Hebreus, Gregos e Fenícios – Primórdios

1. Hebreus

Por volta de 2000 a.C., um povo que vivia em Ur, na Mesopotâmia, deixou esta cidade e seguiu na direção oeste, migrando para a região da Palestina. A intenção desse povo era buscar terras férteis para se desenvolver, um tipo de busca muito comum naquela época. O povo em questão eram os hebreus, que se dividiam em tribos formadas por clãs patriarcais que cultuavam suas divindades protetoras – portanto, ainda eram politeístas.

Os hebreus permaneceram cerca de três séculos na Palestina, até a ocorrência de uma violenta seca que devastou a região, provocando a morte de muita gente pela fome. Algumas tribos migraram para o Egito, estabelecendo-se no delta do Nilo. Quando chegaram, o Egito era comandado pelos hicsos, que aceitaram a presença dos hebreus, chegando a permitir a participação deles no governo.

Quando os hicsos foram expulsos pelos egípcios, mais ou menos em 1600 a.C., os hebreus passaram a sofrer perseguições, foram condenados a pagar altos impostos e acabaram sendo transformados em escravos. No total, os hebreus permaneceram por volta de 400 anos no Egito, sendo que mais da metade na condição de cativos.

A opressão só terminou quando Moisés — que fora encontrado pela filha do faraó num cesto boiando no rio Nilo e criado como um príncipe, até ser descoberta sua origem hebraica — liderou o povo hebreu na volta para a Palestina. A saída dos hebreus do Egito é conhecida como Êxodo e foi durante esse evento que eles adotaram o monoteísmo religioso, em substituição ao politeísmo.

Moisés e o povo hebreu permaneceram por 40 anos no deserto do Sinai.

A conquista de Canaã

Josué, sucessor de Moisés, concluiu a longa jornada chegando à Palestina. Porém, a terra estava ocupada por outros povos, como os cananeus e os filisteus. Foi necessário lutar para recuperar Canaã.

Saul foi o primeiro rei hebreu, escolhido por Samuel, o último dos juízes. Davi sucedeu a Saul que, segundo a Bíblia, derrotou Golias, o gigante filisteu, acertando-lhe uma pedrada lançada por uma funda. Em 966 a.C., quando da morte de Davi, os hebreus já possuíam um exército, uma administração e um governo centralizado. Tudo isso favoreceu Salomão, sucessor de Davi, a conviver com o período de apogeu da monarquia hebraica.

Mapa da Palestina na época dos hebreus. Região da Palestina.

A divisão política dos hebreus

Após a morte de Salomão, ocorreu a divisão da monarquia – conhecida como Cisma hebraico – em dois reinos: o de Israel e o de Judá. O reino de Israel situava-se ao norte, formado por dez tribos, e sua capital era Samaria. O reino de Judá situava-se ao sul, constituído por duas tribos e com capital em Jerusalém.

Em 722 a.C., o reino de Israel foi conquistado por Sargão II e transformado em província do Império Assírio. As dez tribos que compunham o reino de Israel desapareceram por completo, já que seus integrantes sobreviventes à invasão assíria foram absorvidos pela cultura do dominador.

Em 586 a.C., o reino de Judá, por sua vez, foi conquistado por Nabucodonosor, que destruiu o Templo de Jerusalém. Os judeus – descendentes dos hebreus que permaneceram vivos – foram levados como escravos para a Babilônia, dando início ao “Cativeiro da Babilônia”.

A escravização dos judeus pelos neobabilônios só terminou em 539 a.C., quando Ciro, imperador da Pérsia, conquistou a Babilônia e libertou os judeus, que retornaram à Palestina e reconstruíram o Templo de Jerusalém; contudo, a Palestina ficou como parte integrante do Império Persa. Em 332 a.C., quando os persas foram dominados por Alexandre Magno, os macedônios passaram a controlar a Palestina.

A Diáspora

Em 63 a.C., foi a vez dos romanos dominarem a Palestina. A região foi conquistada por Pompeu e transformada em província romana, cujo nome era “Província da Judeia”.

Em 70 d.C., os romanos sufocaram uma revolta dos judeus e, mais uma vez, o Templo de Jerusalém foi destruído. Em 73 d.C., ocorreu o suicídio em massa dos judeus que resistiam na fortaleza de Massada, sendo este o último foco de resistência dos judeus contra os romanos. A partir de então, os judeus foram expulsos da Palestina, dando início à sua dispersão pelo mundo, evento conhecido como Diáspora.

O povo judeu se tornou, então um povo sem território por mais de 1.800 anos! Durante esses dezoito séculos, muitas coisas aconteceram na Palestina. No século VII, dois séculos após o fim do Império Romano do Ocidente, a região foi dominada pelos árabes convertidos ao islamismo, religião monoteísta iniciada por Maomé na Península Arábica. Desde então, a Palestina se tornou um reduto muçulmano e chegou assim até o século XX, quando o fim da Segunda Guerra imprimiu uma nova situação política para a região.

Criação do Estado de Israel

Em 1948, a Assembleia Geral da ONU, sob o impacto do Holocausto – genocídio provocado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, que matou mais de 6 milhões de judeus – criou oficialmente o Estado de Israel na Palestina. Assim, o povo hebreu, agora conhecido como judeu, estava de volta à “Terra Prometida”. E, assim, nascia uma guerra que continua até hoje e que mistura conflitos religiosos com a disputa por terras. Infelizmente, trata-se de uma guerra que promete se arrastar ainda por um longo tempo.

2. Gregos

Inicialmente a região que conhecemos por Grécia tinha uma população autóctone, os pelasgos. Pouco se sabe sobre essa primeira ocupação de terras da península Balcânica, pois os estudos mais significativos nos informam a respeito do deslocamento de povos de origem indo-europeia, grupos arianos, que, em levas sucessivas, deram os contornos daquilo que denominamos civilização grega.

A história das migrações dos povos arianos se encontra na primeira fase da história da Grécia, o período Pré-Homérico. Nessa fase, aqueus, eólios e jônios disputaram os territórios da região balcânica e organizaram núcleos vários que se comunicavam, mas preservavam sua autonomia.

A fase Pré-Homérica se iniciou por volta do século XX a.C. e se estendeu até o século XII a.C., quando a última grande onda invasora ariana aconteceu, a invasão dos dórios. Assim, quando falamos dos gregos, devemos considerar estes quatro grupos principais: aqueus, eólios, jônios e dórios.

Minoicos e micênicos

As civilizações minoica e micênica, que existiram no período Pré-Homérico, estão entre aquelas que mais forneceram elementos para a gestação do mundo grego.

A primeira também é conhecida como civilização cretense, tendo por centro de poder a cidade de Cnossos, na ilha de Creta. Muitos autores afirmam que a Europa teria nascido na ilha de Creta, pois naquele espaço foi engendrada uma cultura que valorizava o homem, os seus feitos e sua relação diferenciada com os deuses, tornando-se aquilo que conhecemos como a base da civilização ocidental (europeia).

Houve uma invasão de habitantes da região balcânica sobre a ilha de Creta por volta do século XV a.C. Os invasores eram constituídos pela população micênica, uma civilização que se desenvolveu mais ao sul da região balcânica, no Peloponeso.

O principal centro de poder foi a cidade de Micenas. Os micênicos construíram uma história de poder e glória entre os séculos XVII e XII a.C., desenvolveram a metalurgia do bronze e uma cultura guerreira muito distinta da que havia marcado a civilização minoica (cretense), pois esta possuía um conteúdo mais pacifista.

Mapa da Grécia antiga. O mundo grego Pré-Homérico

Os micênicos, em sua movimentação militar, apoderaram-se da planície do Peloponeso, submeteram populações e realizaram construções monumentais de guerra, verdadeiras fortalezas que, mais adiante, foram atribuídas, na mitologia grega, aos ciclopes, como se fossem construções sobre-humanas dada a sua grandiosidade arquitetônica.

Boa parte da mitologia, dos valores compartilhados por aqueus, eólios, jônios e dórios foi desenvolvida pelas civilizações micênica e minoica. Devemos compreender que a composição do mundo grego ocorreu neste período e teria se encerrado, em termos populacionais, com a chegada dos dórios no século XII a.C.

A invasão dória provocou mudanças sensíveis naquele universo já constituído de relações, pois muitos grupos humanos fugiram à investida dória. Houve uma fuga de populações para outras áreas, novas colonizações foram realizadas e aquele espaço de relações foi ampliado para outras terras da bacia do Mediterrâneo.

Outros períodos

A invasão dória determinou o fim da fase Pré-Homérica e o início do período Homérico (do século XII a.C. ao VIII a.C.). O Período Homérico inicialmente conheceu uma regressão em termos de organização da política, pois a desestruturação dos centros de poder abriu caminho para estruturações mais simplificadas e limitadas em número de pessoas, denominadas genos.

As comunidades gentílicas possuíam poder patriarcal, eram uma espécie de organização familiar em que a produção conseguida era repartida entre seus integrantes, não havendo, num primeiro momento, a propriedade privada.

Este é um período obscuro da história grega, porém algumas luzes foram lançadas por duas obras atribuídas ao poeta Homero, Ilíada Odisseia. Embora sejam obras literárias produzidas provavelmente no século VIII a.C., elas nos dão pistas de como viveram os homens entre os séculos XII a.C. e VIII a.C., pois os enfrentamentos entre gregos e troianos teriam ocorrido no século XII a.C., momento da primeira diáspora. Daí os historiadores nomearem o período como Homérico.

A história da Grécia Antiga ainda é dividida em três outras fases – além da Pré-Homérica e da Homérica: Arcaica (do século VIII a.C. ao VI a.C.), Clássica (do século VI a.C. ao IV a.C.) e Helenística (do século IV a.C. ao II a.C.).

Os períodos Arcaico e Clássico são considerados, respectivamente, o de organização e o de esplendor do modelo político das cidades-Estado. Isso significa dizer que cada cidade grega possuía autonomia político-administrativa, era um centro de tomada de decisão independente.

3. Fenícios

Localizada onde hoje está o Líbano, a Fenícia não possuía grandes rios que pudessem favorecer a agricultura e a criação de animais, a exemplo do Egito, da Mesopotâmia e até mesmo, em menor escala, da Palestina. Isso fez com que desde cedo os fenícios desenvolvessem a navegação para a pesca, principal atividade econômica no início de sua história.

A necessidade de matérias-primas para a sua produção artesanal de armas, jóias, vasilhas, vidros transparentes e tecidos – principalmente o de púrpura, conseguido com o tingimento obtido de um molusco –, levou os fenícios a aperfeiçoarem a construção naval. Como consequência, transformaram-se nos maiores e melhores navegantes e comerciantes marítimos da Antiguidade Oriental, substituindo o importante comércio marítimo praticado pelos moradores da ilha de Creta.

Mapa da Fenícia. Fenícia.

Provavelmente, a concorrência comercial e as montanhas tenham sido fatores explicativos para o não surgimento de um Estado unificado entre os fenícios. As cidades, quando surgiram, eram independentes e continuaram independentes, isto é, cidades-Estado. As mais importantes foram Biblos, Sídon, Tiro e Ugarit.

Os regimes políticos variavam, porém, o mais constante era o poder de uma oligarquia mercantil constituída de ricos comerciantes e construtores de barcos. Damos a esse tipo de governo o nome de talassocracia (em grego, “governo dos que controlam o mar”).

Além dos comerciantes, os sacerdotes também usufruíam grande poder político. Os templos concentravam grande parte das propriedades agrárias e recebiam contribuições da população, numa demonstração de seu poder. Como a maioria das civilizações da Antiguidade, os fenícios eram politeístas, o que justificava a presença e a força dos sacerdotes.

O apogeu da Fenícia se deu entre os séculos XIII a.C. e VII a.C. Muitas vezes, suas cidades-Estado conseguiam evitar ataques invasores pagando pesados resgates. Porém, algumas vezes, isso era impossível e o ataque e posterior invasão se consumavam. A partir do século VII a.C., a Fenícia foi invadida sucessivamente pelos assírios, babilônios e persas. Em IV a.C., Alexandre Magno conquistou e dominou todas as cidades-Estado fenícias, provocando o fim dessa civilização.

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