O mercado de trabalho

Sumário
Introdução. 02
Primeira Parte

“O PASSADO”

O início do trabalho como organização. 03

O Início da era trabalhista. 03

Segunda Parte

“O PRESENTE”

A situação atual, desemprego. 04

Quais são as causas? 05

A falta de Instrução 06

Então, o que fazer? 06

Educação X Tecnologia 07

Flexibilização, funcionaria? 07

O quarto setor, a informalidade 08

Terceira parte

“O FUTURO”

Como será o futuro? O emprego morrerá? 09

O trabalho em casa. 10

A rede mundial, Internet. 10

O terceiro setor, os serviços. 11

A terceirização da velha economia. 12

Na falta de emprego, brasileiro vira empreendedor. 12

O quinto setor, o crime. 13

 

Conclusão. 14

Bibliografia. 15

Introdução

N

inguém pode descrever com exatidão como serão as relações trabalhistas dos próximos anos. A única certeza é que passarão por profundas alterações. A mudança será de tal porte que se constituirá na marca do começo do século que está por vir, simultaneamente causa e efeito dos novos patamares em que as atividades econômicas se colocarão.

Sem risco de exagero, pode-se dizer que o trabalho no século 21, começando já neste último ano do século 20, terá de ser visto sob uma ótica tão nova quanto aquela que surpreendeu o mundo na chegada da Revolução Industrial.

Basicamente este trabalho foi elaborado tendo em vista os antagonismos entre o passado, o presente e futuro do trabalho.

Abordando levemente o passado, pois sem ele não entenderíamos o futuro, nos remetemos à idéia de como toda esta complexidade de relações trabalhistas surgiu em nossa sociedade e no Brasil.O início da produção em larga escala, a era do protecionismo, novas leis que valorizaram os trabalhadores.

Em seguida temos o presente, ou pelo menos no momento em que escrevo, pois no mundo de hoje o presente quase não existe por causa da velocidade das transformações. Sendo assim não seria de muito espanto afirmar certamente que o desemprego é um dos flagelos mundiais da atualidade, inclusive no Brasil. Em síntese serão apresentadas as causas (tecnologia, competição, falta de instrução, etc.), o que se tem feito em vários campos, sejam eles bom ou ruins para o trabalhador.

Em fim, o futuro, que na verdade já está começando. Quem saberá realmente como será o futuro? Não sabemos com certeza, mas as novas tecnologias estão aí para nos dar uma pista, as relações de trabalho contra o emprego se intensificam, a tendência de sermos cada um uma empresa está cada dia mais forte e assim evoluímos (ou regredimos dependendo do ponto de vista).

Seria quase impossível abordar todos os assuntos relacionados ao tema, há material e assunto suficiente para escrever não só um trabalho, mas sim vários livros. Porém os assuntos mais importantes foram abordados, alguns com mais ênfase, outros de forma mais leve, mas o cuidado foi para que tenhamos o máximo, em uma ordem o mais simples possível.

A coletânea de informações e teses aqui organizadas e formuladas tem por objetivo sintetizar este tão complexo tema no qual sua grandiosidade não se restringe apenas à sua quantidade de assuntos, mas também a suma importância para cada um de nós seja lá quem somos.

Robson Tavares

Primeira Parte

“O PASSADO”

  1. O Início do Trabalho como Organização

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á cerca de 100 000 anos, tudo de que precisávamos para sobreviver era caçar e procriar. Depois, com mais ferramentas e armas, alcançamos certa organização no trabalho, e outras maneiras de sobreviver foram surgindo. As primeiras tecnologias de irrigação, há 12 000 anos, permitiram que as lavouras se fixassem, gerando excedente de alimentos, menos obrigações de caça e mais tempo para nos especializarmos em outras tarefas – como na mineração e na metalurgia. Surgiram as primeiras vilas, e nossas necessidades aumentaram, estimulando os esforços de massa e o aparecimento de líderes para planejar e controlar o trabalho. Construímos cidades, monumentos e templos e continuamos crescendo em quantidade de indivíduos e em qualidade de conhecimento. Dominamos técnicas de manufatura, desenvolvemos materiais, descobrimos novos mundos e sofisticamos nossas relações sociais e comerciais até o máximo – afinal, sempre acreditamos que estamos na fronteira, no limite entre o possível e o impossível.

O século 20 trouxe a boa nova da linha de montagem, o aumento da produtividade, o barateamento e a popularização dos produtos, mas também a desvalorização das habilidades de cada um no trabalho. Fomos salvos, como há 100 000 anos, por uma ferramenta – o computador -, que modificou profundamente nosso dia-a-dia. Mais uma vez, temos a impressão de estar no limite, no extremo do que é possível, do que é razoável. A coleção de artigos e reportagens que aqui se encontra foi elaborada para lembrar que isso não é verdade.

Estamos na iminência de uma revolução – que, aliás, antecede outra e outra, e assim por diante. Como nunca, em toda a História, precisamos nos preparar para o novo, para algo que não conhecemos e que chega cada vez mais rápido.

  1. O Início da Era Trabalhista Brasileira

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urante as primeiras décadas do regime republicano, o movimento operário brasileiro refletiu , em grande parte que acontecia na Europa . Foi o imigrante que vindo trabalhar como operário em nosso país que divulgou idéias organização operária e liderou no primeiro momento a luta dos trabalhadores.

O ano de 1917 foi um ano especial para o movimento operário em todo o mundo, foi o ano da revolução socialista na União Soviética. No Brasil o movimento operário se intensificou.

Tendo em vista tal poder de movimento, quando Getúlio Vargas tomou o poder em 1930 fez várias concessões à classe trabalhadora – salário mínimo, férias remuneradas, repouso semanal, indenização por dispensa sem justa causa, etc. Direitos estes conquistados com muito suor e sangue no passado e que eram considerados intocáveis após a conquista, e muito desta força se dava, como dito acima, pela presença constante das idéias socialistas que competiam de igual para igual com o sistema capitalista, sendo assim a máximas do capitalismo como a livre competição e a livre negociação esbarravam na possibilidade de que, se não fosse do agrado do povo, este povo poderia recair para o lado “vermelho”.

Sendo assim, a idéia paternalista caia bem em um mundo fechado onde a única competição era entre capitalistas e comunistas.

Segunda Parte

“O PRESENTE”

  1. A situação atual, desemprego.

N

os anos 90, as maiores taxas de desemprego foram verificadas em algumas regiões metropolitanas. Essa foi, diga-se de passagem, a pior década para o desemprego nos últimos cem anos. Em 1998 a taxa média brasileira foi de 8,3% da sua população desempregada. A situação melhorou muito pouco no ano seguinte, quando 8,2% das pessoas não tinham emprego formal, e em 2000 uma nova queda, que se fosse constante nos traria ânimo, porém com as crises externas e a crise de energia (racionamento e a eminência de “apagões”) já projetam elevação novamente nestes índices. Somente a indústria de transformação fez desaparecer 1,4 milhão de postos de trabalho, embora uma parte disso tenha migrado para o setor terciário.

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O Brasil, porém, não está sozinho. Em 1999, em todo o mundo havia 150 milhões de desempregados. Os brasileiros ocupavam terceiro lugar, com seus mais de 8 milhões de desempregados, vindo logo depois da Rússia, com 9,1 milhões, e da Índia, com 40 milhões. No início da década, a situação do país era melhor, pois estava no oitavo lugar, mas em 1997 já havia chegado ao quinto posto. Esses dados foram analisados no estudo “Desemprego na economia global: Dimensão, hierarquia e evolução no último quartel do século 20”, do economista Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho.

Podemos afirmar que a economia internacional hoje funciona da seguinte maneira. Nos últimos 25 anos, o comércio mundial subiu de meio trilhão de dólares ao ano para 6 trilhões. Os preços de muitos produtos industrializados também estão em queda, em função dos ganhos tecnológicos.

Uma calota feita para a indústria automobilística custava 9 dólares no começo da década. Produzida por novas máquinas, seu preço caiu para 3. Um metro de brim custava 6 reais há cinco anos. Com os novos teares, o preço baixou para menos de 4. Para sobreviver nesse ambiente, as empresas perderam a bandeira da pátria e ignoram fronteiras. Transformaram-se numa força impressionante. Há trinta anos, existiam 7000 multinacionais. Hoje, há 39.000, com 270.000 subsidiárias.

Essas empresas instalam suas fábricas onde o preço da mão-de-obra for mais barato e as normas que regem o sistema de emprego, mais flexível. Trocam peças entre suas subsidiárias, compram matéria-prima onde o preço estiver bom.

O Brasil ficou fora desse jogo por muito tempo. Tornou-se pesadão, lento. Agora é um dos competidores e tem de manter o corpo esguio e ágil. O desemprego é uma das fichas que se pagam para entrar no jogo internacional, mas não há alternativa. Do processo de globalização só escapam economias arcaicas, como a cubana. Os que entram na partida correm riscos e às vezes quebram como aconteceu com os Tigres Asiáticos, mas podem voltar à tona com certa facilidade, como ocorreu com o México depois de 1994. Já os que ficam de fora empobrecem e, no fim das contas, sacrificam muito mais suas populações.

A interligação das economias e a modernização das empresas têm efeitos diferentes entre os países. A Ásia balançou por problemas financeiros. A Europa e o Japão estão estagnados. Os Estados Unidos, após um período de pleno crescimento no qual diminuiu relevantemente sua taxa de desemprego, já dá sinais de fadiga, entrando em uma recessão. A situação do Brasil não é tão boa quanto a dos Estados Unidos, mas é menos grave do que em outras regiões no que diz respeito ao emprego.

A situação provocada pela abertura econômica e pela modernização da indústria ganhou contornos mais preocupantes depois que a crise na Ásia obrigou o governo a tomar medidas de esfriamento da economia. O Brasil, cuja bolsa de valores era a primeira em crescimento no mundo, que tinha indústrias como a automobilística e a de eletroeletrônicos expandindo-se a ritmo chinês, de um momento para outro caiu para um patamar zero de crescimento, com menos contratações e mais demissões. Além disso, o investidor estrangeiro tornou-se mais cauteloso.

As admissões timidamente que estão sendo efetivadas iriam continuar por mais algum tempo. Porém as expectativas novamente são esfriadas, pois com a atual situação de crise energética nacionalidade e a eminência de “apagões”, já se fala em crescimento da taxa de desemprego. Independente disso os analistas vêem o país como um território que será reconstruído. Haverá necessidade de mão-de-obra para recuperar estradas, expandir redes de energia elétrica, construir casas, porque falta tudo no Brasil, até mesmo redes de esgoto e sistemas de transporte ferroviário decentes, para não falar em construção de aeroportos, portos, redes de metrô.

Há setores em que a atividade econômica apenas começou, caso da telefonia celular ou da exploração, refino e transporte de petróleo, liberados pela lei que aboliu o monopólio da Petrobrás. Existe também o campo vasto e desperdiçado do turismo e das atividades de entretenimento. De acordo com um estudo da Bain & Company, consultoria empresarial americana com escritório em São Paulo, o emprego em atividades de entretenimento pode crescer 70% nos próximos dez anos, se as coisas se ajustarem e não tivermos mais sustos “de surpresa”. A própria modernização industrial, que está demitindo, é capaz de gerar empregos indiretos mais tarde, pois produzirá renda e consumo. “As tecnologias que economizam mão-de-obra provocam demissão onde ocorrem, mas podem criar oportunidades de trabalho em outras áreas em diferentes modalidades”, diz o economista José Pastore, um dos maiores especialistas em emprego e trabalho do país.

  1. Quais são as causas?

A

s novas exigências mordem de um lado. As máquinas e os programas de computador mordem do outro. No chão da fábrica, o operário viu a instalação do tear a jato, quinze vezes mais veloz do que a sua velha máquina. No dia seguinte recebeu o chamado do departamento de pessoal. A fábrica ficou melhor, mas ele procura uma colocação que parece cada vez mais rara. No escritório, o gerente do almoxarifado perdeu o lugar para um software que trabalha melhor e mais rápido. Uma loja funciona hoje com metade dos caixas se estiver equipada com leitores de código de barras. As pessoas lêem que a economia está melhor, mais produtiva, com preços em queda e bilhões de dólares aportando para erguer empresas e tudo isso é verdade. Do outro lado, vêem o facão operando sem parar. O novo padrão econômico mundial é de alta eficiência, baixo custo, tremenda competição. O Brasil mergulhou de cabeça nessa nova era a da internacionalização ou globalização da economia como foi dito anteriormente, muito rapidamente e ainda está com a pele ardendo.

O mergulho foi assustador. Se ele já não perdeu o emprego para um código de barras, está ameaçado por exigências desconhecidas. Querem que fale inglês fluente, pois o manual, o cliente ou o fornecedor é estrangeiro. Esperam, ou melhor, exigem que saiba lidar com computador, seja criativo, flexível, inquieto. Isso quando não perguntam ao candidato a uma vaga se ele, por acaso, teve a interessante experiência de viver alguns anos no exterior.

O mundo do trabalho sofre impactos de todos os lados. O país entrou em regime de privatização em 1991, com a venda da Usiminas. Conforme dizia o governo, não dava mais para carregar empresas deficitárias nem havia dinheiro para modernizá-las. Cerca de 50.000 pessoas perderam o emprego no processo de privatização das sete maiores estatais. Dez anos atrás havia 1 milhão de bancários. Sobraram 470.000. Ocorreu também a pancada da abertura comercial. De um momento para o outro, as importações subiram de 20 bilhões de dólares ao ano para um volume três vezes maior. Os produtos importados modificaram a economia de dois modos. Forçaram as empresas brasileiras a baixar seus preços (e seus custos) e devastaram setores sem capacidade de concorrência. As fábricas de calçados do Rio Grande do Sul empregavam 91.000 pessoas em 1993. Sob o impacto das importações, só restam 60.000 ocupados. Há seis anos, a indústria têxtil empregava 2,1 milhões de trabalhadores. Estarrecedor: pelas contas de hoje, 1,3 milhão de operários do pano foram para a rua nesse período.

O que mais sacrifica o emprego é a competição. De tudo o que se importa, cerca de 70% são novas máquinas, matérias-primas e componentes. A indústria brasileira passa por uma ducha de renovação como nunca se viu. Teve de se modificar para não desaparecer diante de produtos estrangeiros que surgiram no horizonte com preço muito mais baixo. E, muitas vezes, qualidade melhor.

  1. A Falta de Instrução.

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utro fator de extrema relevância é o que constata os números do IBGE, um retrato dramático da realidade do trabalhador brasileiro. Segundo o Instituto, 36 milhões de brasileiros em idade de trabalhar têm só o 1º grau completo ou nem isso. Essa população equivale a quase a metade de toda a força de trabalho do país e coloca para a sociedade um enorme problema. Para garantir a sobrevivência, muitos deles ainda conseguem emprego na economia informal com algum êxito. Para os outros, o horizonte é desolador. Isso porque as empresas, com a modernização, já não precisam tanto de força física, que é o que eles têm a oferecer se não forem educados. O Brasil ainda tem uma vantagem a oferecer a esses trabalhadores, por uma ironia de seu passado recente. Durante mais de uma década, o governo abandonou estradas, viadutos, deixou ruas se esburacarem. Assim que a economia voltar a crescer, isso tudo vai ser consertado e haverá trabalho para essa massa de gente. O problema é saber durante quanto tempo eles poderão sobreviver à custa desses serviços. E o desafio, para o país, é evitar que continue crescendo a população de subtrabalhadores.

O problema atual, criado pela economia remodelada, é justamente a geração de empregos. As vagas estão reaparecendo, como demonstram as contas da Fiesp, do Dieese, e a análise do Ipea. A questão é que uma massa enorme de desempregados não está apta a ocupá-las. Para quem só completou o 1º grau está difícil achar trabalho de qualidade apenas razoável. Isso fica evidente quando se investiga o interior dos índices de desemprego. Cerca de 90% dos que estão de braços cruzados não completaram o 1º grau. Para os que têm universidade, a dificuldade é muito menor. Apenas 3% dos desempregados têm formação universitária. E mesmo esses enfrentam desafios.

  1. Então, o que fazer?

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elos cálculos de José Pastore, para absorver a massa de desempregados já existente e arrumar trabalho para os candidatos que chegam ao mercado a cada ano – cerca de 1,5 milhão de pessoas –, a economia precisaria crescer ao ritmo de 5% ao ano, durante uma década. Além de investir maciçamente em educação, o qual foi um fator negligenciado durante décadas porque não se pensava nele como ingrediente econômico importante. Mas em matéria de crescimento o Brasil já foi um tigre e agora voltou a ser um jogador de respeito. Ajustou sua indústria, limpou o seu sistema financeiro, adaptou-se ao jogo econômico mundial, mas muito ainda se tem por fazer.

  1. Educação X Tecnologia

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uitos se apressam em dizer que a tecnologia só destrói empregos. Isso não seria verdade. Há países que usam intensamente as tecnologias modernas e, no entanto, apresentam taxas de desemprego muito baixas como os Estados Unidos (5,5%); o Japão, (3,2%); e os Tigres Asiáticos (2% em média). Por outro lado, países da Europa que fazem a mesma coisa, têm taxas escandalosas como a Alemanha (10%); a França (12%); a Itália (13%); a Bélgica (14%); e Espanha (23%).

Essas discrepâncias sugerem que, para conviver pacificamente com os seres humanos, as novas tecnologias exigem mudanças institucionais importantes – especialmente na legislação trabalhista e na educação. Quando a contratação e a dispensa são flexíveis – como nos Estados Unidos, Japão de Tigres – os estragos são bem menores. Quando se dá o inverso, como na Europa, o desastre é conhecido.

A “precarização do emprego” atinge quase 50% da nossa força de trabalho. Sim, porque além de investirmos pouco no setor produtivo, o Brasil tem uma legislação trabalhista não adaptada à realidade e nossos trabalhadores têm apenas 3,5 anos de escola, em média.

A qualidade da nossa força de trabalho é 14% menor do que a média da América Latina, 39% inferior a da Argentina e 45% mais baixa do que a média dos países desenvolvidos (IPEA/PNUD, Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, Brasília: 1996). Esse relatório conclui que “o principal determinante do menor nível de renda per capita do Brasil em relação aos países desenvolvidos é a menor qualidade relativa da força de trabalho brasileira” (pág. 27).

Nosso governo não é chegado a idéias de catástrofes (talvez por isso seja pego de “surpresa”). Mas, é preciso olhar atentamente para essa realidade a fim de se encaminhar medidas concretas para gerar mais postos de trabalho para o nosso povo, pois a tecnologia não perdoa.

A tecnologia e a globalização são inevitáveis. Nesse quadro, a educação é essencial para trabalhar – e o que vem sendo feito nesse campo é tão louvável quanto insuficiente e o que se fez até o momento foi irrisório frente ao tamanho do problema.

Tem que se agir com mais afinco e mais velocidade. A deterioração do quadro do trabalho é o estopim para a deterioração de toda a sociedade. Os sinais já são evidentes na marginalidade, corrupção e desencanto pelo país.

  1. Flexibilização, funcionaria?

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ados recentes do Ministério do Trabalho mostram que os trabalhadores com carteira assinada e integrantes do mercado formal da economia tiveram um ganho real de salários, depois do Plano Real, da ordem de 11% enquanto que os que não têm carteira assinada e fazem parte da grande parcela do mercado informal, tiveram um aumento real de 24% sendo que os autônomos chegaram a quase 40%.

Ou seja, os ganhos do pessoal que trabalha na ilegalidade crescem mais depressa dos que trabalham legalmente. Não é a toa que o mercado informal já chegou a 55% da nossa força de trabalho – o que é um número vergonhoso quando comparado com as nações mais avançadas que registram bem menos de 10% de pessoas trabalhando ilegalmente.

A reversão desse quadro é um problema complexo. Gerar empregos custa muito caro. No Brasil, os investimentos necessários para criar um posto de trabalho na década de 70, não chegavam a US$ 10 mil. Na década de 80, isso passou a US$ 15 mil e hoje ultrapassa a casa dos US$ 30 mil. Isso porque as novas tecnologias e os requisitos para proteção ambiental custam muito. Além do mais, a revolução tecnológica está permitindo aos seres humanos produzirem muito, com pouca mão de obra.

Além do problema dos investimentos, o Brasil enfrenta a extrema rigidez das nossas leis trabalhistas. Somos um país de tudo ou nada. Ou se contrata com todos os direitos ou se contrata sem nenhum direito. Mas o tema está longe de um consenso. Começa a surgir na literatura especializada à tese segundo a qual a Europa, a despeito do grande esforço de flexibilização legal que fez ao longo das décadas de 70-80, não consegue sair de taxas de desemprego que ultrapassam a casa dos 10%. Então, o que adiantou flexibilizar?

Entre os que condenam a flexibilização das leis trabalhistas, João Antônio Felício, secretário adjunto da Central Única dos Trabalhadores, é uma das vozes mais fortes. Ele entende que o modelo econômico adotado a partir dos anos 90 acabou repercutindo no mercado de trabalho. Assim, para tornar a produção nacional mais competitiva o empresariado precisaria reduzir seus custos de mão-de-obra e os encargos sociais, passando a exigir maior flexibilização das relações. Mas, segundo o sindicalista, a nova legislação não deve trazer benefícios ao trabalhador, assim como não aumentará a oferta de empregos nem estenderá os direitos trabalhistas conquistados para maior número de pessoas.

Defensores da flexibilização, como o sociólogo José Pastore, da Universidade de São Paulo, acreditam que uma parcela dos que hoje encontram dificuldade para entrar ou se recolocar no mercado de trabalho teria mais chances se as regras fossem outras. É que as empresas, com a aprovação dos sindicatos, poderiam passar a contratá-los com encargos sociais menos onerosos e mais flexíveis. Os contratos seriam mais realistas, na opinião do sociólogo, o que facilitaria a incorporação no mercado formal de trabalho de profissionais autônomos, subcontratados, terceirizados, etc.

  1. O Quarto Setor, a informalidade.

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vínculo de emprego é hoje bem diferente do que existia há não mais de dez anos, comenta Luiz Gonzaga Bertelli, do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Hoje, ele explica, os novos profissionais trocam a carteira assinada, que teoricamente garante aposentadoria e assistência médica oficiais, 13o salário, férias e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, por novos contratos, em que pesam mais as ofertas de seguro-saúde, plano de carreira, bônus salariais por desempenho, etc. “O mercado é de menos vínculo e mais terceirização”, resume.

Como uma parcela grande da população perdeu seu emprego formal a partir da primeira metade dos anos 90, sobrou-lhe a alternativa do trabalho informal – aquele sem carteira assinada, o famoso “por conta própria”, caracterizado por condições precárias de segurança e, muitas vezes, remuneração insatisfatória. Nos anos 90, para cada dez empregos criados, somente dois eram assalariados, com registro formal.

O resultado é que hoje se calcula que quase 60% da força de trabalho viva na informalidade. “Esse número é absurdamente alto, chega a ser obsceno”, admite José Pastore, para quem a expansão da informalidade sem a devida contrapartida de contribuição à seguridade social constitui um grave foco de déficit público que pode comprometer a economia.Hoje, de cada dez brasileiros, seis estão fora do sistema previdenciário, confirma o governo federal. De um total de 64,8 milhões de brasileiros que constituíam a população ocupada em 1997, apenas 27,9 milhões eram filiados à previdência. Entre os 23,8 milhões de trabalhadores por conta própria, o número baixa para 4,4 milhões de filiados.

Terceira Parte

“O FUTURO”

  1. Como será o futuro? O emprego morrerá?

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um número da Revista Fortune (19/09/94) fez um resumo dos estudos na área trabalhista para anunciar uma estrondosa revolução para o início do próximo milênio – tempo em que os empregos completarão o seu desaparecimento.

O quê os seres humanos vão fazer? Como ganharão a vida? Os referidos estudos mostram que o atual conceito de “emprego” refere-se a uma posição fixa, na qual a pessoa exerce uma atividade específica, de forma contínua, numa mesma empresa. é isso que vai acabar. O trabalho do futuro não terá nada de fixo, específico, contínuo ou concentrado numa empresa. Ao contrário. Com o avanço acelerado das novas tecnologias e com a individualização das demandas, as grandes empresas, com raras exceções, serão forçadas a atomizar sua produção, subcontratando atividades para pequenas empresas e para profissionais autônomos.

Nesse novo mundo, o trabalho será dispensado. Os trabalhadores deixarão de ser os “donos dos empregos”. Eles vão se transformar em provedores de serviços, engajados em projetos que terão começo, meio e fim. Nesses projetos, os seus colaboradores serão demandados a executar várias tarefas, à distância ou em locais diferentes e sempre com muita criatividade e periodicidade variável.

Isso atingirá também os chefes. Aliás, a chefia é uma categoria que já entrou num acelerado processo de extinção. No mundo da flexibilização do trabalho não haverá lugar para grandes hierarquias. Os trabalhadores multifuncionais vão se reportar uns aos outros. As informações serão amplamente disseminadas. Todos os que trabalham em determinado projeto conhecerão as virtudes e os limites das empresas, das tecnologias e dos seus companheiros.

O emprego vai morrer para a maioria dos trabalhadores. Estes trabalharão por contratos, em projetos finitos, junto a os mais variados grupos que demandarem seu talento. Terminado um projeto, eles passarão para outro, no mesmo ambiente ou em ambiente diferente. Alguns serão mais móveis; outros usarão intensamente a fibra ótica e outras formas de transmissão de idéias e comandos. Será o mundo do tele-trabalho. Todos serão mais donos do seu tempo.

E como ficarão as licenças, férias e aposentadoria? Já nas primeiras décadas do próximo milênio, tudo isso vai virar peça de museu porque, no novo mundo do trabalho, desaparecerá a relação de subordinação entre empregadores e empregados. Isso ocorrendo, desaparecerá quem concede licenças, férias e aposentadoria.

No Brasil, a morte do emprego vai demorar. Mas a preparação das novas gerações de trabalhadores tem de começar já. No novo mundo do futuro só haverá lugar para quem for educado. Os demais serão parias. O trabalhador desqualificado valerá cada vez menos. E não haverá lei, constituição, partido ou sindicato que venha a ter força para reverter essa tendência.

Da mesma maneira como a economia – e, por conseqüência, o universo do trabalho – vai se modificando com rapidez cada vez maior, também as carreiras profissionais são hoje, e sem dúvida continuarão sendo nos próximos anos, algo cada vez mais dinâmico. Queira você ou não, perceba ou não, sua vida profissional está em mutação. E, para que ela mude a seu favor, é fundamental antecipar os requisitos profissionais que estarão sendo exigidos daqui para frente, e que irão influir efetivamente nesse processo de mudanças.

  1. O Trabalho em casa.

S

erá que o trabalho é por natureza uma maldição bíblica da qual o homem nunca poderá se libertar? Estas são palavras do Professor Domenico De Masi, Sociólogo Italiano especialista em sociologia do trabalho, uns dos mais respeitados quando o assunto é futuro do trabalho.

Está frase dita acima pode soar de forma ruim aos ouvidos de um desempregado. Porém se este “desempregado” já pertence à nova onda, não se sentira ofendido, este saberá que “libertar-se do trabalho” significa estar apto a outros interesses, estar apto ao ócio, de uma forma conjunta ao trabalho amenizando-o e uma destas formas é o “tele-trabalho”, e saberá ele que se bem planejado o desemprego será algo corriqueiro.

Como a atividade profissional pode gerar felicidade? Para começar, deixando-se a pessoa cumprir suas funções em casa, com o que já se evitará o stress da locomoção casa-trabalho-trabalho-casa, quase sempre cansativa e demorada. Grande parte dos empregados, mesmo no setor industrial, diz o professor, “poderia ficar tranqüilamente em casa, bastando-lhe como instrumento de trabalho um telefone, um fax e um computador”. É essa a essência do teletrabalho, que “economiza tempo, melhora a produção e aprimora a qualidade de vida”.

A idéia vem do mercado americano, onde 18 milhões de pessoas já trabalham em casa em tempo integral e outros 16 milhões, em tempo parcial. No Brasil, o grande empecilho era a má qualidade da rede de telefonia. Agora, com a maior oferta de linhas e a crescente capacidade de transmissão de dados, algumas grandes companhias estimulam funcionários a trabalhar na própria casa. A Kodak já montou 120 escritórios domésticos. Na Shell, o trabalho a distância deu certo e deverá ser adotado por todo o departamento de vendas até o fim do ano. A Nortel está iniciando um projeto que prevê a permanência em casa de quase metade dos funcionários no Brasil. São iniciativas que apontam para uma renovação no conceito de escritório conforme se viu ao longo do século XX.

No setor de serviços, grande parte das funções pode ser transferida para o ambiente residencial. Na teoria, o método traz vantagens para todas as partes envolvidas. As empresas economizam com aluguel e os demais gastos de uma estrutura corporativa. O funcionário ganha a chance de estar mais perto da família e de ser dono do próprio tempo. Na prática, contudo, trabalhar em casa não é tão simples. Quem se afasta do convívio diário com os colegas pode sentir-se abandonado.

A Shell transformou em virtual todo o departamento de vendas, que abriga 300 dos 1.300 funcionários da empresa no país. Com o fechamento de nove escritórios regionais, restaram apenas os do Rio e os de São Paulo, este reduzido à metade. Montar cada escritório doméstico custa, em média, 15.000 reais, mas o investimento está sendo rapidamente recuperado.

Pesquisa realizada pela empresa AT&T nos Estados Unidos revelou que 73% dos profissionais que trabalham em casa consideram que a mudança melhorou a vida pessoal. Na canadense Nortel, apenas 3% dos 15.000 funcionários que passaram pela experiência em todo o mundo desistiram por falta de adaptação. Estudos americanos credenciam esse alto índice de aprovação à possibilidade de trabalhar na hora em que se deseja e de resolver problemas pessoais durante o expediente. O principal resultado disso tudo é o aumento de eficiência. “A produtividade de quem trabalha em casa é 30% maior”, afirma a coordenadora do projeto da Shell, Ellen Hartmann.

  1. A rede mundial, Internet.

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seria impossível hoje se pensar em tele-trabalho sem ela, a Internet. Segundo dados da Impacta, os negócios de e-commerce no Brasil devem gerar cerca de 1,6 bilhões de dólares em 2001 – número que deve alcançar 2,5 bilhões de dólares em 2002 e chegar a 3,2 bilhões de dólares em 2003. Se as contas estiverem certas, qual será o resultado desse crescimento para o mercado de trabalho? Nos próximos quatro anos, serão 80 000 novos empregos apenas na área de e-commerce. Acredita-se, portanto, que não faltará trabalho para profissionais altamente especializados em Internet, como e-business specialists (responsáveis pela parte comercial do site), webdesigners (visual do site), webwriters (redatores de conteúdo), gerentes de conteúdo interativo (editores de conteúdo) e arquitetos da informação (que determinam a maneira como a informação é apresentada no site).

Em outras palavras: por mais que se fale em empregos na Internet, é na velha economia que vamos continuar encontrando a maior quantidade de ofertas de trabalho. Mesmo que você passe a comprar suas roupas pela Internet, será preciso uma confecção para produzi-las. Nos Estados Unidos, país onde a metade da população tem acesso à Internet, somente 10% dos empregos estão em empresas da Nova Economia. Na Alemanha, apenas 5%. No Brasil os dados são inconsistentes, mas poucos pesquisadores sérios arriscam mais de 1%. O jornal americano The Wall Street Journal observou num artigo recente que a indústria continuará existindo no terceiro milênio da mesma forma que a agricultura persistiu ao longo da Era Industrial. E é essencial até hoje.

  1. O Terceiro Setor, Os Serviços.

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uem é o maior empregador privado do Brasil, com exceção do setor bancário? Quem pensou na Volkswagen, eterna campeã de décadas atrás, errou feio. O primeiro lugar atualmente é do Carrefour. A rede de supermercados emprega 47 000 pessoas. E na segunda posição desse ranking, quem aparece? O concorrente brasileiro Pão de Açúcar, com 45 000 empregados. O pódio se completa com o McDonald’s e seus 34 000 funcionários dos pontos-de-venda espalhados país afora. Mas e a Volks? Detentora da marca de 46 000 empregados na década de 80, ela hoje amarga o quarto lugar, com uma diferença de 19 000 funcionários em relação ao Carrefour.

O que é que isso tem a ver com conosco? Daqui por diante, muita coisa. Os dados citados acima dão uma noção exata do que tem acontecido no mercado de trabalho e do que ainda devem acontecer nos próximos anos. Enquanto o setor industrial sofre o impacto dos avanços tecnológicos, extinguindo funções e cortando mão-de-obra (vide gráfico abaixo), o setor de serviços – ao qual pertencem o Carrefour, o Pão de Açúcar e o McDonald’s – tem se mostrado um importante receptador de profissionais. É assim em todo o mundo. É em direção a ele que corre quem perdeu o emprego na indústria, quem está começando a dar os primeiros passos no mercado e também quem quer dar uma guinada na carreira.

Essa será uma das transformações marcantes da virada econômica. Com o emprego diminuindo na indústria, mas crescendo no setor de serviços, que já representa mais da metade do produto interno bruto, PIB. É uma tendência mundial. Nos Estados Unidos, que têm o maior parque industrial do mundo, 80% do PIB vem da área de serviços. É ela que está segurando parte dos demitidos da indústria brasileira.

A boa notícia é que essa proliferação de vagas já começou. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, de junho do ano passado a maio deste ano foram criados mais de 820 000 postos de trabalho no Brasil. Uma em cada duas novas posições foram geradas pelo setor de serviços. No campo das comunicações, estão pipocando ofertas de emprego. Até 2003, segundo cálculos da Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, as companhias de telefonia devem investir 60 bilhões de dólares em ampliação e melhoria das atividades. Tanto dinheiro circulando, mais a iminente liberação à concorrência, que deve acontecer a partir de 2002, significa, em médio prazo, a geração de pelo menos 100 000 vagas diretas no setor.

..\Economia\Veja 11-02-98 - Vc tem medo de perder o emprego_arquivos\economia9.gif Quem ainda não se convenceu do potencial de serviços deve prestar atenção em alguns números. No final de 2000, o setor de turismo terá impulsionado a criação de 192 milhões de empregos em todo o mundo, movimentando 3,6 trilhões de dólares, o equivalente a 12% do PIB mundial. No Brasil, o governo prevê investimentos da ordem de 650 milhões de reais, distribuídos em 24 programas de incentivo ao turismo nacional. Isso vai significar o surgimento de nada menos que 500 000 novos empregos.

No rastro desses serviços personalizados, terá vez todo tipo de atividade que facilite a vida do cliente. A Atento, a maior empresa de centrais de atendimento do Brasil, apostou todas as fichas na premissa da inovação. Hoje, destaca-se pelo volume e pelo nível de especialização dos funcionários. Não são todos, evidentemente, mas já há mecânicos oferecendo serviços de conserto de caminhões por telefone e analistas financeiros orientando correntistas de grandes bancos do lado de cá da linha.

Para garantir espaço nesse cenário, portanto, é fundamental ser extremamente qualificado, competitivo, dinâmico e em fina sintonia com a visão de futuro do empregador. É claro, e que ninguém duvide disso, que a tecnologia também está roubando alguns postos de trabalho no setor de serviços. Por enquanto, no entanto, a demanda por profissionais e a criação de empregos estão sendo muitas vezes maiores que a mordida de máquinas e sistemas computadorizados nas vagas do setor. Em serviços, ao contrário da indústria, a tecnologia abre espaço para contratações.

  1. A Terceirização da Velha Economia.

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raduzindo para a vida prática, as grandes fábricas poderão funcionar apenas como fiscais do processo produtivo. Em outras palavras, a indústria deverá terceirizar muitas de suas operações nos próximos anos. Isso significa migração de pessoal da fábrica para os parceiros. Aqueles que continuarem empregados serão supercapacitados. Eles serão os gestores de um novo tipo de indústria, na qual fornecedores entregarão módulos cada vez mais completos e a área comercial precisará vender produtos cada vez mais personalizados. Conclusão: por mais que daqui a uns anos as indústrias produzam de forma mais diversificada tecnológica, elas continuarão precisando de pessoas para tocar a produção. O mesmo vale para todo tipo de empresa da velha economia.

As empresas que sobreviverão nesse cenário serão as que incentivarem, desenvolverem e gerenciarem a criatividade dentro da organização. “Viveremos a época da inspiração”, completa Jair Pianucci, diretor de RH para o Brasil e Mercosul da Hewlett-Packard, empresa de tecnologia e computação. Segundo Melhores e Maiores, a HP é uma das empresas que mais crescem no Brasil: 108% em 1999. “A sobrevivência da empresa estará fundamentada totalmente no conhecimento”, diz Pianucci.

  1. Na falta de emprego, brasileiro vira empreendedor.

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London Business School, a consultoria Ernst & Young e o instituto Kauffman divulgaram recentemente uma pesquisa listando os países segundo a participação de empreendedores na sociedade. Com base em entrevistas realizadas com 800 especialistas e 43.000 pessoas de 21 países, o estudo organizou um ranking de nações. Em primeiro lugar da lista está o Brasil. Para Para efeito do trabalho, “empreendedor” é aquele que já montou, está montando ou se prepara para montar um negócio. E “negócio” para os pesquisadores tem um sentido amplo: vai do pequeno comerciante ao grande empresário.

Para cada oito brasileiros entre 18 e 64 anos, existe um empreendedor. O índice nacional supera o de países como os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá. A explicação para esse fato surpreendente, de acordo com os pesquisadores, encontra-se no estado da economia brasileira. Por aqui, lançar-se num negócio próprio não reflete necessariamente uma vocação empresarial nata. Os brasileiros, em boa parte, viram empreendedores porque estão desempregados e precisam encontrar um quebra-galho e essa variável aumenta a concentração de empreendedores no Brasil, jogando-o para o primeiro lugar. “É como se o resultado final para o Brasil, embora positivo, ainda se devesse aos motivos errados”, afirma o professor de administração Marcos Mueller Schlemm, do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade, que foi responsável pela coleta de dados da pesquisa no país. Nos Estados Unidos, a situação é outra. A maior parte dos que montam um negócio decidiu fazê-lo sem a pressão do desemprego. Ao fazer isso, costumam abrir empresas capazes de desenvolver tecnologias próprias.

  1. O Quinto Setor, o Crime.

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ão é de se espantar que as altas taxas de desemprego brasileiras estejam lado a lado de uma taxa também crescente, a da criminalidade. Muitos hoje estão neste mundo, ou melhor, sub-mundo e por que?

A tese é simplista: há alguns anos atrás o Brasil era um país tipicamente rural, porém com a tomada do crescimento industrial, a grande parte migrou para este setor, porém com o advento da tecnologia, grandes massas ficaram desempregadas e novamente mudando, agora para o setor de serviços o qual já também já está dando sinais de exaustão de vagas.

Não podemos deixar de dizer que a falta de qualificação do profissional quase sempre é o fator que proporciona está dança de setores. Pois bem, com o terceiro setor não dando mais oportunidades, tem-se o próximo: a informalidade. E quando esta não os comportam mais ou não dão os ganhos suficientemente esperados? Tem-se então o provável último setor da economia, a criminalidade, que gera lucros rápidos e altos.

O fator desemprego não pode ser considerado como fator único para criar um criminoso, claro que existem “n” fatores, desde o meio até a condição psicológica de cada um e não estou aqui dizendo que necessariamente isto tem que acontecer, mas não podemos fechar os olhos para esta situação que infelizmente acontece, e não se pode negar, apesar de não se saber ao certo o montante de movimentação monetária na economia nacional.

Principalmente em países como o Brasil, que não dão condições de erguer o cidadão mais pobre em prol de um trabalho digno, este setor tem tudo para se desenvolver, desde o mero contrabando ou sonegação até aos crimes contra o patrimônio e a vida.

E não adianta olharmos somente para nós e pensarmos que se sou bem instruído, falo outra língua fluentemente e tenho um MBA, minha vida está garantida; pois o quinto setor está aí em forte crescimento, que na proporção em que cresce poderá ser tornar um problema de estado ou até mesmo se tornar “o estado”, e então a sua garantia de vida estará perdida.

Conclusão.

Não é difícil chegar à conclusão de que o cenário é de inovação e a tendência é de mais e mais inovações, e cabe a nós nos prepararmos e estarmos atentos e extremamente ligados a tudo e a todo hora.

Sendo assim caminhamos para uma outra direção, para uma economia baseada no capital intelectual, em que as pessoas é que vão fazer a diferença do negócio. São elas que poderão gerar novos empregos, criando novas empresas. Dinheiro real será feito pelas empresas que investirem nas pessoas, em educação, em alta tecnologia. Quem não se adaptar estará fora do jogo.

E se estiver fora, a situação não será a das mais favoráveis, seria muito fácil para nós que temos acesso a informação dizer que basta nos instruirmos e nos qualificarmos que estaremos livres do desemprego, porém se até para nós a situação é difícil, imaginemos a do pobre cidadão, cujo grau de instrução é muito baixo e vive em um país que não lhe fornece a mão necessária para tirá-lo desta condição.

Então que fique aqui um alerta, como a crescente onda de desemprego não tenderá a cair e a queda de natalidade não poderá compensar estas taxas de desemprego, estes aspectos poderão gerar a longo prazo, se mantivermos este modelo de capitalismo selvagem, um cenário de desemprego avassalador e insuportável.

Se lembrarmos que sangrentas revoluções e ditaduras do passado tiveram a princípio como pano de fundo a precariedade de trabalho e sobrevivência de seus povos, estaríamos mais atentos a esta situação que talvez não seja hoje, não seja amanhã, mas algum dia poderá explodir de forma imprevisível.

FIM

Bibliografia.

Livro: DE MASI, D. O Futuro do Trabalho, 3º edição, Brasília DF , Ed. UnB 2000

Sites: www.ibge.gov.br

www.ipea.gov.br

www.josepastore.com.br

www.istoe.com.br

www.vocesa.com.br , 08/2000

www.veja.com.br , 11/02/98, 21/07/99, 21/06/2000, 05/04/2000

http://www.geocities.com/des2000x/ , Desemprego.

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO D JANEIRO

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