Resenha do Livro: O que é Educação?

 

O livro O que é educação, escrito por Carlos Rodrigues Brandão, foi publicado pela primeira vez em 1981 chegando à sua 43a edição em 2003. Carlos Rodrigues Brandão é doutor em Ciências Sociais pela USP-Universidade de  São Paulo (1980) e pós-doutor em Antropologia pela UNPER-Itália (1992). Atualmente é professor visitante no Instituto de Geografia, como docente e orientador de mestrandos na Pós-graduação Mestrado/Doutorado em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Possui inúmeras publicações nas áreas da Educação, Antropologia, e Psicologia .

A obra em estudo possui, sem dúvida, pontos bastante vigorosos para o atual debate sobre a educação. Como Brandão afirma, não há uma forma única nem um modelo de educação, não é somente na escola que ela acontece, o ensino escolar não é exclusivo e nem o professor profissional seu único representante. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e o que se espera é a transformação de sujeitos e mundos em alguma coisa melhor.

A educação está presente onde não há a escola e por toda parte pode haver transferências de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criado um modelo de ensino formal e centralizado. Na espécie humana a educação não continua apenas o trabalho da vida. Ela se instala dentro de um domínio de trocas de símbolos, intenções, padrões de cultura e de relações de poder.

Por suas definições de educação, Brandão se tornou uma referência e é fundamentando-se em suas teorias, que ele afirma que a educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle do ensinar-e-aprender. O ensino formal se dá no momento em que a educação se sujeita à pedagogia (teoria da educação) e cria situações próprias para seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos e constitui executores especializados.

Reportando-se na história, o autor afirma que a educação do homem existe por toda parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo o meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. Como disse Paulo Freire (1975):

Ninguém educa ninguém, ninguém se educa. Os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo.

Brandão afirma, ainda, que não há apenas idéias opostas ou diferentes a respeito da educação e seus fins. Há sim, interesses econômicos, políticos que se projetam sobre a educação, pois, esta é a atividade criadora que visa levar o ser humano a realizar as suas potencialidades físicas, morais, espirituais e intelectuais. É um processo contínuo que começa nas origens do ser humano e se estende até à morte.

A educação atua sobre a vida e o crescimento da sociedade em dois sentidos; no desenvolvimento de suas forças produtivas e no desenvolvimento de seus valores culturais. Por outro lado, mostra que o surgimento de tipos de educação e a sua evolução dependem da presença de fatores sociais determinantes e do desenvolvimento deles e de suas transformações. Um pensamento muito corrente atualmente é o de que a educação é um dos principais meios para que haja mudanças sociais ou, pelo menos, é um dos recursos de adaptação das pessoas a um “mundo em mudança”.

Segundo Brandão, um outro nome para a educação pode ser até mesmo sugerido, quando se constata, por exemplo, que o rumo e a velocidade das transformações do mundo moderno exigem cada vez mais, de todos os homens, uma constante reciclagem de conhecimentos e uma contínua readaptação a um mundo que, afinal, ainda é sempre o mesmo e já é sempre um outro. Diz Pierre Furter:

… o domínio de uma profissão não exclui o seu aperfeiçoamento. Ao contrário, será mestre quem continuar aprendendo. (pág. 82)

Antes de se difundirem pelo mundo idéias de mudanças sociais e das políticas de desenvolvimento, a educação era vista como alguma coisa para preservar e conservar as tradições, os costumes e os valores de um povo, uma cultura ou uma civilização. Era tida como um direito da pessoa, ou como uma exigência da sociedade, mas nunca como um investimento. A educação da sociedade capitalista reproduz na moita e consagra a desigualdade social.

A educação atualmente vale como um bem de mercado e por isso, às vezes, custa caro. E, como diz: “ninguém escapa da educação”.

É preciso entender o verdadeiro sentido da Educação e o papel que esta exerce hoje em nossa sociedade. Não podemos aceitar o fato de que a educação só existe na escola formal tendo como representante máximo o mestre (professor profissional). A educação está presente em todos as nossas ações, na nossa vivência, enfim, na experiência de cada um. As pessoas não dependem de um professor para aprender. Elas aprendem através de suas relações e interações com o meio no qual estão inseridas.

Ao compararmos o texto de Rubem Alves, Tropeços da Inteligência, com a carta que os índios enviaram aos governantes da Virgínia e Maryland, percebemos claramente que a concepção de Educação e Inteligência varia muito, de acordo com as necessidades e interesses de cada um. Eis um trecho da carta:

“… aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.”

A educação não deve e nem pode ser usada para se entender as desigualdades sociais de uma nação, ela deveria ser para todos e de todos, afinal, ninguém escapa da dela.

O que é educação possui uma linguagem simples e acessível e se destina a todos os profissionais e discentes da área da educação.

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