Tango dança

O tango é a dança dos corpos entrelaçados. É um diálogo novo, a sedução feita movimento. O casal de baile roça os sapatos entre sensuais carícias, como se houvesse um romance entre os bailarinos.
A primeira expressão precursora do que seria o tango, foi a incorporação nos bailes, do casal abraçado – e figuras coreográficasa próprias dos bailes dos negros.

Nos bailes dos negros, marcando a coreografia do candombe, o som da pele do tambor deu-lhe o nome de tan-gó. De acordo com o musicólogo Ortiz Oderico, o nome tango é uma corruptela do nome Xangô, deus do trovão e das tempestades na mitologia dos Yorubás da Nigéria (África Ocidental), onde Xangô também era o nome do tambor usado nos rituais.
Como afirma Jorge Luiz Borges, o tango é negro na raiz.

Segundo Horacio Ferrer, “com a Guardia Vieja há um empobrecimento da dança do tango. Com a ampla divulgação tirada de sua privativa condição de dança de la orilla, as figuras que a adornavam foram suavizando-se, empobrecendo ou perdendo-se paulatinamente. Do bailarino de bordel da Boca ao bailarino de cabaré há tanta diferença, como deste para o bailarino dos clubes atuais”.

Em 1865, o ator canadense residente em Buenos Aires, German Mckay, parodiava seus gestos e linguagem, personificando comicamente o Negro Schicoba, na interpretação de canto e dança chamados tango.O compasso foi mudando com os anos, mas o ritmo da canção entoada por Mckay, cuja partitura ainda existe, fez do velho candombe a dança oficial dos negros; o Negro Schicoba, escrita em 2/4, mostrava, em seus compassos de “habanera”, certos traços do que viria a constituir-se o som e a estrutura musical do tango.
No passado eram populares várias espécies de tango: o “tango andaluz” (1855-1880), o “tango cubano” e outras variedades. Os conhecidos como “tangos africanos” eram interpretados pelos artistas das companhias espanholas que atuavam na cidade e entravam em cena caracterizados de negros, como fazia Mckay e outros atores americanos.

Em público, dançavam homens com homens. Naqueles tempos era considerada obscena a dança entre homens e mulheres abraçados, sendo este um dos aspectos do tango que o manteve circunscrito aos bordéis, onde os homens utilizavam os passos que praticavam e criavam entre si nas horas de lazer mais familiar.

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O tango como é hoje conhecido era dançado nos bailes do sub-mundo, que aconteciam na periferia e arrabaldes de Buenos Aires: Corrales Viejos ( hoje conhecido como Parque Patricio); Bateria (hoje, Retiro), Santa Lucia, em Barracas al Sur (hoje Avellaneda) e em Recoleta, onde hoje existe o aristocrático parque com o mesmo nome.
Os personagens dos arrabaldes eram compadres, malandros e arruaceiros e o cenário eram as casas de danças e bordéis baratos.
É aí onde começa a tragetória do tango e a primeira etapa de sua identidade musical acontece quando é criada sua orquestra típica “criolla”. Do contato com os bordéis, aparece uma série de títulos com duplo sentido: “El Choclo”, “La Flauta de Bartolo”, “La Cara de la Luna”, “La Budinera”, “Dame la Lata”, “Che”, “Sacame el Molde”, etc.

Esse ambiente fez com que o tango fosse uma música proibida. Não só pelos personagens e lugares onde era executado, mas também pela maneira como os pares dançavam, tão agarrados, dando-lhe um caráter erótico e carnal difícil de se disfarçar.
Carlos Vega, estudioso da dança universal, expressava, num artigo publicado em 1954 no Jornal La Prensa: “”dançar tango é algo grave e profundo; quando se dança não se ri”.

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