História Econômica da Região Nordeste: do século XX aos dias atuais

 

Desde o final do século XIX, o Nordeste ficou conhecido como uma área de expulsão populacional, e durante o século XX ficou caracterizada como a “região problema”.

Após o declínio da cana-de-açúcar, o Nordeste acabou perdendo o posto de região concentradora de poder e riquezas, mas os engenhos de cana acabaram deixando um legado de práticas políticas que resistem até os dias atuais, com a imposição de interesses de famílias tradicionais e grupos ligados ao agronegócio, envolvendo a concentração de terras e de riquezas. Apesar de a seca ter causas naturais, seus efeitos são agravados pela “indústria da seca”, que corresponde aos interesses das oligarquias locais, aumentando a concentração de renda e perpetuando práticas como o coronelismo.

Durante o ciclo da borracha ocorrido na Amazônia, ao final do século XIX, a região Nordeste começou a conhecer uma das suas características mais marcantes: uma área de repulsão populacional. Centenas de milhares de nordestinos, em sua maioria fugindo do flagelo da seca, dirigiram-se para as zonas de extração do látex, em especial nos estados do Pará e Amazonas.

Como o Sul e Sudeste passaram a concentrar as atividades econômicas mais relevantes e as principais decisões políticas de âmbito nacional a partir de meados do século XIX, coube ao Nordeste a manutenção de uma realidade agrária, com forte atraso econômico e estrutural.

Até o primeiro quartel do século XX, a agricultura monocultora ainda representava a principal atividade econômica da região, juntamente com a pecuária extensiva. A partir da década de 1950, a construção de usinas hidrelétricas, a se destacar a usina de Paulo Afonso (Bahia), inaugurada em 1955, a expansão das rodovias e as políticas de incentivos fiscais começaram a atrair empresas de ramos diversificados para a região, assim como a descoberta de Petróleo no litoral da Bahia e Rio Grande do Norte, responsáveis pela formação de polos petroquímicos, que exerceram atração de ramos correlatos.

No início da década de 1960, foi criada a SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), uma iniciativa do governo federal para desenvolver economicamente e socialmente a região, que organizou levantamentos para a construção de projetos de irrigação, capacitação agrícola e projetos industriais. Infelizmente, grande parte dos projetos idealizados pela instituição acabou beneficiando usineiros e exportadores de produtos agrícolas.

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O processo de industrialização no Sudeste e no Sul provocou, no início da década de 1950, a migração intensiva de população nordestina em busca de trabalho na indústria e no comércio nas cidades que começavam a prosperar, principalmente na região metropolitana de São Paulo. Em razão da falta de planejamento em todas as regiões envolvidas, essa concentração populacional não foi acompanhada de melhorias na educação, saúde, saneamento básico e habitação nas áreas que receberam esse contingente de nordestinos. Também não ocorreu nas áreas de origem desses imigrantes políticas públicas eficientes para fixar essa população de maneira equilibrada e com garantias sociais.

Os empreendedores necessitavam de mão-de-obra barata, e os nordestinos buscavam essas ocupações. Como resultado imediato, ocorreu o crescimento desordenado de diversas cidades brasileiras, perpetuando a desqualificação profissional e as desigualdades sociais.

As migrações de nordestinos para o Sul e Sudeste começaram a diminuir durante a década de 1990. A princípio, tal fato tem relação com o processo de desconcentração industrial ocorrido nos grandes centros. Desde a apresentação dos dados do censo 2000, chama atenção as migrações de retorno, principalmente de nordestinos, aos estados de origem, seja pelo estado de degradação social encontrada nas áreas onde residem ou pelo surto de crescimento econômico que está ocorrendo em algumas localidades nordestinas.

Diversas obras estruturais (algumas delas relacionadas à Copa do Mundo em 2014, geração de energia, Transposição do São Francisco), descoberta de minérios e a chegada de indústrias de diferentes setores contribuem para esse fenômeno. Potenciais relacionados ao turismo e atividades tradicionais possuem capacidade de fortalecer os vínculos entre a população residente e seus territórios, mas ainda não estão sendo realizados de forma a aproveitar todo esse potencial.

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