Governo Lázaro Cárdenas

O governo de Lázaro Cárdenas (1934-1940) foi a maior expressão do populismo mexicano. Contrariando interesses do capital estrangeiro nos setores industrial e agrário, buscou criar sua base de sustentação nos meios operário e camponês. Sua economia, nacionalista, assustou os setores conservadores da sociedade mexicana, que se aliaram ao capital estrangeiro.

Cárdenas procurou apoio em diversos setores da sociedade, destacando-se o Exército, a classe operária(CTM – Confederação dos Trabalhadores Mexicanos) e os camponeses (CNC – Confederação Nacional Camponesa). Preservando-se no poder, afastou os simpatizantes e partidários do antigo presidente das Forças Armadas e dos órgãos públicos.

Economicamente procurou modernizar a economia, tanto no setor industrial como no setor agrícola. A indisposição com os interesses do capital estrangeiro foi imediata, notadamente com o capital norte-americano, tendo adotado um discurso nacionalista e anti-imperialista.

Pelo Plano Sexanal, o governo nacionalizou ou colocou sob seu controle os setores básicos da economia. A questão petrolífera foi, sem dúvida, a questão de maior destaque no governo Cárdenas, pois dois grandes monopólios detinham o controle da exploração do petróleo mexicano: a Royal Dutsh-Shell (anglo-holandesa) e a Standart Oil (Estados Unidos).

Retrato de Lázaro Cárdenas. Lázaro Cárdenas ao centro.

Em 1938, o governo empreendeu a expropriação dos bens dessas companhias, nacionalizando-as,contando, para isso, com o apoio e a mobilização dos trabalhadores nos campos petrolíferos. Naquele momento, o México adotara uma política de aproximação com os países do Eixo e a conjuntura internacional apontava para uma possível Segunda Guerra. Diante disso, o presidente norte-americano, Roosevelt, conservou as bases da diplomacia da Política de Boa Vizinhança e evitou um conflito com o México, considerando-o um possível aliado durante a guerra que se avizinhava.

O nacionalismo de Cárdenas estendeu-se também para a questão agrária, contrariando, novamente, o interesse de grupos norte-americanos que detinham grandes latifúndios. Ao confisco das terras, adotou-se o ejido como forma de propriedade rural. O ejido, na realidade mexicana, é uma propriedade rural do Estado, de uso coletivo, sendo que os equipamentos e demais produtos necessários à produção são financiados pelo Banco Nacional. Assim, cerca de metade das terras agricultáveis do México foi entregue aos camponeses, superando, quantativamente, todas as políticas de distribuição de terras até então realizadas, embora a grande maioria da população camponesa continuasse trabalhando em latifúndios.

Mantendo a política, Cárdenas nacionalizou ferrovias e deu estímulo à indústria nacional em detrimento do capital estrangeiro.

O Estado Populista de Cárdenas interveio nas relações trabalhistas, funcionando como árbitro nos conflitos entre capital e trabalho, mantendo, porém, o movimento popular atrelado ao Estado. Apesar do avanço dos direitos trabalhistas em seu governo, jamais se pensou em transformar o México em um regime socialista, embora o discurso do governo apontasse críticas ao imperialismo norte-americano e à oligarquia agrária mexicana.

No campo educacional, instituiu-se a gratuidade do ensino primário e do secundário, a criação de escolas técnicas e a laicização do ensino.

A oposição, embora pequena devido ao grande apoio social ao governo Cárdenas, organizou um partido, a União Nacional Sinarquista, ou sinarquismo, composto por setores militares, funcionários públicos e grupos de tendências fascistas.

O Partido Nacional Revolucionário, de Cárdenas, reestruturado, passou a ser denominado de Partido da Revolução Mexicana (PRM) e, em 1946, de Partido Revolucionário Institucional (PRI). O PRM manteve, por exemplo, as estruturas do poder nos moldes burgueses, com eleições e divisão dos poderes, embora em seu programa constasse o projeto de socializar a economia mexicana.

Ao término do governo Cárdenas, o temor do avanço das camadas populares levou a burguesia mexicana, que antes apoiava a política nacionalista e anti-imperialista, a se unificar e aproximar dos Estados Unidos, assumindo uma diretriz conservadora.

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