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A Rebelião Boxer (1898–1900), movimento contra os estrangeiros na China, culminou com uma encarniçada rebelião contra os ocidentais e a influência do Ocidente. No final do século XIX, as potências ocidentais e o Japão já tinham criado e estabelecido amplos interesses na China. A guerra do Ópio (1839–42), que a Grã Bretanha havia provocado, obrigou a China a outorgar concessões comerciais e reconhecer o princípio da extraterritorialidade.
As concessões à Grã Bretanha foram logo seguidas por similares concessões a França, Alemanha e Rússia. O regime da dinastia Ching, já debilitado pelas invasões europeias, ficou ainda mais enfraquecido pela vitória do Japão na Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95) e a subsequente partilha da China em zonas de influência estrangeiras.
O imperador ching, Kuan-hsu, tentou opor-se à ameaça imperialista adotando modernas reformas administrativas e educacionais. Isso, porém, provocou a oposição conservadora e os esforços foram frustrados pela imperadora-viúva, Tz’u Hsi, que deu preferência a uma derradeira tentativa de afastar a influência estrangeira por meio do apoio à resistência armada.
A imperadora tacitamente encorajou uma sociedade secreta antiestrangeira denominada I Ho Ch’uan [punhos honrados e harmoniosos], ou Boxers em inglês. Não demorou para os Boxers se tornassem poderosos e já no final de 1899 tornaram-se ameaçadores. Ocorreram ataques violentos contra os estrangeiros e os chineses cristãos, particularmente nas províncias de Zhili, Shanxi e Shandong, na Manchúria e na Mongólia Interior.
Nessas regiões, as estações de trem, símbolo visível do estrangeiro, eram mais movimentadas. Os cristãos chineses, especialmente os católicos romanos, fieis à religião dos estrangeiros, eram mais numerosos. Lá também se encontrava a maioria dos arrendamentos rurais adquiridos pelas potências europeias.
Em junho de 1900, os Boxers, cerca de 140 mil homens liderados pelos partidários da Guerra na corte, ocuparam Pequim e durante oito semanas sitiaram os estrangeiros e os chineses cristãos. Os governadores provinciais no sudeste da China desobedeceram a declaração de guerra da corte e garantiram forças policiais de proteção aos interesses estrangeiros, o que limitou a área de conflito ao norte da China.
O cerco foi rompido em agosto por uma força internacional constituída de tropas britânicas, francesas, russas, americanas, alemãs e japonesas. O avanço dessas tropas ao norte pôs fim à rebelião dos Boxers.
As potências ocidentais e o Japão concordaram – em grande parte graças às pressões dos Estados Unidos para “preservar a integridade territorial e administrativa chinesa” e em virtude da ciumeira entre as potências – a não levar adiante a divisão da China.
Mesmo assim, a China foi compelida em 1901 a pagar uma pesada indenização, a modificar tratados comerciais para favorecer as nações estrangeiras e a permitir o estacionamento de tropas estrangeiras em Pequim. A China emergiu da Rebelião Boxer com uma dívida fortemente aumentada que a tornou, com efeito, uma nação subjugada.
Em 7 de setembro de 1901, a Rebelião Boxer na China teve oficialmente fim com a assinatura do Protocolo de Pequim (Paz de Pequim).