, J.D. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol. 1. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.

TOSTES, V. Aulas de Anatomia. Rio de Janeiro. 2006. Disponível em: . Acesso em 06 abr. 2014.

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