IDENTIDADE RELIGIOSA

 

 

Por muitas e muitas vezes questionamos a razão pela qual tratamos o nosso credo como algo subalterno perante aos demais, escondendo de forma quase que generalizada a nossa condição de candomblecistas ou sendo mais especifico Afrodescendente, somente assumida em nosso universo fechado.

Então, comparando-a com as oferecidas por outras, conclui que, em sua essência , ela nada contraria o apresentado por aquelas, tendo, provavelmente, em sua origem,dado nascimento a algumas delas.

Assim, podemos considerar tal situação e analisarmos, visualizando as pressões que durante muito tempo foram exercidas sobre nossos ancestrais nesta terra e que, até presentemente, têm forte influência psíquica e sociológica sobre uma imensa maioria de adeptos, podemos entender  que, na atualidade, o maior entrave a esta assunção de identidade e de valorização do grupo como um todo, não está mais na repressão ao credo e, tampouco, na divisão e concorrência naturais que o permeiam, mas sim na falta de um conhecimento mais profundo do mesmo no que se relaciona à nossa cosmovisão.

Um conhecimento que, resguardados rituais e litúrgias que devam ser restritos, que mantendo em suas bases a tradição oral de transmissão dos mesmos, obedecendo ao tempo, as funções e aos cargos de cada um, permita-nos sair da inércia restritiva das coisas ligadas a feitura, ebós, cantigas e fundamentos esparsos, tirando-nos da “práxis” litúrgia e alçando-nos ao mínimo de entendimento global das diversas estruturas dessa Cosmovisão, que não se restringe aos Voduns/Orixás, Odús, Babás, etc, das quais inequivocamente são partes importantíssimas e fundamentais, mas da mesma forma que nós, Araiyè, são partes de um todo. E para isso devemos aculturar-nos.

Temos que ser conscientes de que, qualquer que seja sua forma, não estamos  imunes a erros e tampouco somos senhores da verdade. Mas, mesmo assim, uma das poucas coisas que podem contribuir para o não entendimento do nosso universo é a questão da aculturação, particularmente da negação de sua necessidade, posto que somente ela permitirá entendermos a nós mesmos e à nossa RELIGIÃO, e o que é mais importante, aos outros e ao meio que nos circunda neste hoje mundo globalizado.

Podemos sentir que já e hora de darmos  início a uma caminhada no sentido de criar alguma sensibilização relativa à questão da aculturação, de modo a que os nossos percebam que, mais do que praticantes, são e somos partes vitais da mais bela e desprendida das RELIGIÕES que neste mundo se prática.

Todas as religiões merecem o devido respeito e consideração e, ademais, a cada um o seu caminho.

 

PILARES DE UMA RELIGIÃO

A palavra religião, de origem latina, significa religar. “Stricto sensu” quer dizer: religar o homem a DEUS.

Podemos afirmar que toda e qualquer religião está assentada em três pilares básicos : Fé, Moralidade e Liturgia.

Religião lida com crenças em algum Poder e/ou Seres superiores, que são aceitos como tendo influência sobre seus devotos. Isto é FÉ.

Esta convicção sempre compele seus seguidores a comportarem-se em seu meio sócio-cultural dentro daquilo que, acreditam, agradará ao objeto de sua fé. Aqui, temos formas morais e éticas de comportamento. Isto é MORALIDADE.

Por seu turno, isto conduz a encontros de professantes que expressam em público sua fé e crença em seus senhores espirituais. Isto é LITURGIA.

Estes três elementos, comuns a todas as religiões, em nenhuma delas está ligada à palavra escrita. Uma religião não deixa de ser uma religião ou uma GRANDE RELIGIÂO por que não possui escrituras. Pelo contrário. È total veleidade insistir que um livro é evidência da existência de uma religião ou, pior ainda, classificar religiões como grandes ou pequenas, baseando-se em escritos sem origem, ou como em boa parte dos casos, escritos deturpados pelo  interregno entre o ato do verbo e o da transposição para o papel. E, sobre isto, vamos, por enquanto, passar ao largo.

E aqui está a razão básica que nos leva a aglutinar estes conhecimentos derivados da aculturação da Religião Candomblecistas e que procuram comprovar não para nós, já consciente do fato, mas para aqueles nossos irmãos que ainda não possuem essa consciência, de que o CAMDOMBLÈ, qualquer que seja a sua bandeira, é uma RELIGIÃO. E, sem desmerecer as demais,  a mais bela de todas.

 

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