O PROBLEMA DA ALFABETIZAÇÃO

 

A educação nos paises em desenvolvimento, tem tido destaque dentro de uma concepção de crescimento, pois através da educação, o índice de desenvolvimento no trabalho tem se elevado, e o aumento de produção possibilita um crescimento rumo ao desenvolvimento inter-pessoal e coletivo.
Dessa maneira a busca constante pela alfabetização, deve se tornar uma obsessão para todos os paises em desenvolvimento, os níveis de analfabetismo deve cair à taxa zero, pois afeta diretamente o quadro econômico, político e social desses os paises.
Mas na verdade, não é isso que acontece, existe hoje um auto índice de analfabetos dentro desses paises em desenvolvimento, com políticas muitas vezes não adequadas as realidades de sua população, e o problema se agrava e não é sanado dentro de uma política educacional.
No Brasil em pleno o século XXI, existe 30 milhões de analfabetos, sendo 16 milhões analfabetos funcional, ou seja, aquelas pessoas que estudaram até a terceira série do ensino fundamental e ainda desenham o seu nome em forma de assinatura, e outros que usam o polegar para ser identificado como cidadão. A situação é grave, a meu ver, como podemos aceitar que dentro do Brasil exista esse número alarmante de analfabetos? Qual seria a solução para sanar essa realidade? Como o governo deve agir com essa situação? São perguntas a serem respondidas, e a busca constante de respostas, deve surgir a partir de nós mesmos como educadores.



A questão do analfabetismo demonstra o quanto é importante ter consciência dessa realidade, como existe bem próximo de nós pessoas que ainda estão nessa condição, hora, depararmos com situações desse gênero hoje em dia, é um absurdo! Mas é uma realidade cada vês mais perto de nossos olhos, ainda que vivemos no grande centro, pensamos que somente no interior do Brasil é que acontece essa deserção escolar e existe analfabeto.
Existe um anacronismo a respeito da expressão analfabeto, pois a partir da palavra, julgamos que pessoas humanas não têm as mínimas condições de viver em um meio social, estão errados nesse sentido, pois cada individuo tem seu conhecimento prévio e não necessita do saber letrado para viver, poderá sim ter outra visão de seu meio e torna-lo mais eficaz a suas necessidades.
Analfabeto e analfabetismo são coisas distintas uma da outra, ou seja, a primeira é uma realidade de condição humana, e a segunda, uma realidade sociológica dentro dos padrões sociais, que exigem uma postura condicionada e valorizada do conhecimento científico de cada indivíduo.
A definição de um indivíduo ser analfabeto, não condiciona sua mobilidade dentro de seu meio, simplesmente é uma definição literal e não apresenta a essência concreta do homem dentro de um contexto onde se entende que exista um crescimento individual a sua realidade, ou seja, pensamos que ser analfabeto está limitado a viver condicionado e sem uma perspectiva futura.
O trabalho do homem designa uma condição social que pode exigir um conhecimento mais elaborado, ou simplesmente permanecer como nasceu, leigo a assuntos que não diz respeito a sua condição social, pois as relações que mantém com seus semelhantes é que definirá a sua necessidade.

O conceito de “necessitar saber” ou “não necessitar saber” vem da origem, do íntimo do ser considerado em sua plena realidade, enquanto o de “saber” e “não saber” (fatos empíricos) coloca-se na superfície do ser humano, é um acidente social, além de ser impossível definir com rigor absoluto os limites entre o “saber” e o “não saber” (daí que não há uma fronteira exata entre o alfabetizado e o analfabeto). Porque o ‘necessitar” é uma coisa que ou é satisfeita (so é exigência interior) ou, se não permite ao indivíduo substituir como tal ente (por exemplo: as necessidades biológicas). O “necessitar” ao qual se referem a leitura e a escrita é de caráter social (uma vez que tem por fundamento o trabalho)(Bibliografia incompleta, p 92)

Nessa concepção de formar um sujeito alfabetizado e politizado, tendo o trabalho como referência, designa uma necessidade de se alfabetizar ou não, pois o trabalho é que vai definir sua situação de analfabetismo dentro de seu quadro social, onde sua participação estará sendo percebida ou limitar-se-á despercebida dentre os que nela compõe o quadro social.
No entendimento de analfabetismo, as causas naturais que compõe cada elemento dessa dimensão, buscam identificar os domínios de cada elemento, sendo o analfabetismo um elemento individual dentro de uma composição ou dimensão do meio familiar, ou seja, uma pessoa analfabeta muitas vezes que compõe família estimula seus filhos quanto à importância de estudar, tornando-os autônomos e unificando seu conhecimento individual com o conhecimento cientifico.
Nesse entendimento a sociedade fica isenta dessa responsabilidade, sendo a partir da vontade individual e de sua inserção ao ambiente escolar, onde vai compor um conhecimento de aprendizagem e sua alfabetização, deflagrando a sociedade como um simples ambiente que possa servir como realidade referencial ou meramente física.
A sociedade entende que ser analfabeto é uma ‘doença’ ou um ‘mal’ sem cura, isso é puramente não perceber o quanto estamos longe dessa politização coletiva, pois o analfabetismo é somente mais um elemento de compreender um todo do ser humano, sendo exigido em moldes sociais, mas não respeitando o espaço de conhecimento diverso do Homem.
Os governos fazem campanhas sobre o analfabetismo, será que é viável? Acredito que deva dar condições favoráveis para uma alfabetização adequada que possibilite uma aplicabilidade desse conhecimento em um formato de desenvolvimento pessoal e a nível de produção e desenvolvimento do quadro social coletivo. Outra percepção é que “[…] o analfabetismo é uma realidade sociológica”, como já foi dito anteriormente, o analfabetismo é uma questão de definição que a sociedade impôs aos indivíduos de seu quadro, formando um estigma amedrontador que se irradiou na sociedade.
Sendo o analfabeto o indivíduo autônomo de suas ações, parte dele a vontade de querer aprender e se alfabetizar, sendo ainda influenciado pela pressão natural que a sociedade emprega sobre sua condição. Mas não podemos esquecer que existe no analfabeto sentimentos que se manifestam de forma reprimida e forçando-o a contrair-se em busca desse desejo que se impõe na sua frente.
Os problemas de alfabetização decorrente no Brasil, já se estendem desde a colonização de nosso país, pois o que podemos dizer do processo escravista e sua abolição. A quantidade de negros libertos e analfabetos, contextualizados como brasileiros, aumentou os números de analfabetos no Brasil nesse período.
Vejamos, não houve uma política adequada para atender a demanda de negros libertos e coloca-los dentro do quadro social; é sabido que a partir da abolição formaram-se grandes núcleos nas grandes cidades, onde se fomentava um desemprego e uma mão-de-obra precária, pois o analfabetismo possuía um numero elevado nesse período. Os negros libertos não morreram por serem analfabetos, e conseguiram se manter com dificuldade dentro de sua situação social no contexto apresentado.

No que se refere às atitudes que cultiva com relação ao analfabetismo, […], como uma mancha na face do país. As elites intelectuais com freqüência preferem desinteressar-se do problema, que pessoalmente não lhes diz respeito, considerando-o como um resíduo de um passado de ignorância, do qual individualmente se liberaram […]. Costumam citar como exemplo as sociedades escravistas, onde a ignorância das massas era total e onde, apesar disso, produziram-se brilhantes obras de cultura nas ciências, nas letras e nas artes (Idem, p. 95).

As questões que vale a pena ressaltar, se refere à de analfabetismo numa área ou nação, sabem que existe distinção quanto a sua aplicabilidade que se refere a uma consciência dessa taxa ou indícios que forma uma classe de analfabetos em regiões distintas. Com definições bem elaborada de entender essa consciência pode ressaltar a dimensão de uma consciência ingênua ou critica.
Essa concepção de consciência ingênua, nos da condições de perceber duas posições diferentes que possibilite entender esse grau de analfabetismo, sendo a primeira números que designam um percentual que não fere a sociedade analfabeta, que entende como mais uma forma de buscar justificativas para uma promoção talvez, política ou social.
A segunda forma é de uma consciência critica, dela se obtém uma incessante busca de um parecer, onde o Estado deve atender as necessidades que os índices demonstram em um patamar que causam um anseio na sociedade ou região, que apresenta um enorme número de analfabetos. Ou seja, uma sociedade que está impregnada, o preconceito de diversos modos em seu meio, à pressão que sofre o homem analfabeto, é evidente que exista um constrangimento e é natural que uma consciência critica, venha se valer de uma busca de soluções a um problema de tão alto valor, o conhecimento científico, na verdade, “[…], o que importa ao homem é viver feliz e isso não depende de que seja ou não analfabeto”.
Os dados percentuais educacionais devem estar em conformidade ao momento histórico de cada sociedade, tendo em vista, um comparativo de períodos anteriores que precederam ao contexto atual, sendo analisados por antropólogos e sociólogos que definiram as verdadeiras necessidades desta ou da quela região, sociedade ou indivíduo quanto ao seu grau de analfabetismo.

O que os índices , curvas e gráficos revelam, são essencialmente fatos sociais, que, como tais, só podem ser entendidos em profundidade quando são relacionados com seu significado humano. […]. As correlações primordiais, elementares são válidas e úteis pois são de imediata tradução existencial. […], com a qual perdem todo o contato com a realidade humana e social (Idem, p. 97).

Dentro dessa agudeza de entendimento das taxas ou índices sobre o analfabetismo, podemos dizer que cada região que possui um alto número de desletrados, torna-se dentro da sociedade um fato social, onde é legitimado pela falta de conhecimento cientifico, podendo então ser tratado com mais complexidade pelo Estado.
As representações que passam por nossas vidas, os momentos distintos que presenciamos, nos levam a um estágio de pensamento que permanece por um caminho de comparações que fizermos constantemente durante nossa existência. O analfabeto também passa por essas comparações, a partir que começa a existir o seu conhecimento que adquire quando se alfabetiza. Hora, retorna os pensamentos que não tinham um entendimento e o reorganizam de forma que possibilite extrair uma melhora compreensão de objetos que já estava guardado, ou seja, elabora novas conclusões que estavam já pré-entendidas.
Essas representações dizem respeito às técnicas de aprender a ler e escrever, e sucessivamente uma nova elaboração de pensamento. Se buscarmos novamente a consciência critica, e tendo um método de aprendizagem critico, visa a construir uma consciência critica em primeiro plano de si próprio, e depois sobre sua condição dentro do seu meio social.
Para chegar nesse estágio de consciência critica, o analfabeto deve receber a atenção e um método de aprendizagem que posa favorecer o seu crescimento e sua intelectualidade em um desenvolvimento claro, mas para isso se realizar temos que ter em mente que, não basta ter um plano político educacional e social, mas também educadores com responsabilidade e profissionalismo com um censo de criatividade e uma socialização coletiva.

O ponto que mais sobressai é aquele que não se limita a considerar que se trata de um mero processo de transmissão de uma técnica particular (a de ler e escrever), mas sim considera que se trata de produzir uma mudança na consciência do educando, mudança na qual o conhecimento da leitura é apenas um dos elementos. Por isso, o método critico visa a constituir no educando uma consciência critica de si e de sua realidade, e admite que, como elemento, como parte dessa consciência, surge espontaneamente a compreensão da necessidade de alcançar um plano mais elevado do saber, plano letrado. Dessa forma, o sujeito da alfabetização é o próprio analfabeto. Ao contrario do ser objeto da ação do educador, é o próprio sujeito de sua transformação pessoal (Idem, p. 98).

Para isso o educador tem que ter sensibilidade, responsabilidade, humildade e seriedade em transmitir o conhecimento, pensar que ele próprio torna-se um aluno perante a classe de analfabetos, buscar o conhecimento dessas pessoas e valorizar cada ação como se referia Paulo Freire:

Não há docência sem discência. É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado (FREIRE, 1996. p, 23).

Partindo de uma composição de formação de uma consciência critica, podemos exemplificar o trabalho, a partir deste desencadeia todo um processo de aprendizado, no qual somente dominando a tarefa exigida, é que, poderá discutir sobre a mesma, sendo o momento culminante do processo de alfabetização, onde o alfabetizado deixa de ser um espectador passivo, e passa a ativo dentro do contexto trabalhista.
Os símbolos e representações que cada homem define como um elemento de suma importância em sua vida, designa pensamentos que não necessitam ter a alfabetização como elemento principal de sua vida, mas a partir do conhecimento letrado, consegue elaborar entendimentos que os símbolos empregados, torne-se útil em seu meio social, sendo assim, esse entendimento define-se pelo Humanismo, onde “[…] a simbolização do pensamento é uma atividade natural do homem. […], apenas necessita convencionar socialmente os símbolos que convém adotar.
O processo de alfabetização de adultos vem, em frente a uma série de símbolos já existentes na sociedade onde está encerido o analfabeto, então, ele já tem sua simbologia definida, mas o que necessita é organizar em uma forma sistemática a simbologia e a fala. Essa é a questão importante onde o educador entra e torna-se o mediador desse confronto, incentivador de pensamentos que até então, não eram obtidos como prioritários, onde se torna importante na vida de um analfabeto.

O importante é compreender que o analfabeto adulto atual, ao que nos dirigimos, vive numa sociedade letrada e por isso suas exigências culturais implícitas são as da linguagem alfabética, que é a de seu meio. Basta, portanto, retirá-lo das condições inferiores de exigência em que vive e faze-lo compreender sua realidade para imediatamente incorpore o saber letrado como elemento natural da consciência critica que começa a produzir para si (Bibliografia incompleta, p. 100).

O desenvolvimento do conhecimento letrado atravessa um caminho muitas vezes estranho, pois tem que abranger todo o contexto que possibilita seu desenvolvimento. Entre a finalidade de alfabetização de adultos, a um aumento de produção que reflita na economia e políticas sociais, mas não havendo a necessidade e obtendo um crescimento ou desenvolvimento baixo, justifica-se os índices de analfabetismo, por que os mesmos conseguem manter a demanda de produção.

Quando o trabalhador não tem possibilidade de render mais, (em virtude do baixo nível da produção) pode permanecer analfabeto, […]. Porém, quando se deflagra o processo de desenvolvimento, as exigências de trabalho se tornam quantitativa e qualitativamente mais elevadas e surge então a necessidade de aproveitar melhor o potencial de trabalho individual. Ora, aquelas possibilidades são tais que não podem ser mais realizadas a não ser por trabalhadores capacitados no contexto da leitura e da escrita (Idem, p. 103).

Como podemos perceber, a necessidade de uma alfabetização para jovens e adultos é urgente, pois certamente aumentará as divisas econômicas do Brasil e dos educandos, sendo complexo esse entendimento, onde com um povo politizado as manipulações tornar-se-iam insustentáveis dentro de um contexto de desenvolvimento emergencial. A educação torna-se uma necessidade generalizada, onde a partir do analfabetismo toda a sociedade se desenvolverá para um bem comum

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