História: periodização, Estado, escrita e arte monumental

 

Essa periodização foi imaginada pela primeira vez durante o Iluminismo na Europa do século XVIII, deixa de fora: a “pré-história”, aquilo que vem antes da “história”. Aprendemos normalmente que a história começa quando surge a “civilização” ou um de seus indicadores, a escrita. A ideia de “civilização” inclui a escrita, mas também a emergência do Estado e a construção de monumentos e obras públicas. Depois que a civilização emergiu, no Oriente Médio e no Egito, ela teria se espalhado, por conquistas militares ou por difusão de conhecimentos, para outras áreas. Mas a civilização não poderia ter surgido assim, do nada. Antes dela, tinham que vir, em ordem cronológica, a “revolução neolítica” (a invenção da cerâmica, da agricultura e da pecuária, a sedentarização e, mais tarde, a urbanização), a metalurgia do bronze e, em seguida, a do ferro.

Hieróglifos do Papiro de Ani, um exemplo do Livro Egípcio dos Mortos

O primeiro problema dessa narrativa é que ela está impregnada de evolucionismo. A Europa dos séculos XVIII e XIX gostava de se pensar como a herdeira “natural” dos grandes impérios e dos grandes monumentos da Antiguidade. Assim, ela fez da história do Egito e da Mesopotâmia os capítulos iniciais de sua própria história. O segundo, é que, muitas vezes, as coisas simplesmente não aconteceram dessa forma. Boa parte das inovações que constam da lista de pré-requisitos da civilização foi inventada ou descoberta de maneira independente diversas vezes, ao longo de muitos séculos ou, mesmo, de milênios. Ainda é importante acrescentar que a ausência da escrita em uma sociedade não significa que ela seja mais “atrasada”, mais “primitiva”, ou menos “sofisticada” que as outras. O caso da África ilustra bem esse ponto.

Igreja de Saint George, em Lalibela, Etiópia

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