HEBREUS

HEBREUS, GREGOS E FENÍCIOS

PRIMEIRA PARTE: OS PRIMÓRDIOS

Extraído de Arthur Franco, A IDADE DAS LUZES, WODAN, 1997, P. Alegre, Brasil

2950 a.C. – Fo-Hi, um dos grandes iniciados hindus, é encarregado de levar a reforma espiritual à China. Continuando o trabalho de Krishna e sendo integrante do chamado Conselho dos Deuses, Fo-hi adapta a sabedoria de Krishna à cultura chinesa. Sua característica é mais prática que purista, do ponto de vista espiritual. Sua obra monumental foi feita em 5 livros, inteligíveis apenas para os que realmente foram iniciados nas suas origens. Adotando o nome de Reis, assim como fez a Bíblia, tornaram-se ao mesmo tempo populares pelas qualidades adivinhatórias, sempre acessíveis ao interesse do vulgo. Os Kings ou Chings são: I-Ching, Chu-Ching, Chi-Ching, Li-Ching e Yo-Ching. O primeiro se tornou mais conhecido, baseado nas leis cósmicas, serviu de modelo e inspiração a futuros filósofos chineses. A qualidade profética e popular da obra foi uma versão chinesa das profecias délficas e sibilinas, dos vários Tarots e das atuais cartas do baralho, perpetuando os mistérios na mente popular.

2900 a.C. – Segundo os historiadores antigos, a cidade de Sidon, na Fenícia, remontaria a esta data.

2900-2500 a.C. – Período de Uruk, a mais poderosa cidade suméria. A fundação de Uruk é magnificamente retratada no poema babilônico A Ascensão de Ichtar. Durante uma assembléia de deuses Anu (o Céu), que estava eufórico, deu a Ichtar (Inanna) preciosos vestidos e colares, além de “Forças Divinas“. Inanna vem de E-anna, que significa “Casa Celeste”, numa clara alusão à Casa – manifestação material do Signo, a contraparte feminina do Pai, a Mãe. Anu diz que “Graças ao meu Poder quero dar a Ichtar, à minha filha pura, o domínio, a divina Essência e a Coroa; quero dar-lhe o Trono real, o alto cetro, o sublime templo“. Ichtar, a pura, aceitou tudo. Recuperado da embriaguez, Anu tentou por todos os meios retomar os bens, mas Ichtar, defendendo-os habilmente, instalou-se em seu novo templo, em Uruk. Lá construiu um templo a Dumuzi, seu amante (na verdade Dumuzi-Apsu ou o “Filho Legítimo de Apsu“).

Apsu é a personificação do Abismo, do Caos Primordial. Segundo a lenda, Dumuzi era um valente rapaz que um dia, ao afundar com seu barco, desceu ao inferno. Lá chegando, os espíritos o detiveram como prisioneiro. Neste episódio desenrola-se um dos mais belos poemas babilônicos: A Descida de Ichtar aos Infernos. Quando Ichtar vê que raptaram seu amante, vai desesperada e agressivamente bater no portal dos infernos para resgatá-lo, em Arallu, a cidade dos mortos. Vai ter com Erechquigal, sua irmã e rainha dos infernos. Ela deixa Ichtar passar mas, atendo-se às normas, desde a primeira “porta-dupla” vai despojando Ichtar de todas as suas vestes: primeiro a coroa, depois os brincos, o colar, o peitoral, a cinta, os braceletes e por último, na sétima porta dupla, a veste. Como todos os que se apresentam à rainha, Ichtar vai completamente nua. Elas brigam e a rainha arremessa Ichtar às sessenta doenças.

Enquanto isso, na terra, com o desaparecimento de Deusa da Fertilidade, a vida amorosa extinguiu-se totalmente. Os animais não se acasalaram, os homens não procuram a esposa nem a amante. Pela intercessão de Ea (ou Enquil), deus da Terra, que tinha certa jurisdição sobre o subsolo, Erechquigal decide libertar Ichtar aspergindo-lhe a “Água da Vida”, curando-a dos males e devolvendo-a a Uruk com todos os adereços originais. Seu amante consegue permissão para retornar, mas Ichtar deve, a cada verão, quando o grão é ceifado, deixar Dumuzi ser levado por sete demônios, que o levam a Arallu até a próxima primavera. Dumuzi tornou-se o popular “Senhor dos recintos e dos rebanhos”. Todo o ano representações da saga eram feitas pelo povo, com o retorno de Dumuzi ao tálamo adornado, situado no E-anna. A cerimônia era representada pelo rei (Dumuzi) e pela Grande Sacerdotisa (Inanna), celebrando o início da primavera, o ano novo sumério. Este mito propagou-se pelos hebreus e pelos gregos, onde o trono de Adônis era disputado por Vênus e Prosérpina.

O CULTO A ICHTAR E OS BENJAMITAS
É muito importante termos em conta esta lenda para entendermos a destruição da tribo de Benjamim 1500 anos depois. A destruição dos cultos à Mãe, com o monoteísmo patriarcal, não poderia ter ocorrido sem que se torna-se estéril a criação. Na profundidade, esta narrativa representa a vinda do Messias Moisés (Marte) e a necessidade de permanência dos cultos à Mãe (Vênus).

A lenda de Ichtar e da saga hebraica dos benjamitas está repleta de alusões à relação feminino-venusina, seja pela sua designação como Casa do Céu (a Casa é a Mãe e o Céu é o Pai), pelas 60 pragas (6 é o número superior de Vênus), os 7 demônios (7 é o número alquímico de Vênus), pelos 600 Benjamitas que sobreviverão, mas que não podiam ter filhos. Significa que Marte sempre deve estar associado a Vênus, sob o risco da esterilidade da terra e da vida como um todo. Nos signos esta representação é feita pela associação de signos opostos, segundo a analogia e harmonia dos contrários. Aries e Escorpião (regidos por Marte) tem por signos opostos Libra e Touro (regidos por Vênus), respectivamente. Assim Moisés (filho de Marte) trouxe a lei hebraica para ser equilibrada e completada por Jesus (filho de Vênus). Moisés sabia disso quando deu sua bênção aos filhos de Israel:

“Disse também a Benjamim: o muito amado do Senhor habitará nele confiadamente: morará como em tálamo nupcial todo o dia, e descansará entre seus braços.” (Deuteronômio 33:12)

Este desígnio foi esquecido por Israel quando as onze tribos se juntaram para acabar com a tribo de Benjamim, proibindo as mulheres de casar com seus filhos (vide ano 1150 a.C.). Justamente a eles, os benjamitas de longos cabelos, será confiada Jerusalém, a Casa, a Mãe, sede do Altíssimo, representada pelo Templo.

2750 a.C. – Período em torno do qual deve ter reinado o lendário Guilgamesh, rei de Uruk que inspirou o famoso épico que leva seu nome. É retratado como o quinto rei de Uruk, sucedendo aos míticos Lugalbanda e Dumuzi. Deve ter vivido cerca de 126 anos, pela genealogia. Na Epopéia de Guilgamesh é relatado um dilúvio, que bem pode ser situado em 4000 a.C., segundo as evidências geológicas.
2720 a.C. – Segundo Heródoto, Tiro (a bíblica Filha de Sidon) remonta a esta época.
2550-2250 a.C. – Período de Tróia II, quando então serviu de residência real. Foi um dos primeiros lugares onde existiu o trabalho em bronze, ouro e prata em grandes quantidades. Pelo visto, parte do tesouro encontrado por Schliemann em 1873 pertencia a esta época. Supunha-se, inicialmente, que fossem de Príamo os mais de 12 mil objetos de ouro, jóias, colares, alfinetes e vasos encontrados. Com o final da Segunda Grande Guerra, em 1945, estes objetos foram parar em Moscou. A famosa cidade mítica da Ilíada de Homero estava situada 3m acima nas escavações, tendo sua construção estimada em torno de 1700 a.C.. Era a maior e mais suntuosa de todas as descobertas até então.
2500 a.C. – Registro dos primeiros cretenses na Ilha de Creta. Suas origens ainda nos são desconhecidas. Os Minóicos adoravam uma deusa-mãe, cujo símbolo era o machado com dois gumes, chamado labrys. Seu nome lembra a lenda de Teseu e o Minotaurus, o Touro (símbolo da Mãe Terra) de Minos. De acordo com a lenda, Daedalus construiu o labirinto para Minos para abrigar o Minotaurus devorador de homens. Depois da conquista, os gregos absorveram essas lendas.
2500 a.C. – Evidências arqueológicas reconhecem, no vale do Indo, uma civilização urbana comparável à do Egito e Mesopotâmia nesta época, principalmente em Harappa e Mohenjo-Daro.

2350 a 2250 a.C. – Período da civilização de Ebla, descoberta em 1968 por arqueólogos italianos em Tell Mardikh, ao sul de Alepo, na Síria. Escritos datando desta era foram encontrados nos arquivos do palácio, em escrita cuneiforme adaptada à escrita eblaíta, em vias de ser decifrada. Os textos têm equivalência de termos sumerianos, tal qual a Pedra da Roseta. Ebla, estima-se, deve ter tido uma população de 20 a 30 mil habitantes, muito grande para a época. Foi vassala de Alepo até 1600 a.C., quando capitulou ante os hititas de Hatusil I e Mursil I. Inscrições sumérias e acádicas do terceiro milênio a.C. referem-se a Ebla como poderosa e próspera. Segundo elas, Ebla teria sido dominada entre 2340-2300 por Sargão, de Acádia, e mais tarde por seu neto, Naram-Sin, em 2250-2220.

2300 a 2000 a.C. – Muitos assentamentos na Grécia são destruídos, parece, por invasores da Anatólia falando uma linguagem que, provavelmente, se tornou o grego. 2100 – Segundo os antigos, época do reino de Belo. Segundo a história, Belo foi estabelecer uma colônia na Babilônia, levando consigo o sacerdócio ao modo dos egípcios. Ele nascera de Líbia e de Netuno, isto é, filho de uma africana e de um habitante vindo do mar. O culto de Belo, Bel ou Baal estava no princípio identificado ao deus Sol, à semelhança da cultura americana. 2100a1600 – A população grega recupera-se gradualmente, em grupos e instituições culturais. No final do período Micenas era um estado próspero e poderoso, comandando uma fértil planície no sul da Grécia, familiarizados com o cavalo embora sem montá-lo, e comercializando com os Cicládicos e com Creta.

A história da Grécia Antiga começa entre 1900 e 1600 a.C.. Neste tempo, os Gregos ou Helenos, como chamavam a si mesmos, eram simples pastores nômades. Sua linguagem mostra que pertenciam a um braço dos povos indo-europeus. Vindos de campos a leste do mar Cáspio, mandavam seus rebanhos e manadas à sua frente. Entraram na península pelo norte, grupo após grupo.

OS AQUEANOS DE CABELOS LONGOS E AS TRIBOS SEMITAS
Os primeiros invasores foram os Aqueanos de cabelos longos, sobre os quais falou Homero. Ora, aqui vemos um precursor do que ocorreria com os Benjamitas: a fuga de uma tribo de Israel para a região da Grécia. Sabemos que a tribo Dan era afeita ao mar e às grandes viagens. As notícias de que teriam iniciado o culto da Deusa sob a forma de Danna ou Diana tem ainda mais fundamento quando sabemos que este povo, os Aqueanos, se confundem muito com a tribo de Dan. Em primeiro lugar, à semelhança dos Aqueanos, os da tribo de Dan eram conhecidos pelos seus cabelos longos. Seu mais famoso filho foi Sansão, cuja poderosa força advinha dos cabelos. Os livros bíblicos do Macabeus, I e II, mostram inequivocamente a ligação muito antiga dos judeus com os gregos de Esparta. Os espartanos, chamados na Bíblia pela denominação de Homero Lacedemônios, receberam uma embaixada judia e corresponderam-se com Jônatas, governante da Judéia de 160 a 143 a.C.. Seu governante, Ario, referiu-se assim aos antigos laços entre Esparta e a Judéia:

“Ario, rei dos Espartanos, ao sumo sacerdote Onias, saúde. Achou-se aqui uma escritura sobre os espartanos e os judeus que eles são irmãos, e que todos vêm da linhagem de Abraão.” (Macabeus I, 12:20-21)

Além disso, como nos lembra Thucydides na sua “Guerra do Peloponeso”:

Antes da guerra de Tróia não há qualquer indicação de ação comum em Hellas, nem mesmo na prevalência do nome; ao contrário, antes do tempo de Helena, filha de Deucalion, nenhum nome desses existia, e o país adotou os nomes das diferentes tribos, em particular os Pelásgicos. Não foi senão até que Helena e seus filhos crescessem fortes em Phthiotis, e fossem convidados como aliados nas outras cidades, que um por um eles gradualmente adquiriram a conexão com o nome de Helenos; levou um longo tempo até que o nome se fixasse sobre os outros. A melhor prova disso é fornecida por Homero. Nascido muito depois da guerra de Tróia, ele em nenhum lugar chama a todos eles pelo nome, nem mesmo qualquer um deles, exceto os seguidores de Achilles de Phthiotis, que eram os Helenos originais. Em seus poemas eles são chamados Danaans, Argives, e Achaeans.” (Thucydides, The Peloponnesian War, Book I, I.3, Enc. Britannica, 1952, pp. 349-350)

A capital dos Aqueanos era Micenas. Os dóricos vieram talvez três ou quatro séculos depois (1600-1500), subjugando seus parentes Aqueanos. Outras tribos, como os Aeolianos e Ionianos, fixaram residência principalmente nas ilhas do Mar Egeu e costa da Ásia Menor. Essas terras que eles invadiram pertenciam à desenvolvida civilização Minóica, subjugada definitivamente em 1450 a.C..
Os Gregos invasores ainda estavam no estado bárbaro, saqueando e destruindo as cidades Egéias. Gradualmente, à medida que foram se casando com a população local foram absorvendo e desenvolvendo sua cultura.

Separados por barreiras de mar e montanhas, por orgulhos e invejas, as várias cidades-estado independentes nunca conceberam a idéia de unidade num mundo grego sob uma única unidade política. Formaram alianças apenas quando alguma cidade-estado poderosa embarcava numa ação de conquista e tentava fazer de si mesma senhora do restante. Muitas influências contribuíram para a unidade lingüística, uma religião comum, literatura comum, costumes similares, ligas religiosas, festivais e os Jogos Olímpicos, mas mesmo em tempos de invasão estrangeira era difícil induzir as cidades a agir conjuntamente.

Os micênicos adoravam os conhecidos deuses do Olimpo. Dentre todas as deusas, nenhuma era mais amplamente venerada que Afrodite, a deusa do amor. Os Romanos a chamavam Vênus. Na “Ilíada” de Homero, Afrodite era filha de Zeus e Dione, uma deusa Titã. Outras histórias contam como ela se expandiu, cresceu da espuma do mar próximo da ilha Cythera. Aphros, em grego, significa “espuma”. De lá Zephyrus, o vento ocidental, carregou-a gentilmente numa concha até Chipre, que era sempre vista como seu lar real. Lá as Horas a encontraram, vestiram-na e trouxeram-na até os deuses. Todo deus, inclusive Zeus, desejava essa bela e dourada deusa como sua esposa. Afrodite orgulhava-se em rejeitá-los. Para puni-la, Zeus entregou-a a Hephaestus (Vulcano na mitologia romana), o coxo e feio deus da forja. Esse artesão de bom coração construiu para ela um esplêndido palácio em Chipre. Afrodite logo deixou-o por Ares (Marte), o belo deus da guerra. Um de seus filhos foi Eros (Cupido), o alado deus do amor.

2000 a.C. – É construído o palácio de Knossos, em Creta. Nos próximos 300 anos serão construídos os palácios de Zakro, Mallia e Phaistos, marcando o nascimento dos primeiros estados cretenses. Não se sabe a época em que viveu o lendário rei Minos, mas pode-se situá-lo nesta época da construção dos grandes templos.

OS CÁRIOS NA EUROPA E NA AMÉRICA
Contemporâneo a Minos temos um povo muito intrigante, os Cários. A Cária era um país situado na Anatólia, a sudeste da Europa, em cujo litoral estavam as famosas cidades de Halicarnassus e Mileto. Halicarnassus era o local do famoso mausoléu que foi uma das sete maravilhas do mundo antigo. Mileto era cidade natal do famoso Thalkes, de origem fenícia. Próximo ficava Rhodes, também sede de uma das sete maravilhas, o famoso Colosso. Heródoto nos descreve a importância real da Cária no passado:

Os Cários eram uma raça que veio para o continente a partir das ilhas. Nos tempos antigos estavam sujeitos ao rei Minos, e o foram pelo nome de Leleges, residindo nas ilhas e, tão longe quanto pude ir em minhas pesquisas, nunca sujeitos a prestar tributo a qualquer homem. Eles serviram a bordo dos barcos do rei Minos quando ele requeria; e então, como ele era um grande conquistador e prosperou em suas guerras, os Cários eram, nos seus dias, de longe os mais famosos de todas as nações da terra. Também foram os inventores de três coisas as quais os gregos copiaram. Foram os primeiros a colocar cristas nos capacetes e a colocar dispositivos nos escudos, e também inventaram punhos para os escudos. Nos tempos antigos os escudos eram sem punhos, e seus usuários os manejavam pela ajuda de uma tira de couro que eles penduravam em torno do pescoço e do braço esquerdo. Muito tempo depois de Minos os Cários foram retirados das ilhas pelos Ionios e Dóricos, e então estabeleceram-se no continente. Isto é o que os cretenses contam dos Cários. Os Cários mesmo dizem algo muito diferente. Eles sustentam que eram os habitantes originais da parte do continente onde agora habitam, e nunca tiveram outro nome que este que ainda levam.“(Herodotus, The History, Book I, 171, Enc. Britannica, 1952, pp. 38-39)

Essas cristas são, na realidade, uma característica da América. Era um hábito estranho ao mundo europeu, como acentuou Heródoto. Isto corrobora a afirmação das andanças desses povos pela América. Veremos novamente estas cristas na grande invasão dos Povos do Mar, um povo do qual quase nada se sabe. Varreram o Mediterrâneo e eram caracterizados pelas vestimentas maias, incluindo a crista de penas (vide 1194 a.C.).

Diodoro de Sicília (90-21 a.C.), escrevendo em 50 a.C., disse que os Cartagineses seguiram na navegação os rastos dos Cários nos mares do oeste. Os Cários usavam penas como os índios americanos. Segundo alguns historiadores foram deixando na maior parte da América seu nome, estabelecendo uma dinastia de sua raça que reinava em Quito, capital do Equador. Plutarco, em seu Tratado das manchas no orbe lunar, nos conta que, abrangendo todo o ocidente além das Colunas de Hércules, o continente em que reinava Merope foi visitado por Hércules numa expedição que fez para o oeste, e que seus companheiros ali apuraram a língua grega, que começava a adulterar-se. Segundo Heródoto, as origens gregas estariam na América. Ora, os indícios de que as culturas de Cuzco, no Peru, Yucatán, no México, San Agustín, na Colômbia, apresentam na filologia a presença dos Cários é gritante. O prefixo car aparece em numerosas culturas ameríndias. Entre os indígenas de Honduras, figura a tribo dos caras. No centro e no sul de uma vasta região contígua vivem as tribos dos caricos, carihos, caripunos, carayas, caras, carus, caris, carais, caribos, Cários, carannas, caribocas, cariocas, caratoperas, carabuscos, cauros, caricoris, cararaporis, carararis, etc.. Isto pode não significar uma prova, mas é significativo que todas as tribos em cujo nome aparece o prefixo “car” chamem os brancos europeus de “caras“. Carioca, por exemplo, na língua guarani significa “terra dos homens brancos“.

Sabemos que os cartagineses se instalaram na Espanha, onde Amílcar Barca estabeleceu a dinastia bárcida. Numância, a capital dos arévacos, caiu em 133 a.C. sob os romanos de Públio Cornélio Cipião, depois de oito meses de assédio. Morreram todos após o prolongado sítio? Tartéssios, cartagineses, “novos” ou antigos cários, fenícios, cananeus ou semitas não sobreviveram? E os que estavam navegando em numerosas naus cartaginesas? Foram capturados todos pelos romanos? Muitos certamente optariam por rumar para Cádiz rumo às paradisíacas ilhas além do oceano. Os fenícios eram tírios, sidônios, giblitas, cartagineses, mótios, cários, etruscos ou pelasgos, sem contar os bíblicos cananeus, edomitas, moabitas, amorreus, hititas, fariseus ou jeveus que Jeová, no Êxodo XI prometeu a Moisés expulsar. E apesar de tantas expulsões e perseguições, os fenícios conservaram o domínio do Mediterrâneo durante muitos séculos. Se Alexandre Magno os expulsou de Sidon e Tiro, eles estabeleceram-se em Túnis, na Espanha. A história nos mostra – e disso esta cronologia fornece exaustivos exemplos – que os semitas, a começar pelos hebreus, foram dos mais perseguidos e nômades povos do mundo, sempre sobrevivendo através dos séculos com uma pertinência assustadora. Sua perenidade extrapola qualquer limite físico que possa lhes ser imposto. Mesmo hoje, após os exemplos recentes de massacres de judeus, tibetanos, afegãos, curdos e palestinos o que vemos é uma continuação desta saga, cuja perseguição desmedida é proporcional à necessidade de seus perseguidores de manterem e justificarem sua própria unidade como tal. Para conseguir tal unidade, freqüentemente a receita dos conquistadores tem sido unir forças contra um inimigo comum, desviando a atenção de seus reais problemas internos. Exemplos como as Cruzadas e a II Grande Guerra já nos bastariam. Mas, infelizmente, a História não se cansa de nos mostrar sagas desse tipo.

AS MIGRAÇÕES SEMITAS
Desta época de 2000 a.C. remontam movimentos migratórios semitas e as origens da Grécia. Num relatório à Academia das Inscripções e Bellas Lettras pelo estudioso C. Renan (t.23, leitura de 9 de outubro de 1857), Renan “não admite que a Grécia tenha feito aos fenícios empréstimos para seus cultos mais antigos, particularmente aos que parecem ter raízes mais profundas no solo pelásgico. Estes mitos, diz ele, figuram em Hesíodo e Homero como velhas tradições cuja origem é desconhecida“. Ora, as divindades pelásgicas, gregas e romanas tem seus nomes ou etimologias exatas na língua quíchua, donde resulta terem sido importadas da América equatorial. Tanto o novo como o antigo continente tinham construções ciclópicas, e muito semelhantes, como é o caso dos zigurates da Babilônia e as pirâmides aztecas. De ambos os lados do oceano existem tradições dos gigantes e das amazonas. As idéias mitológicas e o estudo dos astros eram idênticos na Ásia, Egito e América.

Quanto aos hebreus, muito costumes seus encontram-se nos povos americanos; as vestimentas e atributos sacerdotais desses eram idênticos aos que se vêem nos monumentos egípcios. A circuncisão fazia-se igualmente no Egito, na América e entre os hebreus; e note-se que esses últimos praticavam-na com uma pedra afiada, como os índios da América equatorial.

De todas as conjecturas acerca dos descobridores da América em época pré-colombiana, uma das mais apaixonantes tem por centro a figura enigmática de Quetzalcoatl, a Serpente Emplumada, deus do vento e da água. Segundo uma das versões da lenda, Quetzalcoatl era o príncipe tolteca de Tula, cidade situada a cerca de 65 km a norte da posterior capital asteca, Tenochtitlán (Cidade do México), e reinou no século X da Era Cristã. Isolado no seu palácio, e sem jamais se ver em um espelho, Quetzalcoatl provocou a ira contra si próprio pelo fato de oferecer borboletas em sacrifício aos deuses, poupando os seres humanos. Os feiticeiros convenceram-no a entregar-se à bebida e a seduzir uma sacerdotisa; seguidamente, deram-lhe um espelho para que observasse a sua face marcada pela corrupção ou pela idade (as opiniões divergem). Destruído o seu mistério real, Quetzalcoatl fugiu apressadamente para o litoral próximo da atual Veracruz, e fez-se ao mar prometendo regressar um dia para recuperar o seu tesouro e governar o seu povo.

Quando Hernán Cortés e seu grupo de conquistadores barbados vindos de Cuba desembarcaram nas imediações do local onde Quetzalcoatl partira, Montezuma II, chefe dos astecas, ouviu descrições dos visitantes que correspondiam à tradição tolteca: segundo a profecia, os deuses retornariam sob a forma de “homens brancos de barbas, vestidos de cores diversas e com as cabeças cobertas por objetos redondos … montados em animais semelhantes aos veados e outros em águias que voariam como o vento.” Nitidamente, o hábito não-sacrificador do deus denota a usurpação do trono por algum estrangeiro “branco“. Uma das teorias mais aceitas é a de que seria um descendente Viking desgarrado das frotas que se dirigiram à Islândia e aos Estados Unidos (Vinland) por esta mesma época. Mas se olharmos a obra Comentarios Reales que Tratan de la Origen de los Incas, Garcilaso de la Vega (1540-1616 d.C.), filho de uma princesa inca, alude à tradição da chegada, muitos séculos atrás, de gigantes vindos do mar: “Um dia apareceram grandes jangadas de junco … tripuladas por homens tão altos que uma pessoa de estatura vulgar mal lhes chegava aos joelhos. Eram no entanto muito bem proporcionados. Tinham olhos enormes, todos eles usavam barba e os cabelos caíam-lhes sobre os ombros.” Resguardado o exagero da altura, a característica da raça branca típica fica clara. Para corroborar a hipótese de participação fenícia ou semítica (vide mais detalhes no ano 965 a.C.), vale mostrar a seguinte representação de uma escultura pré-colombiana. O rosto fino de oval alongado, o nariz grande e aquilino e a barba pontiaguda apresentam características mais semitas que índias. A fronte desta cabeça é cingida por uma tiara e ornamenta um incensório descoberto nas escavações de Iximché, na Guatemala:

2000-1600 a.C. – Segundo os arqueólogos, neste período ocorreu a migração do ramo ariano, os indo-arianos, para a Índia. Segundo as mesmas fontes, a ele se deve o sânscrito e uma religião calcada em sacrifícios rituais e à veneração a Agni, deus do fogo, Varuna, deus dos mares, e Yndra, deusa da chuva e do trovão.

2000-1750 a.C.OS PATRIARCAS DE ISRAEL
Por esta época são situados os Patriarcas de Israel: Abraham, Isaac e Jacob. Existe muita discordância quanto à época em que viveram os patriarcas, mas é plausível que tenham se centrado neste período. Thare tomou seu filho, Abram (mais tarde será chamado Abraham) de Ur, na Mesopotâmia, que juntamente com a esposa Sarai migrou com o clã até o noroeste. A intenção era ir a Canaan, mas acabaram se assentando perto de Haran (Síria). Thare morreu em Haran com 205 anos de idade. Em Haran, Deus chamou a Abram, dizendo-lhe para se dirigir a um novo local que lhe seria mostrado. Abram (75), recebeu também a promessa de que seria feito de seu povo uma grande nação. Foi a primeira aliança de Deus com os hebreus. Abram, Sarai, seu sobrinho Lot e seu clã atravessaram a Síria até Canaan, chegando a Shechem, cidade costeira logo ao sul de Biblos. O trajeto de Ur a Haran e de lá a Shechem era comprovadamente uma tradicional rota comercial da época.

Em Shechem aparece o Senhor novamente a Abram, dando aquela terra a seus descendentes. Sendo Sarah estéril, Abram (86) teve o filho Ismael com a escrava de Sarai, Hagar. Depois de Ismael, o Senhor aparece novamente a Abram (99) renovando seu pacto e chamando-o, a partir daí, de Abraham, e à sua mulher de Sara (90). Deus determina que Abraham e todos os machos, à partir dos oito dias, façam a circuncisão como sinal do pacto. Diz o Senhor, então, a Abraham e Sara, que teriam um filho, o que a princípio não crêem. Um ano depois eles têm Isaac. Pela Aliança, Isaac continuaria a governar o povo. Após a morte de Sara, Abraham casou-se com Keturah e teve muitos filhos, os quais cresceram e herdaram Canaan e as terras para onde se dirigiram. Isaac sozinho herdou a Terra Prometida. Abraham morreu com 175 anos. Quando Isaac tinha 60 anos nasceram os gêmeos Esaú e Jacob. A Aliança de Deus foi renovada com Isaac e Jacob, e fez dos hebreus o povo escolhido. Jacob morrerá com 147 anos. A tradição islâmica afirma que Abraham, auxiliado por seu filho Ismael, construiu em Meca a Kaaba, centro nevrálgico de toda devoção islâmica. A árvore que deles nascerá será muito frondosa.

Como de resto todo o Pentateuco, a narração dos acontecimentos desta época ficou a cargo de Moisés. Segundo ele, Jacob, em seu leito de morte, chama a seus filhos e lhes divide o reino nas onze tribos. Suas bênçãos são destacadas para 2 filhos: Judá e José. De Judá diz:

Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão subjugará as cervizes de teus inimigos: os filhos de teu pai te adorarão. Judá é como um cachorro de leão: subsiste, meu filho, à presa: deitaste-te para descansar como o leão, e como a leoa: quem se atreverá a despertá-lo? Não se tirará o cetro de Judá, nem general que proceda da sua cocha, menos que não venha aquele, que deve ser enviado. E ele será a expectação das gentes.” (Gênesis 49:8-10)

O NAZARENO JOSÉ E O LOBO BENJAMIM
José, o penúltimo chamado, recebe uma bênção especial de Jacob; por último, Benjamim recebe a bênção. Seguindo a antiga máxima segundo a qual “os últimos serão os primeiros”, José e Benjamim parecem ser os mais destacados na benção de Jacob. Todavia, ambos serão perseguidos por seus irmãos: enquanto José será vendido como escravo para o Egito, os da tribo de Benjamim serão banidos e quase aniquilados por seus irmãos no século XII a.C.. Pela distinção feita a José entendemos o porque da ênfase dada na M\pela tríplice saudação a José quando da abertura e fechamento da L\. Benjamim, veremos, é o preferido do Senhor, como nos dirá Moisés mais adiante. A ligação íntima entre José e Benjamim é muito clara: ambos são uma alusão muito forte ao culto da Mãe, referido constantemente na Bíblia como pagão.

Moisés mesmo, descendo do monte com as tábuas, encontra seu povo adorando o bezerro de ouro, símbolo da mãe. O próprio Deus repudiou tal fato, somente contornado graças à intervenção de Moisés. Este é o papel do homem: servir de intermediário entre Deus Pai e a Mãe. Mas, como veremos, é muito difícil para o homem discernir este dualismo. Na bênção de Jacob sobre José somos forçados a pensar mais profundamente na intenção do patriarca Jacob, quando diz a José (ou antes o IOSE), o representante de Jeová ou Júpiter:

José, filho que cresce, filho que se aumenta, e formoso de aspecto: as moças andaram por cima do muro. Mas exasperaram-no e estimularam-no, e invejaram-no os que tinham dardos. O seu arco susteve-se no forte; e as prisões dos seus braços, e das suas mãos foram rotas pela mão do forte de Jacob: dali saiu ele para ser o pastor, a pedra de Israel. O Deus de teu pai será o teu Protetor; e o Todo-Poderoso te abençoará com a bênção do alto céu; com as bênçãos do abismo inferior: com as bênçãos das tetas, e da madre. As bênçãos de teu pai excederam às que ele recebeu de seus pais: e elas durarão até que venha o desejo dos outeiros eternos. Derramem-se essas bênçãos sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele, que é como um nazareno entre seus irmãos.” (Gênesis, 49:25-26)

Lembramos nitidamente o papel de José como o Dumuzi de Ichtar, ou o Adônis de Vênus (vide ano 2900-2500 a.C.), e seu papel ligado simultaneamente ao Pai e à Mãe, como o judeu-egípcio que foi, o protegido de Jeová que harmoniosamente assentou-se com os “pagãos” egípcios. O Deu referido pelos hebreus representava o Pai, e a terra do Nilo representava a Mãe, a Terra, pois seu nome original era Kem, Terra Negra. Da mesma forma Benjamim – que significa o adorado, o amado de Deus – é referido por Jacob como um lobo arrebatador, numa clara alusão à mãe, tal qual a loba romana que, com suas tetas, alimentará os fundadores de Roma séculos mais tarde:

Benjamim será como um lobo arrebatador; ele pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá os despojos.” (Gênesis 49:27)

Muito tempo de passará antes que os hebreus entendam isso. Se a Rômulo e Remo coube a dádiva de Roma, a Benjamim coube a cidade de Jerusalém, conhecida por JEBUS, centro do reino judeu. Séculos mais tarde, a vinda do nazareno Jesus (ou antes o IESO ou IESU) trazendo a Lei do Amor venusino, herdará, como verdadeiro rei, a cidade benjamita de JEBUS. Jesus foi filho de outro José, homônimo do filho nazareno de Jacob. Como veremos adiante, o título de nazareno nada tem a ver com a cidade de Nazareth.

Esta bênção de Deus é reforçada por Moisés pouco antes de sua morte. Novamente se verá as bênçãos do Senhor sobre as tribos, e Benjamim e José novamente são abençoados um após o outro, desta vez com Benjamim primeiro e José após:

Disse também a Benjamim: O muito amado do Senhor habitará nele confiadamente: morará como em tálamo nupcial todo o dia, e descansará entre seus braços. Disse também a José: A tua terra será cheia das bênçãos do Senhor, dos frutos do céu e do orvalho, e do abismo que está debaixo; dos frutos produzidos por virtude do Sol e da Lua; dos frutos que crescem sobre os montes antigos e sobre os outeiros eternos; e dos frutos da terra e de toda sua abundância. A bênção daquele que apareceu na sarça venha sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do Nazareno entre seus irmãos. A sua formosura é como a do primogênito do touro; os seus cornos são como os cornos do rinoceronte; com eles levantará ao ar todas as gentes até as extremidades da terra; tais são as tropas inumeráveis de Efraim; e tais são os milhares de Manassés.” (Deuteronômio 33:12-17)

Novamente nos reportamos à saga de Ichtar e Dumuzi e às alusões à mãe (o touro) e ao pai, ou seja, à Lua e ao Sol. E desta vez temos sobre os de Benjamim o destaque especial de escolhidos do Senhor. Antes disso, entretanto, as onze tribos destruirão a tribo de Benjamim, e chorarão amargamente…

1930 a.C. – Creta: são construídos os primeiros palácios graças ao desenvolvimento da cultura Minóica e ao contato com o Egito e os povos do Levante (Síria, Fenícia, Canaan). O comércio minóico chega à costa da Sicília, Chipre, Anatólia Ocidental, Levante e Egito.

1899 a.C. – Possível época do rei Midas, da Phrygia. Ele viveu 400 anos antes do Dilúvio de Deucalião. Como vimos em 9500 a.C., Sileno ensinou a Midas, rei da Phrygia, a existência de um verdadeiro e único continente, de imensa extensão e habitado pelos Merópios, ao qual Theopompo chamou Merópis.

1850-1250 a.C. – Período de florescimento de Tróia VI, aquela relatada por Homero na Ilíada. A importância de Tróia VI é comparável à de Micenas e Tirinto. O governante de Micenas – Agamemnon – chefiou os gregos numa guerra contra os troianos. Na cidade alta viviam os aristocratas e o rei. Desde 1988 foram descobertos novos locais em Tróia que permitiram reconhecer na cidade uma importância estratégica primordial na região nesta época. As escavações, realizadas por Manfred Korfmann, levaram ao conhecimento de uma Tróia tão grandiosa que impérios contemporâneos como os gregos e os hititas não puderam suplantar para obter o domínio do estreito de Dardanelos, “e com ele a passagem do âmbar, que descia pelos rios russos até o Mediterrâneo, e do estanho, indispensável para a produção do bronze“, segundo Eberhard Zangger, especialista em cultura clássica e um dos decifradores da correspondência hitita. (Revista TERRA, maio/96, Ed. Azul, p. 27) Um fosso que parecia não passar de 20 mil metros quadrados revelou-se uma cidade com mais de 300 mil metros quadrados de superfície, a sudoeste de Hisarlik. A descoberta foi feita com a ajuda de um magnetômetro de césio, um instrumento utilizado para detectar construções soterradas. As indicações remontam o núcleo ao ano 3000 a.C..

CENA DE CIRCUNCISÃO DA TUMBA DE ANKH-MAHOR
VI DINASTIA (2323-2150 a.C.)

Art Publishers Lehnert & Landrock – Kurt & Edouard Lambelet, Cairo, Egypt)

De todas as conjecturas acerca dos descobridores da América em época pré-colombiana, uma das mais apaixonantes tem por centro a figura enigmática de Quetzalcoatl, a Serpente Emplumada, deus do vento e da água. Segundo uma das versões da lenda, Quetzalcoatl era o príncipe tolteca de Tula, cidade situada a cerca de 65 km a norte da posterior capital asteca, Tenochtitlán (Cidade do México), e reinou no século X da Era Cristã. Isolado no seu palácio, e sem jamais se ver em um espelho, Quetzalcoatl provocou a ira contra si próprio pelo fato de oferecer borboletas em sacrifício aos deuses, poupando os seres humanos. Os feiticeiros convenceram-no a entregar-se à bebida e a seduzir uma sacerdotisa; seguidamente, deram-lhe um espelho para que observasse a sua face marcada pela corrupção ou pela idade (as opiniões divergem). Destruído o seu mistério real, Quetzalcoatl fugiu apressadamente para o litoral próximo da atual Veracruz, e fez-se ao mar prometendo regressar um dia para recuperar o seu tesouro e governar o seu povo.

Quando Hernán Cortés e seu grupo de conquistadores barbados vindos de Cuba desembarcaram nas imediações do local onde Quetzalcoatl partira, Montezuma II, chefe dos astecas, ouviu descrições dos visitantes que correspondiam à tradição tolteca: segundo a profecia, os deuses retornariam sob a forma de “homens brancos de barbas, vestidos de cores diversas e com as cabeças cobertas por objetos redondos … montados em animais semelhantes aos veados e outros em águias que voariam como o vento.” Nitidamente, o hábito não-sacrificador do deus denota a usurpação do trono por algum estrangeiro “branco“. Uma das teorias mais aceitas é a de que seria um descendente Viking desgarrado das frotas que se dirigiram à Islândia e aos Estados Unidos (Vinland) por esta mesma época. Mas se olharmos a obra Comentarios Reales que Tratan de la Origen de los Incas, Garcilaso de la Vega (1540-1616 d.C.), filho de uma princesa inca, alude à tradição da chegada, muitos séculos atrás, de gigantes vindos do mar: “Um dia apareceram grandes jangadas de junco … tripuladas por homens tão altos que uma pessoa de estatura vulgar mal lhes chegava aos joelhos. Eram no entanto muito bem proporcionados. Tinham olhos enormes, todos eles usavam barba e os cabelos caíam-lhes sobre os ombros.” Resguardado o exagero da altura, a característica da raça branca típica fica clara. Para corroborar a hipótese de participação fenícia ou semítica (vide mais detalhes no ano 965 a.C.), vale mostrar a seguinte representação de uma escultura pré-colombiana. O rosto fino de oval alongado, o nariz grande e aquilino e a barba pontiaguda apresentam características mais semitas que índias. A fronte desta cabeça é cingida por uma tiara e ornamenta um incensório descoberto nas escavações de Iximché, na Guatemala:

ROSTO FENÍCIO PRÉ-COLOMBIANO
2000-1600 a.C. – Segundo os arqueólogos, neste período ocorreu a migração do ramo ariano, os indo-arianos, para a Índia. Segundo as mesmas fontes, a ele se deve o sânscrito e uma religião calcada em sacrifícios rituais e à veneração a Agni, deus do fogo, Varuna, deus dos mares, e Yndra, deusa da chuva e do trovão.

2000-1750 a.C.OS PATRIARCAS DE ISRAEL
Por esta época são situados os Patriarcas de Israel: Abraham, Isaac e Jacob. Existe muita discordância quanto à época em que viveram os patriarcas, mas é plausível que tenham se centrado neste período. Thare tomou seu filho, Abram (mais tarde será chamado Abraham) de Ur, na Mesopotâmia, que juntamente com a esposa Sarai migrou com o clã até o noroeste. A intenção era ir a Canaan, mas acabaram se assentando perto de Haran (Síria). Thare morreu em Haran com 205 anos de idade. Em Haran, Deus chamou a Abram, dizendo-lhe para se dirigir a um novo local que lhe seria mostrado. Abram (75), recebeu também a promessa de que seria feito de seu povo uma grande nação. Foi a primeira aliança de Deus com os hebreus. Abram, Sarai, seu sobrinho Lot e seu clã atravessaram a Síria até Canaan, chegando a Shechem, cidade costeira logo ao sul de Biblos. O trajeto de Ur a Haran e de lá a Shechem era comprovadamente uma tradicional rota comercial da época.

Em Shechem aparece o Senhor novamente a Abram, dando aquela terra a seus descendentes. Sendo Sarah estéril, Abram (86) teve o filho Ismael com a escrava de Sarai, Hagar. Depois de Ismael, o Senhor aparece novamente a Abram (99) renovando seu pacto e chamando-o, a partir daí, de Abraham, e à sua mulher de Sara (90). Deus determina que Abraham e todos os machos, à partir dos oito dias, façam a circuncisão como sinal do pacto. Diz o Senhor, então, a Abraham e Sara, que teriam um filho, o que a princípio não crêem. Um ano depois eles têm Isaac. Pela Aliança, Isaac continuaria a governar o povo. Após a morte de Sara, Abraham casou-se com Keturah e teve muitos filhos, os quais cresceram e herdaram Canaan e as terras para onde se dirigiram. Isaac sozinho herdou a Terra Prometida. Abraham morreu com 175 anos. Quando Isaac tinha 60 anos nasceram os gêmeos Esaú e Jacob. A Aliança de Deus foi renovada com Isaac e Jacob, e fez dos hebreus o povo escolhido. Jacob morrerá com 147 anos. A tradição islâmica afirma que Abraham, auxiliado por seu filho Ismael, construiu em Meca a Kaaba, centro nevrálgico de toda devoção islâmica. A árvore que deles nascerá será muito frondosa. Alguns dos principais participantes desta genealogia são:

GENEALOGIA HEBRAICA

Como de resto todo o Pentateuco, a narração dos acontecimentos desta época ficou a cargo de Moisés. Segundo ele, Jacob, em seu leito de morte, chama a seus filhos e lhes divide o reino nas onze tribos. Suas bênçãos são destacadas para 2 filhos: Judá e José. De Judá diz:

Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão subjugará as cervizes de teus inimigos: os filhos de teu pai te adorarão. Judá é como um cachorro de leão: subsiste, meu filho, à presa: deitaste-te para descansar como o leão, e como a leoa: quem se atreverá a despertá-lo? Não se tirará o cetro de Judá, nem general que proceda da sua cocha, menos que não venha aquele, que deve ser enviado. E ele será a expectação das gentes.” (Gênesis 49:8-10)

O NAZARENO JOSÉ E O LOBO BENJAMIM
José, o penúltimo chamado, recebe uma bênção especial de Jacob; por último, Benjamim recebe a bênção. Seguindo a antiga máxima segundo a qual “os últimos serão os primeiros”, José e Benjamim parecem ser os mais destacados na benção de Jacob. Todavia, ambos serão perseguidos por seus irmãos: enquanto José será vendido como escravo para o Egito, os da tribo de Benjamim serão banidos e quase aniquilados por seus irmãos no século XII a.C.. Pela distinção feita a José entendemos o porque da ênfase dada na M\pela tríplice saudação a José quando da abertura e fechamento da L\. Benjamim, veremos, é o preferido do Senhor, como nos dirá Moisés mais adiante. A ligação íntima entre José e Benjamim é muito clara: ambos são uma alusão muito forte ao culto da Mãe, referido constantemente na Bíblia como pagão.

Moisés mesmo, descendo do monte com as tábuas, encontra seu povo adorando o bezerro de ouro, símbolo da mãe. O próprio Deus repudiou tal fato, somente contornado graças à intervenção de Moisés. Este é o papel do homem: servir de intermediário entre Deus Pai e a Mãe. Mas, como veremos, é muito difícil para o homem discernir este dualismo. Na bênção de Jacob sobre José somos forçados a pensar mais profundamente na intenção do patriarca Jacob, quando diz a José (ou antes o IOSE), o representante de Jeová ou Júpiter:

José, filho que cresce, filho que se aumenta, e formoso de aspecto: as moças andaram por cima do muro. Mas exasperaram-no e estimularam-no, e invejaram-no os que tinham dardos. O seu arco susteve-se no forte; e as prisões dos seus braços, e das suas mãos foram rotas pela mão do forte de Jacob: dali saiu ele para ser o pastor, a pedra de Israel. O Deus de teu pai será o teu Protetor; e o Todo-Poderoso te abençoará com a bênção do alto céu; com as bênçãos do abismo inferior: com as bênçãos das tetas, e da madre. As bênçãos de teu pai excederam às que ele recebeu de seus pais: e elas durarão até que venha o desejo dos outeiros eternos. Derramem-se essas bênçãos sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele, que é como um nazareno entre seus irmãos.” (Gênesis, 49:25-26)

Lembramos nitidamente o papel de José como o Dumuzi de Ichtar, ou o Adônis de Vênus (vide ano 2900-2500 a.C.), e seu papel ligado simultaneamente ao Pai e à Mãe, como o judeu-egípcio que foi, o protegido de Jeová que harmoniosamente assentou-se com os “pagãos” egípcios. O Deu referido pelos hebreus representava o Pai, e a terra do Nilo representava a Mãe, a Terra, pois seu nome original era Kem, Terra Negra. Da mesma forma Benjamim – que significa o adorado, o amado de Deus – é referido por Jacob como um lobo arrebatador, numa clara alusão à mãe, tal qual a loba romana que, com suas tetas, alimentará os fundadores de Roma séculos mais tarde:

Benjamim será como um lobo arrebatador; ele pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá os despojos.” (Gênesis 49:27)

Muito tempo de passará antes que os hebreus entendam isso. Se a Rômulo e Remo coube a dádiva de Roma, a Benjamim coube a cidade de Jerusalém, conhecida por JEBUS, centro do reino judeu. Séculos mais tarde, a vinda do nazareno Jesus (ou antes o IESO ou IESU) trazendo a Lei do Amor venusino, herdará, como verdadeiro rei, a cidade benjamita de JEBUS. Jesus foi filho de outro José, homônimo do filho nazareno de Jacob. Como veremos adiante, o título de nazareno nada tem a ver com a cidade de Nazareth.

Esta bênção de Deus é reforçada por Moisés pouco antes de sua morte. Novamente se verá as bênçãos do Senhor sobre as tribos, e Benjamim e José novamente são abençoados um após o outro, desta vez com Benjamim primeiro e José após:

Disse também a Benjamim: O muito amado do Senhor habitará nele confiadamente: morará como em tálamo nupcial todo o dia, e descansará entre seus braços. Disse também a José: A tua terra será cheia das bênçãos do Senhor, dos frutos do céu e do orvalho, e do abismo que está debaixo; dos frutos produzidos por virtude do Sol e da Lua; dos frutos que crescem sobre os montes antigos e sobre os outeiros eternos; e dos frutos da terra e de toda sua abundância. A bênção daquele que apareceu na sarça venha sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça do Nazareno entre seus irmãos. A sua formosura é como a do primogênito do touro; os seus cornos são como os cornos do rinoceronte; com eles levantará ao ar todas as gentes até as extremidades da terra; tais são as tropas inumeráveis de Efraim; e tais são os milhares de Manassés.” (Deuteronômio 33:12-17)

Novamente nos reportamos à saga de Ichtar e Dumuzi e às alusões à mãe (o touro) e ao pai, ou seja, à Lua e ao Sol. E desta vez temos sobre os de Benjamim o destaque especial de escolhidos do Senhor. Antes disso, entretanto, as onze tribos destruirão a tribo de Benjamim, e chorarão amargamente…

1930 a.C. – Creta: são construídos os primeiros palácios graças ao desenvolvimento da cultura Minóica e ao contato com o Egito e os povos do Levante (Síria, Fenícia, Canaan). O comércio minóico chega à costa da Sicília, Chipre, Anatólia Ocidental, Levante e Egito.

1899 a.C. – Possível época do rei Midas, da Phrygia. Ele viveu 400 anos antes do Dilúvio de Deucalião. Como vimos em 9500 a.C., Sileno ensinou a Midas, rei da Phrygia, a existência de um verdadeiro e único continente, de imensa extensão e habitado pelos Merópios, ao qual Theopompo chamou Merópis.

1850-1250 a.C. – Período de florescimento de Tróia VI, aquela relatada por Homero na Ilíada. A importância de Tróia VI é comparável à de Micenas e Tirinto. O governante de Micenas – Agamemnon – chefiou os gregos numa guerra contra os troianos. Na cidade alta viviam os aristocratas e o rei. Desde 1988 foram descobertos novos locais em Tróia que permitiram reconhecer na cidade uma importância estratégica primordial na região nesta época. As escavações, realizadas por Manfred Korfmann, levaram ao conhecimento de uma Tróia tão grandiosa que impérios contemporâneos como os gregos e os hititas não puderam suplantar para obter o domínio do estreito de Dardanelos, “e com ele a passagem do âmbar, que descia pelos rios russos até o Mediterrâneo, e do estanho, indispensável para a produção do bronze“, segundo Eberhard Zangger, especialista em cultura clássica e um dos decifradores da correspondência hitita. (Revista TERRA, maio/96, Ed. Azul, p. 27) Um fosso que parecia não passar de 20 mil metros quadrados revelou-se uma cidade com mais de 300 mil metros quadrados de superfície, a sudoeste de Hisarlik. A descoberta foi feita com a ajuda de um magnetômetro de césio, um instrumento utilizado para detectar construções soterradas. As indicações remontam o núcleo ao ano 3000 a.C..

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