lasar segall

LASAR SEGALL
“Tinha somente a convicção de estar enamorado desse país e que a dedicação que eu lhe devotava, era demais profunda e violenta para ser superficial.” Lasar Segall
Lasar Segall foi um pintor, escultor e gravurista judeu brasileiro nascido na Lituânia. O trabalho de Segall tem influências do impressionismo, expressionismo e modernismo. Seus temas mais significativos foram representações pictóricas do sofrimento humano: a guerra, a perseguição e a prostituição.
No ano de 1923, Lasar Segall mudou-se definitivamente para o Brasil. Já era um artista conhecido. Contudo, foi aqui que, segundo suas próprias palavras, sua arte ficou como o “milagre da luz e da cor”. Foi um dos primeiros artistas modernistas a expor no Brasil.

Lasar Segall – Foto artista
Os desenhos são importantes na produção de Segall e, como na gravura, apresentam temas recorrentes como o universo de desfavorecidos e marginalizados pela sociedade. O artista confere a suas figuras deformações expressivas e situa os personagens em espaços que os oprimem, o que gera um clima de tristeza e abandono.
O humanismo, revelado pela preocupação com a violência, a miséria e as injustiças sociais, e certo caráter lírico estão presentes em toda a sua carreira. Segall aborda temas universais, expressando-os com emoção, por meio da cor em sua pintura ou pelo jogo entre linha e vazio em suas produçõesgráficas.
Lasar Segall – Biografia
Lasar Segall nasce a 21 de julho de 1891, na comunidade judaica de Vilna, capital da Lituânia, na época sob domínio da Rússia czarista.
Seu pai era escriba da Torá, lei judaica contida nos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, cujo texto, manuscrito em pergaminho, é utilizado em cerimônias religiosas nas sinagogas.
Em 1905 ainda em Vilna, frequenta a Escola de Desenho, onde é estimulado a viajar para seguir seus estudos, pelo pintor Antokolski, sobrinho do escultor Mark Matveevich Antokoski, também judeu de Vilna, que passou grande parte da vida em Paris.

Lasar Segall – Foto artista
Viaja para a Alemanha em 1906, onde freqüenta a Academia de Belas Artes de Berlim, na qual predominam tendências ligadas aos movimentos impressionista e pós-impressionista. No quadro Sem Pai, 1909 as pinceladas livres lembram o impressionismo, porém a obra tem uma atmosfera sombria, reforçada pelos tons escuros da paleta e destaca-se pela caracterização social e psicológica dos personagens.
Em 1910 Deixa a Academia de Berlim. No final do ano transfere-se para Dresden, onde frequenta a Academia de Belas Artes, como aluno-mestre, com ateliê próprio e maior liberdade de criação.
Passa a adotar tons mais claros, embora permaneça a tendência ao monocromatismo, característica de toda a sua produção, como, por exemplo, em Leitura, 1914. Revela admiraçãopela obra de Paul Cézanne, principalmente pelo aspecto construtivo da pincelada, como podemos observar em Violinista, 1912. Vai à Holanda em 1912. Em Amsterdã desenha tipos humanos no asilo de velhos.
Em março de 1913, faz exposição individual num salão alugado à Rua São Bento, 85, São Paulo, com apoio do senador José de Freitas Valle. Mostra trabalhos de transição entre o impressionismo e um estilo pessoal que começava a se afirmar. Em maio, dá aulas de desenho à jovem Jenny Klabin. Em junho, exposição individual no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, que adquire sua pintura Cabeça de menina russa (1908).
No final do ano, regressa à Europa, deixando várias obras em coleções brasileiras, entre as quais a de Freitas Valle, na qual ficaram três trabalhos, inclusive o Auto-retrato I (c. 1911). Visita Paris por três semanas, fazendo longas visitas ao Museu do Louvre.
Para a historiadora Claudia Valladão de Mattos, a partir de 1914, o artista revela interesse pelo expressionismo, busca uma nova linguagem pictórica e uma caracterização psicológica mais aguda para suas figuras. A pintura de Segall, sob o impacto da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), reflete a preocupação com as injustiças sociais e o sofrimento humano. Seus quadros são estruturados por meio de planos construídos em diagonais e apresentam uma tendência à geometrização, com o predomínio de formastriangulares. Segall utiliza cores escuras e contrastantes, como no quadro Aldeia Russa, 1912.
No início de 1916 recebe autorização para voltar a Dresden. Vive algum tempo na residência de Victor Rubin, patrono de vários artistas dessa cidade. No final desse ano, retorna à cidade natal, encontrando-a destruída pela guerra. Da forte impressão que lhe causa a cidade, com seus seres miseráveis espalhados pelas ruas, produz uma série de desenhos, litografias e gravuras em metal, em que registra a data “1917”.
Em 1918, viaja para Vilna, sua cidade natal, fato que marca sua obra, por reforçar a identificação com algumas questões judaicas que se tornam importantes para sua experiência artística. Retorna a Dresden no mesmo ano.
Lasar Segall – Foto artista
Substitui as cores mais vivas de seu primeiro momento expressionista por tons mais sóbrios, obtidos por meio de camadas sucessivas de tinta, em quadros como Kaddisch – Reza para os Mortos, 1918 e Eternos Caminhantes, 1919. Seus quadros nascem num ambiente artístico marcado pelo cubismo e pela segunda fase do expressionismo alemão, mais aderente a uma aproximação realista da figura, que inclui artistas como George Grosz (1893 – 1959) e Otto Dix (1891 – 1969). Entretanto, em comparação às cores vivas utilizadas por esses artistas, as obras de Segall têm caráter melancólico ou lírico e são trabalhadas em tonalidades sóbrias, compredomínio de ocres, cinza, negros e violetas. A gama cromática alude à tristeza em trabalhos como Pobreza, 1921, no qual a construção em formas angulosas triangulares, utilizada anteriormente, cede lugar a linhas mais arredondadas e a figuras que apresentam uma deformação expressiva, com cabeça e olhos enormes.
Em 1923, Lasar Segall muda-se para o Brasil, onde tem contato com os jovens modernistas. Nos primeiros trabalhos realizados no país, revela um deslumbramento pela luz e pelas cores tropicais. Sensibiliza-se não apenas com a paisagem mas também com o ambiente artístico brasileiro: sua produção mantém diálogo com obras de Tarsila do Amaral (1886 – 1973) , e de outros artistas locais. Nos quadros realizados logo após a chegada ao Brasil, a paleta de Segall se transforma. Os temas (mães negras, paisagens, favelas) são pintados em espaços abertos, com cores claras e luminosas. Realiza várias obras nas quais acentua o drama dos marginalizados pela sociedade. São desse período os quadros: Menino com Lagartixas, 1924 e Colina Vermelha, 1926.
Logo após sua chegada, recebe em sua casa a visita de simpatizantes do Modernismo, entre os quais Olívia Guedes Penteado.
Em novembro, executa trabalhos de decoração para o Baile Futurista, no Automóvel Club de São Paulo. Faz a conferência “Sobre Arte”, na Vila Kyrial, residência do senador José de Freitas Valle, importante ponto dereunião de artistas e intelectuais.
Decora com pinturas murais o Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado, localizado no jardim de sua residência, à Rua Conselheiro Nébias, onde se reuniam os modernistas. Mário de Andrade analisa esse trabalho: “Segall se revelou na decoração desse salão um idealista excelente. Um idealista de felicidade. E me parece que foi esse idealismo que lhe permitiu chegar nos quadros atuais a um conceito mais realista de realidade, abandonando aquele trágico mortificante e incessante que lhe caracteriza toda a obra anterior à fase brasileira”.
Pinta a tela Paisagem brasileira (1925).
Expõe obras produzidas no Brasil entre 1924 e 1926, na Galeria Neumann-Nierendorf, de Berlim e na Galeria Neue Kunst Fides, de Dresden. Em abril, nasce Mauricio, seu primeiro filho, em Berlim. Em outubro, a família retorna ao Brasil.
Em fevereiro de 1927, morre em São Paulo seu pai Abel Segall. Naturaliza-se brasileiro.
Em dezembro, exposição individual à Rua Barão de Itapetininga, 50, São Paulo.

Lasar Segall – Foto artista
Reside em Paris entre 1928 e 1932. Nessa época, produz obras com motivos brasileiros e também utiliza temas recorrentes, como o da emigração. O colorido vibrante de suas telas dá lugar a uma luz mais pálida e mais suave. Os quadros Família do Pintor e Maternidade (ambos de 1931) apresentam uma superfície mais espessa, que tem umparalelo com as esculturas que o artista começa a fazer. Segall passa a estruturar as composições por meio da mancha cromática e a linha não é mais tão predominante em suas obras. A experiência com a escultura contagia os tons e a superfície da pintura, as figuras adquirem volumes e aspectos mais escultóricos. As cores tornam-se terrosas, marrons, cinza, ocres, como nos quadros Mãe Negra, 1930 e Casa na Floresta , 1931.
Em 1932, Segall retorna ao Brasil, fixando residência em São Paulo. Ao lado da casa, projeto de Gregori Warchavchik, seu concunhado, constrói o ateliê, onde planeja instalar a “Escola de Arte Lasar Segall”, que não chega a se concretizar. Projeta móveis e tapetes para a decoração da casa, que mostram sintonia com as formas simplificadas propostas pela Bauhaus.
É um dos sócios fundadores da SPAM (Sociedade pró Arte Moderna), cuja criação é comemorada em casa da bailarina Chinita Ullman, com a festa “São Silvestre em Farrapos”, decorada com painéis pintados pelo artista.
Em 1933, realiza o projeto e a decoração do baile “Carnaval na Cidade de SPAM”, nos salões do Trocadero, São Paulo. Participa da Primeira Exposição de Arte Moderna da SPAM, São Paulo (abril/maio). Em agosto, exposição individual de aquarelas e águas-fortes, na Pró-Arte, Rio de Janeiro.
No ano de 1934 realiza o projeto e a decoração do baile “Uma expedição às matas virgens de Spamolândia”, àRua Martinho Prado, São Paulo. Em março, exposição individual na Casa d’Arte Bragaglia, Roma. Em maio, exposição individual na Galeria del Milione, Milão.
A partir de 1935, pinta paisagens de Campos de Jordão, de cromatismo muito refinado. Sua obra adquire aspecto de matéria densa, com uma cor muito peculiar. Os temas ligados a dramas humanos permanecem em quadros de grandes dimensões: Navio de Emigrantes 1939/1940 e Guerra, 1942, entre outros.

Lasar Segall – Foto artista
Em 1937 representa oficialmente o Brasil no Congresso Internacional de Artistas Independentes, em Paris.
Realiza cenários para o balé “Sonhos de uma noite de verão”, encenado pela Companhia de Balé de Chinita Ullman, no Teatro Municipal de São Paulo. É publicado em Paris o livro Lasar Segall, do crítico Paul Fierens (Editions des Chroniques du Jour, Paris).
Em 1942 Ruy Santos produz o filme O artista e a paisagem, sobre a obra de Lasar Segall.
Na década de 1950, a arte de Segall revela mais liberdade plástica, aproximando-se da abstração, por exemplo, em Floresta Crepuscular, 1956. Nessa obra a natureza é a inspiração para os suportes verticais, nos quais se estabelece um sutil estudo de luz e cor.
Em 1952 é publicado o livro Lasar Segall, de Pietro Maria Bardi (Ed. Museu de Arte de São Paulo). Participa do Instituto de Arte Contemporânea, do MASP, como consultor do curso de artes plásticas.

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