A esclerose múltipla (EM) é uma enfermidade autoimune que afeta o sistema nervoso central, cérebro e medula espinhal por uma falha do sistema imunológico, que confunde células saudáveis com invasoras. O corpo as ataca provocando danos ao corroer a bainha de mielina, camada protetora que envolve os nervos. O processo de desmielinização influencia diretamente na comunicação entre sistema nervoso e todas as outras áreas do corpo, levando a dificuldades motoras, sensitivas, cerebelares e cognitivas.
Para levantarmos um copo, por exemplo, o cérebro (sistema nervoso central) envia um comando (estímulo elétrico) que atinge o sistema nervoso periférico (nervos) e chega à mão, realizando o movimento.
Para uma pessoa com esclerose múltipla, que não dispõe da proteção da bainha de mielina, esses estímulos serão dispersos antes mesmo de chegar à mão, impedindo o movimento.
A doença se manifesta em surtos, sendo o intervalo entre cada surto variável. Há pacientes que têm surtos espaçados e discretos, enquanto outros podem apresentar surtos mais intensos que podem até trazer prejuízos permanentes.
Dados sobre EM
Apesar de não ser herdada, atinge pessoas geneticamente predispostas à doença e se manifesta de diferentes modos. Os fatores ambientais também desempenham um papel, como por exemplo, a falta de exposição ao sol na primeira década de vida. Por isso, a prevalência da doença é maior quanto mais longe dos trópicos. Outro fator importante é o tabagismo que pode tanto desencadear a doença, como dificultar o seu controle, pois agrava os surtos.
Estudos sugerem que vírus também estão relacionados com a enfermidade, como o Epstein-Barr (mononucleose), varicela-zóster e aqueles presentes na vacina da hepatite, mas não existem comprovações científicas. Hormônios, principalmente os sexuais, podem afetar o sistema imunológico. Por exemplo, o estrógeno, a progesterona e a testosterona, quando em altos níveis, são capazes de suprimir alguma atividade imunológica, que pode dar origem à esclerose múltipla.
Fatores de Risco
- Idade (70% dos casos são diagnosticado entre os 20 e 40 anos);
- Sexo (mulheres tem três vezes mais chances de desenvolver a doença);
- Histórico familiar;
- Etnia (caucasianos);
- Regiões geográficas (Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia são as áreas mais atingidas e o motivo ainda é desconhecido);
- Histórico de outra doença autoimune, como o diabetes.
Sintomas
Os primeiros sintomas da esclerose múltipla surgem na juventude, e esta fase inicial da esclerose múltipla é bastante sutil. Os sintomas são transitórios, podem ocorrer a qualquer momento e duram aproximadamente uma semana. Tais características fazem com que o paciente não dê importância às primeiras manifestações da doença que é remitente-recorrente, ou seja, os sintomas vão e voltam independente do tratamento.
A pessoa pode passar dois ou três anos apresentando pequenos sintomas sensitivos, pequenas turvações na visão ou pequenas alterações no controle da urina sem dar importância a esses sinais, porque, depois de alguns dias eles desaparecem. Com a evolução do quadro, aparecem sintomas sensitivos, motores e cerebelares de maior magnitude representados por fraqueza, entorpecimento ou formigamento nas pernas ou de um lado do corpo, diplopia (visão dupla) ou perda visual prolongada, desequilíbrio, tremor e descontrole dos esfíncteres. Os pacientes não costumam apresentar geralmente os mesmos sinais em cada surto, pois dependem dos nervos que são afetados pelo sistema imunológico.
Diagnóstico
O diagnóstico é basicamente clínico e deve ser complementado por ressonância magnética. Pode ser, no entanto, que o médico peça vários exames para excluir outras condições que podem ter sinais e sintomas semelhantes.
Uma vez confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, o tratamento farmacológico deve ser prontamente iniciado. Por se tratar de uma doença inflamatória desmielizante, com manifestação remitente-recorrente, o tratamento tem dois objetivos principais:
- Abreviar a fase aguda
- Tentar aumentar o intervalo entre um surto e outro
Além disto, recomendações importantes devem ser seguidas, por auxiliarem na reabilitação do paciente, como manter a prática de exercícios físicos, a fisioterapia e o repouso nas crises agudas da doença. Outros medicamentos podem ser prescritos, como para depressão, dor e controle da bexiga ou intestino, além de relaxantes musculares e medicamentos que reduzam a fadiga.