Arte Paleocristã

Arte cristã primitiva ou arte paleocristã foi um estilo que se desenvolveu por um longo período, que abrange os primeiros cinco séculos do cristianismo e foi produzida pelos primeiros cristãos para o seu povo.

Surgiu de uma situação inusitada, na qual os primeiros cristãos, ao propagar as ideias de Cristo, entravam em choque com o Império Romano ou eram perseguidos, o que os obrigava a se reunirem nas catacumbas, escavações subterrâneas onde enterravam seus mortos, primeiro local a receber a arte cristã.

Arte nas catacumbas

As primeiras manifestações artísticas deste período estão associadas aos ritos funerários nas catacumbas, recintos subterrâneos, estreitos e escuros onde os cristãos eram enterrados desde o tempo em que a religião era proibida pelo Império Romano. Esses recintos também foram locais secretos de reuniões dos antigos cristãos.

Os principais remanescentes da arte catacumbária encontram-se em Roma, onde se encontram, preservadas, as catacumbas do Cemitério Maior de São Calisto e dos de São Sebastião, Santa Inês, Priscila e Domitilla. Em Alexandria e Nápoles também são encontradas outras em significativo estado de preservação. A carência de informações sobre a arte paleocristã não impediu que se descobrisse que o objetivo dos primeiros cristãos, que buscaram produzir imagens sacras, associava-se à esperança de alcançar a vida eterna.

Arte paleocristã nas catacumbas. Símbolos usados nas catacumbas.

Como tais pinturas foram realizadas por homens comuns, desprovidos da habilidade de um artista erudito, é possível notar que a arte paleocristã apresenta traços simples e grosseiros que revelam a influência da pintura mural romana.

Os afrescos das catacumbas procuram expressar representações como o Cristo, a Virgem ou cenas bíblicas do Velho Testamento, deixando claro que o valor das pinturas não se encontrava em sua técnica estética, mas na necessidade de manifestar uma rica simbologia cristã.

Dentro desta simbologia, o ícone do peixe é encontrado com maior frequência nas catacumbas, simbolizando Cristo; as letras, presentes na palavra em grego (ichtys), coincidentemente correspondem às iniciais das palavras que formam a expressão: Iesous ChristosTheou YiosSoter e que tem por tradução: “Jesus Cristo, filho de Deus, Salvador”.

Além dos símbolos cristãos, passagens da Bíblia também eram representadas, entre elas, a Arca de NoéJonas engolido pelo peixe e Daniel na cova dos leões, passagens escolhidas pelo papel central exercido pela divindade cristã que, piedosa, intervém e poupa a vida de seus fiéis em cenários de total desolação.

A escultura também está presente nas catacumbas, ainda que em menor quantidade, dado o elevado custo para se produzir uma peça. A produção de bustos dos mortos e de sarcófagos e túmulos, esculpidos em baixo relevo, que contém relatos da vida do morto e motivos bíblicos são exemplos dessa arte.

Com o decorrer do tempo, pouco a pouco foram diminuindo as perseguições aos cristãos. Em 313, o imperador Constantino, com o Édito de Milão, permitiu que o cristianismo fosse professado livremente, até tornar-se, em 391, por meio de Teodósio, a religião oficial do Império. O século IV, portanto, foi o momento em que o cristianismo passou a organizar toda uma estrutura mental, cultural, religiosa e artística que caracterizou o erguimento da Igreja e de seus templos, as primeiras basílicas.

Arte nas basílicas

As primeiras construções cristãs incorporam a influência arquitetônica grega e romana e serviram aos interesses dos imperadores na disseminação da nova religião.

Arte paleocristã nas basílicas. Basílica de São Pedro em Roma, Itália.

Os primeiros edifícios, improvisados, conservaram seu nome original, basílica, que vem do termo basileu (juiz). Internamente, as basílicas procuravam acolher uma numerosa população de fiéis que estava em busca dos caminhos da salvação.

Foram construídos grandes espaços abertos, cujas paredes eram ornamentadas por mosaicos e pinturas de passagens religiosas com o propósito de ensinar aos novos adeptos os mistérios da fé para alcançarem, dessa forma, refinamento espiritual.

Uma característica predominante nas igrejas medievais era o contraste do exterior com o interior. Neste, foram empregados materiais sofisticados, como mármore e granito, em pisos, paredes, talhas e relevos. A técnica do mosaico foi empregada na maioria das igrejas cristãs e se destacou na arte bizantina.

Objetos relacionados à arte cristã, relevos em marfim e objetos de metais ornamentados com pedras preciosas passaram a fazer parte da decoração nos interiores dessas basílicas.

A evolução da arte paleocristã, que de simples e grosseira nas catacumbas passou a ser rica e apurada nas basílicas, prediz mudanças, dado o elevado grau de comprometimento entre arte e doutrina cristã, que se consolidará na Idade Média, criando um padrão artístico voltado para a exaltação do mundo espiritual.

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