Em 16 de maio de 1966, Mao-Tsé Tung lançou uma sangrenta campanha que exterminou opositores e intelectuais considerados inimigos do regime comunista
Estimativas apontam que as mortes causadas pela campanha passam de um milhão
A Revolução Cultural Chinesa, também conhecida como Grande Revolução Cultural Proletária, foi uma campanha político-ideológica lançada em 1966 pelo líder do Partido Comunista chinês, Mao Tsé Tung, que comandava o país desde 1949.
A campanha tinha como objetivo conter a crescente oposição que surgia contra Mao Tsé após seu fracassado programa econômico e sócio-político Grande Salto Adiante. Implementado entre 1958 e 1962, o programa visava fazer a China deixar de ser um país agrário e atrasado para se tornar uma potência industrial, avançada e comunista.
Para isso, Mao Tsé transformou o interior do país em gigantescas fazendas coletivas, acreditando que o trabalho em conjunto traria abundância. No entanto, o programa foi um fracasso e lançou a China numa época de fome tão aguda que causou 20 milhões de mortes.
O fracasso do programa deu combustível para ataques de opositores de Mao Tsé dentro do partido comunista. Para conter a dissidência, o líder resolveu implantar a Revolução Cultural Chinesa, lançada em 16 de maio de 1966.
Naquele dia, uma circular interna do governo alertou que o Partido Comunista estava repleto de revisionistas dispostos a instalar o capitalismo na China a qualquer momento. Começava assim a campanha para recuperar o prestígio do governo.
A campanha foi marcada pela violência brutal. Para perseguir opositores, foram criados os Comitês Revolucionários e a Guarda Vermelha, esta última formada por jovens e adolescentes. Os grupos atacavam suspeitos de deslealdade ao governo e ao regime de Mao Tsé.
Os principais alvos da campanha eram intelectuais, tidos como potenciais inimigos do regime. Professores eram espancados até a morte por alunos e o ensino superior quase foi extinto. Pessoas que criticavam o regime ou suspeitas disso eram espancadas, decapitadas, enterradas vivas, fervidas e afogadas. Políticos mais alinhados ao Ocidente também foram perseguidos e mortos.
Não se sabe ao certo o número de mortes causadas pela Revolução Cultural Chinesa, mas estimativas apontam que passam de um milhão. Mao Tsé encerrou oficialmente a campanha no dia 27 de abril de 1969, mas especialistas afirmam que as perseguições continuaram até o dia de sua morte, em 1976, e a chegada de Deng Xiaoping ao poder, iniciando mudanças políticas e econômicas no país.