Resenha do livro "Ensino: as abordagens do processo"

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.

No livro “Ensino: as abordagens do processo”, a autora Maria da Graça Nicoletti Mizukami apresenta algumas concepções de ensino que no decorrer dos anos que vão acompanhando o avanço da sociedade e também vão incorporando novos conhecimentos. Mizukami, apresenta algumas abordagens de ensino no qual ela separa-as, contextualiza-as e analisa-as criticamente. De acordo com a autora, o fenômeno educativo é “histórico e multidimensional. Nele estão presentes tanto a dimensão humana quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a sócio-política e cultural” (pág.01).

As abordagens tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sócio-cultural são analisadas a partir de conceitos considerados básicos para a compreensão de cada uma, em seus pressupostos e em suas decorrências: homem, mundo, sociedade-cultura, conhecimento, educação, escola, ensino-aprendizagem, professor-aluno, metodologia e avaliação.

O livro é dividido em seis capítulos, no qual são analisadas as seis abordagens de ensino:

Cap. 01 . Abordagem Tradicional

Na Abordagem Tradicional, o processo de ensino aprendizagem se fundamenta numa prática educativa que se dá na transmissão de conhecimentos através dos anos. Nesta abordagem, o homem é considerado como um ser acabado, uma tábua rasa, na qual são impressas, progressivamente, imagens e informações fornecidas pelo ambiente. O aluno é um receptor passivo até que, depois de receber todo o conhecimento, poderá transmitir a outros que ainda não os possuam, assim como pode ser eficiente em sua profissão, quando de posse dessas informações e conteúdos.

O mundo é externo ao indivíduo e este irá apossando-se gradativamente de uma compreensão cada vez mais sofisticada dele na medida em que se confronta com os modelos, com os ideais, as aquisições científicas e tecnológicas, os raciocínios e demonstrações, as teorias elaboradas através dos séculos.

Os tipos de sociedade e cultura na abordagem tradicional podem ser os mais variados utilização desse tipo de ensino, que visa a sua perpetuação, ao mesmo tempo em que a produção de pessoas eficientes que consigam impulsioná-las em direção a um maior domínio sobre a natureza, ampliando e aprofundando as áreas de conhecimento.

O conhecimento parte do pressuposto de que a inteligência seja uma faculdade capaz de armazenar informações. A atividade do ser humano é a de incorporar informações sobre o mundo físico, social, etc., as quais devem ir das mais simples às mais complexas.

A educação é entendida na maioria das vezes como instrução, caracterizada como transmissão de conhecimentos e restrita à ação da escola. Para muitos autores, inclusive Snyders, o modelo não é considerado como o contrário da originalidade, da individualidade, próprias de cada criança, mas condição indispensável para que ela desabroche.

A escola, nas concepções dessa abordagem, é o lugar por onde se realiza a educação, a qual se restringe, a um processo de transmissão de informações em sala de aula. Para a abordagem tradicional a escola não é considerada como a vida, mas, sim, como fazendo parte dela. O professor, por sua vez, será o mediador entre o aluno e os modelos.

A relação professor-aluno é vertical, sendo que o professor é considerado o detentor do poder decisório quanto à metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc.

A metodologia se baseia na aula expositiva como forma de transmissão de conhecimentos e nas demonstrações do professor à classe. A motivação para a realização do trabalho escolar depende de características pessoais do professor para manter o aluno interessado e atento.

A avaliação é realizada pela quantidade e exatidão de informações que se consegue reproduzir. O exame passa a ter um fim em si mesmo e o ritual é mantido.

A escola é considerada como o local da apropriação do conhecimento, por meio da transmissão de conteúdos e confrontação com modelos e demonstrações. A ênfase não é colocada no educando, mas na intervenção do professor, para que a aquisição do patrimônio cultural seja garantida. O indivíduo nada mais é do que um ser passivo.

Cap. 02: Abordagem Comportamentalista

Na abordagem Comportamentalista, o conhecimento é uma descoberta nova para o individuo. Os comportamentalistas ou Behavioristas consideram a experiência ou a experimentação planejada como a base do conhecimento. O conteúdo transmitido visa objetivos