População e Geografia DAMIANI

“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”
– Nietzsche
DAMIANI, Amélia Luisa. População e geografia. 9ª ed. São Paulo: Contexto, 2011.

Amélia Damiani busca compreender, partindo de elementos mais simples, o conceito de população. Num estilo de geografia neopositivista, a autora tenta mostrar o estudo da população hoje, de modo que se entenda a população como sociedade transformadora do espaço. Este conceito passa por algumas transformações e adiciona vários significados no decorrer da história. Amélia busca população a partir do ponto de vista do século XVII aos olhos da teoria Malthusiana, até o século XXatravés da visão de Marx.
A autora inicia mostrando (e desmascarando, mostrando o momento histórico de Malthus) o que Malthus defende, como por exemplo, a questão da miséria que para ele seria um ponto de equilíbrio no crescimento populacional, seria necessária para controlar a quantidade de pessoas que existem, deixando que a própria miséria extermine aqueles que estão em excedente. Outro ponto em que Malthus, grande polêmico, bate de frente é sobre a assistência do Estado para com os necessitados. Diz ele que quando o Estado dá auxilio aos pobres, está dando meios para que eles se reproduzam já que naquele momento do auxilio não há miséria. Malthus trata a relação população e alimento da seguinte forma: a população cresce em ritmo geométrico e os recursos naturais em um ritmo aritmético.
Já Marx define população bem diferente do que Malthus apontava, ele leva em consideração não a relação entre população e produtos disponível (alimentos), mas sim, a população e oferta de trabalho (que dá oportunidade a população ter esse alimento). É importante observar que nesse contexto histórico estudado estava ocorrendo a Revolução Industrial, onde se deu início ao avanço tecnológico fazendo com que máquinas substituíssem o trabalho de pessoas, da mão-de-obra. Uma vez que os trabalhadores substituídos nem sempre são realocados, há um crescimento nodesemprego, e com isso, na miséria. E por eles estarem a mercê, acabam sendo uma espécie de reserva disponível de trabalho, que será utilizada a qualquer momento, em qualquer trabalho, dependendo do que o mercado está necessitando no período.
E o que se consegue com isso? Consegue-se deixar os salários baixos e uma grande disponibilidade de mão-de-obra, mesmo que o trabalho solicitado não vise pelo bem estar do trabalhador.

Depois de 1945, fim da Segunda Guerra Mundial, surge a Teoria NeoMalthusiana, ou seja, a Teoria Malthusiana adaptada aos avanços da tecnologia. Mas, a grande diferença é que a NeoMalthusiana é uma teoria que foca em políticas públicas e que faz um comparativo entre a quantidade populacional com a disponibilidade de recursos naturais.
Percebe-se que a população é a base de toda atividade humana, e para que se possa compreende-la é necessário saber de alguns conceitos e teorias, como por exemplo, a teoria da Ótima População, que nada mais é do que o ideal de população que se produza sem existir escassez de alimentos.
Logo após, a autora trás a discussão acerca da dinâmica populacional. Está dinâmica é composta basicamente pela natalidade, mortalidade e a migração. Partindo do estudo e análise desses elementos, é possível desenvolver um perfil da qualidade do comportamento da população. Mas, esseselementos não revelam a dinâmica social real, uma vez que são apenas estatísticas a serem mostradas num gráfico.
A taxa de mortalidade seria expressa pelo número de óbitos multiplicados por mil e dividido pelo número da população total: Nº de óbitos x 1000/População Total. Esta taxa explana a expectativa de vida ao nascer, pois se a taxa de mortalidade é alta isso significa que não há uma grande expectativa de vida, sendo uma característica de um país subdesenvolvido.
Já taxa de natalidade equivale ao número de nascimentos num dado ano, multiplicado por mil e divido pela população total no ano e local. Nº de nascimentos x 1000/População total. Sua mutação também identifica o perfil socioeconômico dos países estudados, ou seja, se o país apresenta uma taxa de natalidade alta, sabe-se que se trata de um país subdesenvolvido.
Tanto as migrações internacionais (externas), como as migrações rural-urbana e rural-rural (internas), mostram o processo que o capitalismo trouxe. Pois, as pessoas agora tem que se deslocar para achar um trabalho onde as máquinas não tenha tirado toda sua função.
Portanto, esta obra de Amélia trás uma reflexão acerca do que é o conceito de população, o que há por trás e o momento histórico.
Observa-se a relação do homem com a natureza, do homem com seu semelhante e como essa relação mudou depois doadvento da Revolução Industrial. A qualidade de vida regida através dessa industrialização recebe um acréscimo, mas é preciso observar que cresceram as necessidades também. Ou seja, surgiram mais necessidades do que modos de suprir essas necessidades. E com isso, há uma necessidade de estudo da sociedade, da população como agentes transformadores do ambiente em que vivem.
Amélia Luisa Damiani torna essa discussão bastante interessante, a partir do momento em que ela destrincha os elementos em tópicos para que se compreenda afundo o que cada um retrata, para que se possa por fim discutir acerca da relação da geografia da população. O texto possui alguns traços mais formais, os quais traduzem ser um texto que mergulha em seu conteúdo e aprofunda no objeto de estudo. Amélia Luisa Damiani possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo (1975), mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1985), doutorado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1993), livre-docência em Geografia Urbana pela Universidade de São Paulo (2008), titular em Geografia (2010). Atualmente é professora doutora da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: cotidiano, urbano, urbanização crítica, produção do espaço e metrópole.

 

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