HISTÓRIA DA RECREAÇÃO

 

O “moderno” conceito de recreação foi criado e amplamente difundido nos EUA, no final do século XIX.
Neste período, a Recreação foi revestida de uma finalidade social.
Passou a ser vista como parte da religião, da educação e do próprio trabalho, sendo planejado e incentivado por entidades “sérias” (ex. YMCA – Associação Cristã de Moços).
A princípio, os espaços utilizados para suas práticas eram simples parques infantis (play-ground em inglês / kindengarten em alemão).

Mas, à medida que começaram a ser utilizados por adolescentes e adultos, tiveram seus programas ampliados e não mais se restringiram aos jogos, sendo enriquecidos com músicas, esportes, teatro, trabalhos manuais, estudos da natureza, entre outras opções.
“A alegria e a felicidade que derivam da recreação comunitária enriquecem a vida e são essenciais à tranqüilidade, a ordem e a segurança social”.
Estes eram os grandes valores sociais da recreação nos EUA de 100 anos atrás.

As atividades recreativas deveriam se desenvolver, principalmente, ao ar livre, organizado por instrutores profissionais ou voluntários.
Este conceito se difundiu no Brasil, em que desde o início do século XX, privilegiou-se a discussão dos jogos e brincadeiras, especialmente para crianças.
Assim, os “manuais de recreação” surgiram para atender, inicialmente, a demanda de um preenchimento adequado do tempo livre na infância.

A partir dos anos 1920, a influência do modelo chamado “Escola Nova” ampliou as discussões sobre práticas recreativas.
Na “Escola Nova”, a criança não é um adulto em miniatura.
Despertar o interesse pelo aprendizado é o melhor instrumento pedagógico usado pelo professor.
Este tem um papel de facilitador do processo de busca do conhecimento.
Sendo o ensino baseado no aluno, valoriza-se o processo ao invés do produto, estimulando a atenção, a curiosidade, a espontaneidade e o prazer em aprender.

Com ênfase nos aspectos operacionais dos jogos e brincadeiras propostos, sobretudo, para crianças, coube à Educação Física a responsabilidade de desenvolvê-los no Brasil, sendo tanto o processo como o produto da ação recreativa preestabelecidos e controlados pelo professor, técnico ou instrutor.
O símbolo precursor desta iniciativa no país foi Frederico Gaelzer, funcionário nos anos 1920 do Serviço de Recreação Pública de Porto Alegre.

Sendo vista como uma estratégia de educação e controle social, a recreação foi amplamente utilizada com o objetivo de organizar o “tempo de lazer” de pessoas de distintas faixas etárias, especialmente das massas trabalhadoras, procurando minimizar os “perigos” causados pelo tempo ocioso.
Nesse âmbito, o lazer desvinculado das práticas recreativas orientadas era visto como algo vazio, como um tempo desocupado ou mal usufruído.

QUE TIPO DE CONSEQÜÊNCIAS OCORREM NA INCESSANTE BUSCA PELA “PRODUTIVIDADE MÁXIMA”, “CONTROLE PERMANENTE” E “PADRONIZAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS DE LAZER”?
Nota-se a importância da inter-relação entre recreação, educação, lazer e trabalho, a partir dos valores hegemônicos da primeira metade do século XX, que nos influenciam até os dias atuais, ainda que “os valores do uso do tempo livre” estejam, gradativamente, se transformando.

A partir da segunda metade do século XX, a forma de encarar as práticas recreativas e/ou de lazer se transformaram, especialmente na Europa.
Nascia, no período pós-guerra e numa sociedade ávida por liberdade, igualdade e fraternidade, a SOCIOLOGIA DO LAZER.
Assim, nos últimos 60 anos, o lazer vem ganhando importância em termos acadêmicos e socioculturais, e a recreação, ao menos no Brasil, foi categorizada de modo mais pontual dentro do contexto das experiências de lazer, sendo associado, geralmente, a atividades ou práticas orientadas de caráter cultural e/ou esportivo.

Porém, desde DUMAZEDIER, o lazer tinha um significado próprio à sociedade, DESVINCULADO DAS OBRIGAÇÕES, RELIGIOSAS, FAMILIARES, POLÍTICAS.
Assim nasce a ESCOLA EUROPÉIA DE LAZER, mais libertária, espontânea e preocupada com as conseqüências socioculturais das vivências no tempo livre.
Esta se difere da ESCOLA NORTE-AMERICANA DE LAZER, baseada na intervenção estatal e, depois, das empresas, que deveriam zelar pelo bem-estar da população trabalhadora, através de VIVÊNCIAS ORIENTADAS e sempre vinculadas ao benefício da EDUCAÇÃO FORMAL, RELIGIÃO, POLÍTICA, FAMÍLIA E TRABALHO.

Nas últimas décadas, o Brasil tem utilizado as duas correntes, na condução de políticas de lazer.
Contudo, tais políticas são, em geral, superficiais, descontinuadas e desprovidas de gestores capacitados.
Um exemplo disso é que os profissionais de Educação Física e de Educação, principais disseminadores do aspecto técnico-operacional das práticas recreativas, continuam baseando sua atividade em “Cartilhas”, em dissonância a um modelo societário pós-industrial, em que a liberdade, a flexibilidade e a customização de serviços e experiências têm se tornado pressupostos.

Esta negligência em relação a importância de se mesclar práticas espontâneas de lazer e vivências orientadas de recreação, trouxeram a esta ausência de estudos mais aprofundados.
Isto traz como conseqüência a visão ultrapassada de que Recreação estaria vinculada somente a manuais de jogos e brincadeiras programadas essencialmente para crianças.

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