Tempos da narrativa em A dança final, de Plínio Marcos

Eixo temático 1: Literatura Comparada e Estudos Culturais

Tempos da narrativa em A dança final, de Plínio Marcos

Évellin Michele Rozon (1)
(1) Mestranda, PPGMEL – Programa de Pós – graduação do Mestrado em Estudos de Linguagens, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Brasil. [email protected]

RESUMO
Neste trabalho partimos do princípio de identificar as marcas da temporalidade na obra A dança final, de Plínio Marcos. A peça configura-se como um drama atual que põe a nu as mazelas da humanidade e, por extensão, da classe média. Nela, Plínio Marcos enfoca a relação de um casal que, após vinte e cinco anos de casamento, com dois filhos, boa situação financeira, tem o seu dia-a-dia modificado quando o marido fica impotente. Com a impotência do marido, começa uma insólita discussão sobre o tempo em que vai acontecer a segunda lua de mel. A noção de tempo se configura em dois níveis distintos e remete o significado de nível histórico que trata de fatores externos e o enredo que configura a ordem interna. No entanto, essas marcas temporais serão ressaltadas por meio do gênero dramático. O tempo, no teatro é real e não há elipses. O espaço é apenas o que vemos: o palco. O gesto não significa outra coisa além dele próprio.A palavra pesa pelo que tem de som e de tempo. O tempo que transcorre a peça gira em torno de uma guerrilha ideológica marcada por contornos psicológicos de avanços e recuos na diegese. Assim, pode-se afirmar que o tema da impotência é superficial, até mesmo secundário.
RESUMO EXPANDIDO
INTRODUÇÃO
A literatura é uma arte temporal que trabalha, pelo menos, com dois tempos interligados na obra literária, o gênero épico e o narrativo. Essas duas temporalidades – cênica e dramática – geram uma confusão entre os dois níveis. O espectador entra numa confusão, onde vive num mundo presente, mas o deixa de lado para adentrar em um outro universo do discurso, uma outra temporalidade que é a da fábula.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa inscreve-se, pois, da perspectiva teórica, no quadro dos Estudos Comparados aliados às contribuições da Análise do Discurso, bem como teorias relacionadas ao tempo e ao discurso teatral, Magaldi (1997, 1998), Pavis (1999), Prado (1972, 1988), Rosenfeld (1972. 1993,) e Schiller (1991). Para compor a reflexão e o desenvolvimento teórico-conceitual, concorrem conceitos de teóricos como Eagleton (1997), Bakhtin (1993, 1997 e 1999) e Maingueneau (1993, 1995, 1996).
Metodologicamente, a investigação insere-se no paradigma qualitativo e,para o trabalho com o corpus, norteou pelos seguintes procedimentos: levantamento de dados biográficos do autor, bem como sua produção, enfatizando o tempo da narrativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os personagens só existem no presente do teatro na medida em que se envolvem completamente no passado, o presente é ritmado por ocupações previstas, esperadas, que volta regularmente, ele segue o seu curso debulhando lentamente seus segundos. Ao adentrar na prolepse. Plínio Marcos lança mão de um advérbio para proceder ao tempo como na fala: “Fique tranqüilo. Amanhã marco hora pra você ir ao médico…”. (p. 19).
Em A dança final, pode-se dizer que o enunciador atualiza seus pontos de vista no discurso do autor e no objeto da encenação: atrás das palavras e das histórias das personagens. Isso não significa que Plínio Marcos tenha construído a peça em torno de sua ideologia; ele a dissemina em meio às demais, discutindo com os actantes, dando maior força de convicção a uma ou outra e produzindo um texto em que as personagens, sem perderem a identidade, encarnam princípios e concepções de mundo.
CONCLUSÕES
O tempo que transcorre a peça gira em torno de uma guerrilha ideológica marcada por contornos psicológicos de avanços e recuos na diegese. Assim, pode-se afirmar queo tema da impotência é superficial, até mesmo secundário. Com efeito, o tempo contido na peça (sobretudo o uso do flashback) é fator fundamental para que o espectador possa compreender o processo de saturação da relação entre o casal Lisa e Meneses. A dança final teve a virtude de mostrar que a arte é social em dois sentidos: depende da ação de fatores do meio, que se exprimem na obra em graus diversos de sublimação, e produz sobre os indivíduos um efeito prático, modificando a sua conduta e concepção do mundo, ou reforçando neles o sentimento dos valores sociais.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me iluminou na produção deste, a minha família e ao meu orientador Wagner Cursino.
REFERÊNCIAS
GENETTE, Gerard. Discurso da narrativa.Trad. Port Fernando Cabral Martins Lisboa: Veja, 1995.
MAGALDI, Sábato. Panorama do teatro brasileiro. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Global Editora, 1997.

NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. São Paulo.Ática. 2003
PALLOTTINI, Renata. Dramaturgia: a construção do personagem. São Paulo: Ática, 1989.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Perspectiva, 1999.
PLÍNIO MARCOS. A dança final. São Paulo: Maltese1994.

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