Judô – História, Regras e Princípios do Judô

Praticada inicialmente como exercício de combate e defesa, o judô adquiriu, nas antigas civilizações, o caráter de uma autêntica disciplina esportiva, cujo objetivo era alcançar o perfeito equilíbrio entre o corpo e a mente do atleta.

O judô é, como quase todas as lutas japonesas, uma forma moderna de confronto físico inspirada no jiu-jitsu. Seus praticantes o definem como uma arte marcial, uma disputa de conotações filosóficas e um esporte que pode ser praticado por pessoas de qualquer idade ou sexo.

História do judô

A origem do judô é atribuída ao professor Jigoro Kano. Franzino na juventude, tomou lições de jiu-jitsu com Hachinosuke Fukuda e, depois da morte deste, com Tsunetochi Iikubo. Em 1882 abriu sua própria escola, em Tóquio. Propunha-se ensinar uma nova forma de luta, a que chamou de judô de Kodokan, síntese das diversas variedades de jiu-jitsu. Aos 78 anos, Kano correu mundo numa cruzada de propaganda, fazendo demonstrações práticas de judô.

O mestre Kano utilizou a palavra do — que significa “caminho” — em lugar de jitsu, “técnica”, e anexou-a a ju, “flexível”. Segundo ele, “quem alcança o significado de do, saberá o que é o judô”. O judô desenvolveu-se de tal maneira no Japão que, em menos de cem anos, passou a fazer parte da vida da nação; tornou-se obrigatório em todos os estabelecimentos de ensino e nos órgãos de segurança nacional.

Nos Estados Unidos foi introduzido por um dos alunos de Kano, Yoshimaki Yamashita, em 1902. Para a América Latina, foi trazida por Mitsuya Maeda, quase na mesma época. Foi, porém, ao findar a segunda guerra mundial que se deu a grande expansão internacional do judô. Em 1952, fundou-se em Paris a Federação Internacional de Judô, com 29 países- membros. O judô foi admitido como um dos esportes olímpicos nos XVIII Jogos Olímpicos, em Tóquio (1964).

O aparecimento do judô no Brasil ocorreu por volta de 1940, inicialmente em São Paulo. O órgão que o dirige é a Federação Brasileira de Pugilismo. Os lutadores brasileiros já conquistaram diversos títulos internacionais e já ganharam várias medalhas nos Jogos Olímpicos, inclusive de ouro.

Faixas e classificações

O critério da disputa de faixas para medir a perícia de um lutador data de 1888. De acordo com as regras do esporte, um judoca não pode atribuir-se classificação. A perícia de um lutador só tem sentido em relação à de outros. Para medi-la foram instituídas as divisões kyu — para os alunos — e dan — para os mestres. É pela cor da faixa que se reconhece o grau de um praticante. Assim, tem-se para o grau kyu: faixas branca, amarela, laranja, verde, azul e marrom; para os mestres: do 1º ao 5º dan, faixa preta; do 6º ao 9º dan, faixa vermelha e branca; e finalmente, do 10º dan em diante, faixa vermelha.

As mulheres seguem o mesmo esquema, com uma pequena diferença: há sempre uma lista branca que corta a metade das faixas. Para se passar de faixa branca a marrom, leva-se aproximadamente um ano; de faixa marrom a preta, de dois a quatro anos; e do 1º ao 5º dan, de dez a 17 anos.

A classificação por pesos foi introduzida no judô em 1961, quando o famoso lutador holandês Anton Geesink se tornou o primeiro ocidental a conquistar o título mundial na história do esporte, o que aconteceu no campeonato de Paris. Com 1,93m de altura e 130kg de peso, Geesink tomou o título dos japoneses, que nunca haviam conhecido derrota, usando boa técnica, mas valendo-se sobretudo de sua avantajada compleição física. Nos círculos japoneses chegou-se à conclusão de que, com o mesmo nível técnico, a vantagem ficaria com o mais pesado. Decidiu-se, então, adotar a divisão de pesos nos campeonatos do Japão, com exceção do nacional, que continua na forma original.

Princípios do judô

Ao criar a nova luta, Jigoro Kano fundamentou-se em dois princípios: menor resistência ao adversário; e máximo de eficiência com o mínimo esforço. O mestre explicava que a “finalidade última da prática do judô é aprender o princípio da atitude natural a tomar na vida cotidiana, para alcançar o caminho da verdade”. Além de arte marcial, o judô é um esporte por excelência (o jiu-jitsu não é esporte). Sua prática visa aprimorar as qualidades físicas e morais do praticante, com o fim de obter rendimento máximo no menor tempo possível. Ataque e defesa são o método de ensino. “Um judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar” — disse Kano. Aprende-se o judô essencialmente pela prática; o ensino teórico é secundário. Como a preocupação básica é a busca da eficiência, torna-se necessário mudar frequentemente de adversários.

Existem mais de cem golpes básicos no judô, além de muitas variações e contragolpes. Para um rendimento ótimo, é indispensável que o atleta encontre um método de treinamento que reúna três características fundamentais: estabilidade mental, impulso físico e perfeição técnica. As técnicas do judô são grupadas em técnicas em pé e técnicas no chão. As técnicas em pé são as projeções; os trabalhos no chão incluem imobilização e chaves de braços e de pescoço. Normalmente, a vitória dos pequenos combatentes acontece no chão; em pé, a vantagem é dos maiores.

Um combate pode terminar de várias maneiras, mas a vitória por ponto, ou ippon, é a mais bonita. Cedo, o judoca aprende que jamais deve permitir que o adversário o atire de costas no tatame (quadrado de palha de arroz trançada, coberto de lona, onde se dá a luta), pois só lhe restará cumprimentar o oponente pela vitória. Se a queda não é aplicada com perfeição, o juiz conta meio ponto, ou um wasari. Com dois wasari, alcança-se um ippon.

Regras de combate

Geralmente um combate dura três minutos para os graus kyu (alunos) e cinco minutos para dan (mestres). Em caso de empate pode haver prorrogação. O judoca vence a luta: (1) quando projeta com perfeição o adversário ao solo, obrigando-o a tocar o chão com as espáduas; (2) quando o imobiliza por trinta segundos; (3) quando o adversário desiste. Sob risco de desclassificação, são proibidos golpes que causem dor ou lesões.

A primeira coisa que um iniciante aprende é a cair de costas no tatame sem se machucar. Antes de começar a lutar com um companheiro, o praticante treina uma sessão de quarenta ou cinquenta quedas. Kiai, o grito de luta, é definido pelos mestres como um estado que ajuda a vencer, pois o espírito, orientado para o combate, se liberta de qualquer pensamento ou temor. É o resumo da melhor condição do corpo e da mente.

Kuatsu, também chamado de kwappo, é a arte de reabilitar um homem com morte aparente no judô, uma tarefa delicada que requer grande habilidade de quem a pratica. No judô, os casos de morte aparente acontecem em consequência de golpes nos testículos, na cabeça, ou por estrangulamento. Para cada um desses tipos, há um kuatsu específico, embora todos se complementem.

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