A palavra folclore – folk = povo e lore = conhecimento/cultura – é utilizada para designar o conjunto das sobrevivências culturais. Folclore se constitui em um fenômeno tradicional, anônimo e popular, difundido de forma oral.
Em 1965, o Congresso brasileiro oficializou o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore, homenageando a cultura popular.
Quando pensamos em folclore brasileiro, o que vem à mente de imediato é a figura do irreverente e travesso Saci Pererê, no entanto, o folclore brasileiro é riquíssimo, repleto de histórias e personagens.
Vamos conhecer algumas lendas dos principais personagens do folclore brasileiro?
- Saci Pererê
O Saci Pererê é, sem dúvida nenhuma, o personagem de maior destaque do nosso folclore. Em 2005, foi criado o Dia do Saci, que é comemorado em 31 de Outubro. A lenda originou-se entre as tribos indígenas do Sul do país.
O Saci, inicialmente, era retratado como um curumim endiabrado. Com a influência da mitologia africana, o Saci se transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira. Além disso, herdou o pito, espécie de cachimbo. Da influência européia ganhou um gorrinho vermelho.
Sua principal característica é a travessura; é brincalhão e diverte-se com os animais e as pessoas, causando alguns pequenos transtornos.
Segundo a lenda, o Saci está nos redemoinhos de vento e pode ser capturado jogando uma peneira sobre os redemoinhos. Após capturado, deve ser preso em uma garrafa.
- Lobisomem
O Lobisomem é uma figura folclórica conhecida em todo o mundo. A origem da lenda é européia, provavelmente se espalhou a partir do século XVI, mas há registros em mitos gregos, como em Licaão e Damarco.
Diz a lenda que um homem foi mordido por um lobo e ficou enfeitiçado. Nas noites de lua cheia, o homem se transforma em lobo e ataca todos aqueles que vê pela frente. Essa lenda é bastante difundida em nosso folclore, e já assustou muita gente.
- Curupira
O Curupira é um anão ruivo, forte e ágil. Segundo a lenda, o Curupira é o protetor das florestas. Ele mora nas matas e gosta de fazer muitas travessuras, assim como o Saci.
Uma das suas principais características é possuir pés virados para trás. Dessa forma, ao caminhar, o Curupira confunde os seus perseguidores ou os invasores da mata com pegadas em sentido contrário.
Há muitas versões e controvérsias sobre a data de criação da lenda do Curupira. Contudo, o padre jesuíta espanhol José de Anchieta (1534/1597) escreveu sobre o personagem no século XVI, denominando-o como “demônio que possui os índios”.
Era considerado um criatura perigosa, demoníaca, maliciosa, sendo temida por bandeirantes e indígenas.
O Curupira tinha mania de assobiar e de utilizar falsos sinais. Ele reúne muitas histórias que envolvem mistérios inexplicáveis, como desaparecimento de caçadores, madeireiros e lenhadores.
- Mula sem cabeça
A Mula sem cabeça é um outro personagem do folclore brasileiro bastante conhecido. Trata-se de uma burrinha de cor preta ou marrom, que no lugar da cabeça apresenta uma tocha de fogo.
A Mula sem cabeça é uma lenda que provavelmente teve sua origem nos povos da Península Ibérica, trazida para a América pelos portugueses e espanhóis.
No Brasil, a lenda se espalhou na área rural, na zona canavieira do Nordeste e no interior do Sudeste do Brasil. Segundo alguns pesquisadores, a lenda fez parte da cultura da população que vivia sob o domínio da Igreja Católica.
Segunda a lenda, qualquer mulher que namorasse um padre seria transformada em um monstro. Dessa forma, as mulheres deveriam ver os padres como uma espécie de santo e não como homem comum.
A lenda também diz que o encantamento da Mula sem cabeça só pode ser quebrado tirando o freio de ferro que a mula carrega, fazendo surgir uma mulher arrependida de seus “pecados”.
- Iara
A lenda da Iara também é conhecida como Lenda da Mãe d’água. Trata-se de uma estória de origem indígena, da região amazônica, norte do país.
Iara ou Yara, do indígena Iuara, significa “aquela que mora nas águas”. É uma sereia (metade mulher, metade peixe) que vive nas águas amazônicas.
Com longos cabelos pretos e olhos castanhos, a sereia Iara emite uma melodia que atrai os homens, rendendo-os e hipontizando-os com seu canto e voz doce.
A lenda da Iara conta que a sereia é dona de uma beleza sem igual. Diz que os irmãos de Iara sentiam inveja dela, que também era considerada uma corajosa guerreira e decidiram matá-la.
No momento do embate, por possuir muitas habilidades guerreiras, Iara consegue inverter a situação e acaba matando os irmãos.
Com medo da punição do pajé da tribo e do pai, Iara resolve fugir, mas seu pai consegue encontrá-la. Como castigo o pai joga Iara no rio para morrer afogada.
Com pena da linda jovem, os peixes do rio decidem salvá-la e a bela garota se transforma em uma sereia.
Desde então, Iara vive nas águas dos rios amazônicos, conquistando os homens e depois levando-os para o fundo do rio e matando-os afogado.
- Boto cor de rosa
A lenda do Boto cor de rosa, ou simplesmente a lenda do Boto, é uma lenda de origem indígena que faz parte do nosso folclore. Ela surgiu na região norte do Brasil, precisamente na região amazônica.
Reza a lenda que o Boto cor de rosa é um animal inteligente e semelhante a um golfinho que vive nos rios amazônicos, transformando-se em lindo jovem nas luas cheias.
Normalmente aparece nas festividades de Junho, nas comemorações de Santos populares.
Comunicativo, galante e sedutor, o boto escolhe a moça solteira mais bonita da festa e a leva para o rio, engravidando a moça e depois a abandonando.
Na manhã seguinte, o rapaz se transforma em boto novamente e volta para o rio. Por esse motivo, a lenda do boto é utilizada diversas vezes para justificar uma gravidez fora do casamento.
Folclore é definido como um conjunto de mitos e lendas transmitidos oralmente de geração em geração. As lendas e estórias contadas misturam fatos reais e históricos com acontecimentos fantásticos, frutos da fantasia e imaginação.
Os mitos são narrativas que possuem forte componente simbólico. Os povos antigos não podiam explicar os fenômenos da natureza, assim, criavam mitos com o objetivo de dar sentido às coisas do mundo.