Geografia Ambiental

GEOGRAFIA AMBIENTAL

1 INTRODUÇÃO 2
2 HISTÓRICO 3
2.1 A GEOGRAFIA FÍSICA E SUA PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE 3
2.2 AS GUERRAS MUNDIAIS 3
2.3 GUERRA FRIA E IMPERIALISMO – OS MOVIMENTOS SOCIAIS 4
3 CONCEITOS 6
4 PRINCIPAIS AUTORES 8
4.1 HUMBOLDT 8
4.2 RITTER 8
4.3 TRICART 9
4.4 AB’SÁBER 9
4.5 OUTROS AUTORES 9
5 CONTEXTO ATUAL 11
5.1 PROBLEMAS AMBIENTAIS 11
5.2 CONFERÊNCIAS 12
5.2.1 ESTOCOLMO – 1972 12
5.2.2 PROTOCOLO DE KYOTO – 1997 13
5.3 CONFERÊNCIAS NO BRASIL 14
5.3.1 ECO 92 14
5.3.1.1 Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 15
5.3.1.2 Agenda 21 15
5.3.1.3 Princípios para a Administração das Florestas 16
5.3.1.4 Convenção da Biodiversidade ou Diversidade Biológica 16
5.3.1.5 Convenção sobre Mudanças do Clima 16
5.3.2 RIO +20 – 2012 17
6 CONCLUSÃO 18
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19

1 INTRODUÇÃO

Desde o inícioda Geografia como ciência autônoma, há uma ligação desta com o meio ambiente e, mais atualmente, até mesmo com a temática ambiental. O surgimento de termos como “desenvolvimento sustentável” ou “socioambiental” é reflexo do processo de urbanização do mundo em geral e os impactos causados por este fenômeno no planeta. A Geografia, enquanto ciência que estuda a sociedade e a relação desta com o espaço, se mostra presente nesta temática a partir da Geografia Ambiental.
O presente trabalho visa passar ao leitor a importância e influência dos estudos nessa área sobre a Geografia, tanto física quanto humana. O principal objetivo é fornecer uma contextualização da Geografia Ambiental dentro da atual sociedade, que se encontra em desenvolvimento tecnológico e urbano, analisando sua importância no estudo da ocupação do espaço pelo homem. Além disso, o histórico das diferentes abordagens apresentadas por autores de diferentes escolas durante a evolução da Geografia Moderna, cada um analisando o tema sob uma perspectiva particular (enfocando o social ou o natural), serão aqui mostradas como parte essencial ao desenvolvimento da Geografia Ambiental, para que esta se tornasse o atual campo estudado neste trabalho.

2 HISTÓRICO

2.1 A GEOGRAFIA FÍSICA E SUA PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE

A Geografia é uma ciência que estuda a terra e sua interação com a sociedade, portanto ela tem grande importância ambiental, uma vez que outras áreas, como a biologia e a botânica, estudam o meiosem a interação humana. A Geografia desde seus princípio no século XIX foi considerada ambiental, pois era responsável pela descrição do meio. Porém, neste contexto ainda não existia uma ciência ambiental tendo em vista que as pesquisas se limitavam a descrever as diversas paisagens.
Humboldt, naturalista, deu início à Geografia Física, como resultado de diversas viagens no qual observou e relatou o meio ambiente, clima, fauna e flora de diversas regiões do globo, buscando, assim como seu conterrâneo Karl Ritter, leis gerais que explicassem a interação do planeta. O período clássico da Geografia foi todo dominado pela parte física, sobretudo pela influência do campo geomorfológico, com Davis e Penck. Nesse período ainda se via uma interação dos agentes naturais, portanto a climatologia, pedologia, geologia e etc., eram áreas de conhecimentos separados. Com a definição de escolas, houve alguns avanços na área, que ocorreram, sobretudo, após a Primeira Guerra Mundial. A escola Alemã foi uma das primeiras a pensar no meio ambiente de forma diferente, pois tal termo na época era sinônimo de natureza, pensamento que só mudou nos anos 50/60.
Os modelos de Von Thunnen, nos quais se pensava em uma disposição melhor da agricultura e a necessidade da preservação do meio. Na escola francesa, Jean Brunhes pensou na melhor ocupação do solo, pois ele poderia ser de maneira destrutiva se não fosse mais bem planejado.

2.2 AS GUERRAS MUNDIAIS

As duas grandes Guerras Mundiais foram aponte de transição do pensamento ambientalista. O conceito de guerra total foi introduzido na época com o objetivo de definir o forte poderio bélico, principalmente de aviões e artilharia, que foram responsáveis pela grande catástrofe do meio ambiente (que ficou seriamente danificado) bem como da população residente, que teve grande deficiência nos serviços higiênicos, de alimentação, abastecimentos e moradia.

2.3 GUERRA FRIA E IMPERIALISMO – OS MOVIMENTOS SOCIAIS

Após o fim da 2º Guerra Mundial, o medo de uma revolta nuclear entre URSS e Estados Unidos, a chamada “Guerra Fria”, fez com que vários movimentos sociais surgissem principalmente entre os jovens, como o movimento hippie, que surge na América como forma de protesto, em busca de paz e respeito à natureza.
A população em geral já se reorganizava, de modo que a reconstrução da sociedade que, principalmente na Europa, estava destruída em todos os elementos, procurando um modo em que as políticas sociais e econômicas respeitassem o meio ambiente e o povo. É com essa nova realidade que os cientistas passam a trabalhar com vários trabalhos de reorganização dos espaços. Mesmo assim, só ganham força a partir da década de 90.
Portanto, com o final da Guerra Fria, após a queda da União Soviética em 1991, o mundo iniciou uma nova etapa de relações geopolíticas, com os Estados Unidos como grande potência e o sistema capitalista como determinante. As discussões, portanto, que permaneceram por anos focadas em disputasideológicas, agora se voltavam para outros problemas, como a erradicação da pobreza e a degradação ambiental. No ano de 1992, é realizada a “Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento”, também conhecida com RIO 92. Quanto a matéria ambiental, aquela Conferênca abriu espaços à participação e atuação da população na preservação e na defesa ambiental, impondo a coletividade o dever de defender o meio ambiente (artigo 225, “caput”, CF/88) e colocando como direito fundamental de todos os cidadãos brasileiros, a proteção ambiental determinada no artigo 5º, inciso LXXIII, CF/88 (Ação Popular).
Estabeleceu-se que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, assegurando a todos o direito ao meio ambiente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo à atual e às futuras gerações, além de ter ampliado as ações judiciais na tutela ambiental. É notável que o interesse por parte das instâncias políticas e de imprensa cresceu. Isso se deu devido a essa preocupação já estar muito forte nas ideias da população, o que fez com que as autoridades se vissem obrigadas a, ao menos, discutir o assunto.
No âmbito da globalização, que marcou a economia e as relações internacionais a partir do século XX, várias são as manifestações que constituíram um processo de “desterritorialização”, no qual o Estado perde de forma implícita, parcial ou total a soberania de seu território em suas decisões. Isso ocorreu devido,principalmente, à política expansionista do comércio norte – americano, que consiste em blindar e fortalecer a indústria nacional e transferir os processos para outros países, no caso, os chamados de “terceiro mundo”. É a partir, daí que novos movimentos, como os dos hippies, surgem muito fortemente, principalmente na América Latina. Esses movimentos são contrários à política capitalista de exploração e lutam em busca de uma “independência” dos países, em relação às empresas estrangeiras. A degradação ambiental, gerada por essa política tem impactos muito fortes, principalmente nos países africanos.

3 CONCEITOS

Ao longo dos anos, com os diversos fenômenos que atingiram a sociedade e o meio em que esta se encontra, muitos termos foram criados ou desenvolvidos por profissionais de diferentes áreas, utilizados para designar estes acontecimentos tanto em trabalhos ou artigos acadêmicos, quanto em meios de comunicação da imprensa. Alguns se tornaram banalizados devido ao uso indiscriminado no cotidiano, outros se tornaram essenciais aos estudos da Geografia Ambiental.

a) Meio Ambiente: Mudou de conotação através dos tempos, principalmente no século XX. Era o conceito utilizado para designar o resultante de todos os fatores externos sobre um “sujeito”. Com a influência do jornalismo e da mídia, tornou-se um termo banalizado. Entretanto, em todos os meios em que é empregado, a priori já é diretamente relacionado à natureza;
b) Socioambiental: Termo de muita utilização nos temposatuais. Tornou-se difícil falar de meio ambiente sem analisar a interação sociedade-natureza. “Socioambiental” é o termo relativo ao envolvimento do homem enquanto sujeito com a problemática ambiental;
c) Globalização: Não há uma definição geral aceita. Pode ser definida, entre outras coisas, como a interligação dos mercados nacionais aceleradamente. Influencia no meio ambiente principalmente sobre os sistemas produtivos e hábitos de consumo;
d) Desenvolvimento Sustentável: O termo surgiu a partir de estudos da ONU no século XX. No relatório da conferência Rio 92, o termo é definido como “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. Embora não especifique quais são as necessidades do presente e do futuro, chamou atenção por expor a necessidade de encontrar uma forma de desenvolvimento econômico sem danos ao meio ambiente;
e) Natureza: Pode ser compreendida no âmbito da Geografia em duas diferentes abordagens:
1. Externa ao homem, não depende de sua força de intervenção. É a partir e por causa da natureza que o homem pôde se organizar socialmente.
2. A natureza é a reprodução dos seres que nela intervêm. Portanto, a natureza não é externa ao homem, mas sim é fruto da presença humana em si.

Ao longo do desenvolvimento da Geografia como ciência, esses e muitos outros termos foram muito utilizados e modificados para designar seus respectivos fenômenos, mas, dependendo doautor e sua linha de pensamento, traziam um conceito diferente do inicial, direcionando o estudo para outras abordagens, seja na Geografia Ambiental quanto em outras áreas do conhecimento, inclusive não geográficos.

4 PRINCIPAIS AUTORES

Aqui serão apresentados alguns dos mais importantes geógrafos cujos trabalhos influenciaram os estudos de Geografia Ambiental. Dentre os principais autores estão Alexander Von Humboldt, Carl Ritter (ambos da Alemanha), Jean Tricart (na França) e Aziz Nacib Ab’Sáber (no Brasil).

4.1 HUMBOLDT

Humboldt (Berlim, 1769 – 1859) foi um naturalista e explorador prussiano, conhecido como o percursor de diversas ciências, entre elas a Geografia. Realizou diversas viagens a diferentes países e regiões do mundo, conhecendo as características naturais de cada um, o que se tornou o foco de seus trabalhos.
Escreveu suas obras em um contexto simultaneamente positivista (do ponto de vista científico) e romântico (do ponto de vista literário). Humboldt descrevia a natureza como um organismo único superior a tudo, como uma divindade, composto por partes interligadas em harmonia. Em seu método de representação do espaço, procurava mesclar a descrição, a comparação das áreas e uma perspectiva histórica das mesmas. Humboldt, por ter feito estudos em diferentes áreas (como climatologia, geomorfologia, hidrografia, zoologia, etc.), conseguiu relacionar os diferentes aspectos e a maneira como estes influenciam no meio ambiente (ainda não utilizando estetermo) em si.
Dentre suas principais obras estão “Os Quadros da Natureza” e “Kosmos”, onde procura descrever as paisagens visitadas ao redor do mundo de um ponto de vista estético e científico simultaneamente.

4.2 RITTER

Carl Ritter (Quedlinburg, 1779 – 1859) foi também um naturalista prussiano, formado filósofo e historiador.
Apesar de não ser um grande viajante, como Humboldt, Ritter também se preocupou em descrever as características das diferentes paisagens que estudou. Entretanto, definiu o conceito de “sistema natural”, onde procurava fazer essa descrição de maneira regional, isto é, analisando os fenômenos de cada lugar separadamente com suas características individuais, sempre os relacionando com o homem e a sociedade.
Suas maiores obras são “Comparative Geography” e “A Geografia de acordo com a Natureza e a História do Homem”, onde, além de descrever o espaço e fisionomia do globo, também analisou leis e costumes dos povos e sociedades.

4.3 TRICART

Jean Tricart (Montmorency, 1920 – 2003), foi um geógrafo francês do século XX. Conhecido por seus estudos na Geomorfologia, criou uma metodologia que foi muito importante no campo de estudo do meio ecológico, enfatizando a gestão, o planejamento e a proteção para um desenvolvimento sustentável. Sua principal obra é a “Ecodinâmica” (1977), onde sugere uma integração de diversas áreas com o fim de se fazer uma recuperação e reordenamento do espaço.

4.4 AB’SÁBER

Aziz Nacib Ab’Sáber (São Luís doParaitinga, 1924 – 2012) foi um geógrafo muito conhecido por sua atuação nas áreas da Geomorfologia e de Planejamento Ambiental, sendo um dos maiores ambientalistas do país. Juntamente com Bigarella, Ab’Sáber liderou uma “revolução” na geomorfologia climática no Brasil, uma vez que os trabalhos de L. King não foram suficientes para resolver o problema dos pedimentos e pediplanos à época. Em seus estudos, além de fazer a análise e diagnóstico geomorfológicos, Aziz procurava realizar o planejamento das áreas lutando pela preservação local, como no Zoneamento Ecológico-Econômico da Amazônia. Foi também militante das causas ambientais, utilizando seu conhecimento de acadêmico em críticas a políticas que não respeitassem o meio ambiente, como no caso do Novo Código Florestal, já no século XXI.

4.5 OUTROS AUTORES

Alguns outros autores se destacam por suas contribuições, às vezes até indiretas, à Geografia Ambiental. Sotchava e Bertrand, geomorfólogos do século XX, tiveram grandes contribuições através de seus estudos com geossistemas, dividindo o estudo da região em zonas a partir da escala. Com o planejamento ambiental, zoneamentos e avaliações de impactos, a teoria de geossistemas passou a ser a principal forma de se executar esta análise ambiental.
No Brasil, destacam-se os trabalhos de Valter Casseti que, além de atuar na área de consultoria ambiental, realizou importantes estudos em geomorfologia, contribuindo para a Geografia Ambiental brasileira. São importantes também osestudos de Francisco Mendonça principalmente nas áreas de Epistemologia da Geografia e sua parte ambiental (sendo a Geografia e Meio Ambiente uma das principais obras na área) e no estudo do ambiente urbano, muito relacionado à climatologia.

5 CONTEXTO ATUAL

Após o fim da guerra fria houve uma série de transformações nas relações econômicas, geopolíticas, e também nas discussões de interesse global. As quais passam a abarcar temas como a pobreza e degradação ambiental, ambos que por muitos são tidos como a escória capitalista.
Na RIO 92, se debateu a Nova Ordem Mundial e temas ambientais, mas deve-se destacar também que através desse evento as discussões ambientais passaram a do meio acadêmico a integrar o cotidiano de todos os segmentos sociais, embora guiados pela ideologia alarmista estabelecida pela mídia. Como consequência começaram as revindicações de políticas publicas com ênfase na sustentabilidade socioambiental.
No final do século XX, com a globalização, percebeu-se que os Estados Nacionais perderam autonomia (parcial ou total) sobre seu território em certas tomadas de decisões de, por exemplo, caráter ambiental. Pois a lógica do capital muitas vezes entra em choque com a preservação do espaço, pois a viabilidade econômica acaba sendo fator de suas decisões. Diante dessa situação muitas empresas passaram a se projetar no mercado com o Ecomarketing.

5.1 PROBLEMAS AMBIENTAIS

Dentre os problemas ambientais mais discutidos atualmente, provável que amais polêmica e polarizada seja a situação climática atual. A questão é muito abrangente, pois implica desde a base energética utilizada, a preservação ambiental entre outros fatores. Mas há muitas divergências entre estudiosos da área.
Outros assuntos muito discutidos são o aquecimento global e a diminuição da camada de ozônio, ambos rejeitados por especialistas nessa área, como Aziz Nacib Ab’Saber. Quando questionado sobre o porquê de afirmar que o aquecimento global não destruirá a Amazônia nem a mata Atlântica, o geógrafo respondeu:
Houve muito alarmismo nessa questão. Embora algumas afirmações tenham sido feitas por bons cientistas,muitas conclusões foram divulgadas de forma equivocada. Logo me irritou a afirmação de que a Amazônia desaparecerá e o cerrado tomará conta de tudo. Como há décadas estudo o problema dasflutuações climáticas e o jogo do posicionamento parcial dos grandes domínios geográficos brasileiros, senti-me ofendido culturalmente. Não havia ciência na afirmação.
Quanto a opinião em relação às divulgações sobre o aquecimento global na mídia, Ab’Sáber disse que
Sim. Uma coisa é o aquecimento global, outra é sua continuidade ou não ao longo dos anos. Os cientistas dizem que vai ser sempre assim. O planeta ficará cada vez mais quente. Com isso, o calor provocará mais derretimento de geleiras, o que aumentará ainda mais o nível do mar. E assim sucessivamente. Esse raciocínio é muito simplista. Não temos como saber nos próximos anos como o mar vaisubir. Portanto, também não temos como avaliar quanto ele irá se elevar daqui a 100 ou 200 anos. Nesse período os continentes podem até abaixar mais e as águas do mar, inundar zonas costeiras bem maiores. Ou o contrário. Eles podem subir como ocorreu depois do Plioceno. E com isso o mar irá recuar. Didaticamente, eu fiz os cálculos para dez, 50 e 100 anos. Depois parei. Ainda há a questão das diferenças entre as marés baixa e alta. Na costa do Maranhão, por exemplo, essa diferença é de 8 metros. Tudo isso não foi considerado.

5.2 CONFERÊNCIAS

O termo conferência pode ser designado como uma conversação entre duas pessoas ou mais, sobre negócios de interesse comum ou uma preleção pública sobre assunto de interesse comum. No caso da questão ambiental, algumas conferências foram importantes por reunirem as opiniões de muitos países de todas as partes do mundo a respeito do tema.

5.2.1 ESTOCOLMO – 1972

Foi a primeira conferência organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas). Teve como objeto central o Meio Ambiente Humano e Documentos Resultantes, sendo caracterizada pela preocupação com a situação do meio ambiente, altamente degradado pela incessante exploração de recursos (minerais e naturais) na busca do desenvolvimento, seja tecnológico (formas de obtenção) ou econômico (forma de agregação monetária). Pontos estes que geraram amplas discussões entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, partindo do ideário dos países desenvolvidos, o de propor o“desenvolvimento zero” no qual deviam ser interrompidos os anseios de desenvolvimento (deveriam ser estagnados projetos de industrialização e tecnologia) para que se amenizem os impactos já causados (refletindo aos subdesenvolvidos).
Os países subdesenvolvidos não concordaram com tal proposta, a qual só causaria uma maior diferença entre os países. Criaram então uma “contra proposta”, o “desenvolvimento a qualquer custo”, evidenciando uma condição desigual (pobreza) e enfatizando que a industrialização seria uma forma de melhorar as condições sociais (melhor qualidade de vida e paridade econômica). Questionavam a legitimidade das recomendações dos países ricos, que já haviam atingido o poderio industrial com o uso predatório de recursos naturais e que queriam impor aos subdesenvolvidos complexas exigências de controle ambiental, que poderiam encarecer e retardar a industrialização dos países em desenvolvimento.
A Conferência contou com a representação de 113 países e cerca de 400 instituições (governamentais e não governamentais – ONGs). Produziu a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões concernentes a questões ambientais. Outro resultado formal foi um Plano de Ação que convocava todos os países, os organismos das Nações Unidas, bem como todas as organizações internacionais a cooperarem na busca de soluções para uma série de problemas ambientais.
Dentre os principais ganhos,destacam-se: a proposta para novas conferências e tradados mundiais, a criação de PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o incentivo à criação de ONGs com a preocupação social e ambiental.

5.2.2 PROTOCOLO DE KYOTO – 1997

Embora não tenha sido uma conferência em si, foi um tratado mundial realizado em Kyoto, no Japão, assinado por 180 nações.
O protocolo consistiu num acordo entre os países na busca de se reduzir, de forma “imediata”, as emissões de gases poluentes (gases estufa) advindos principalmente das indústrias, criando um modelo limpo e que amenize tais emissões. Ficou estabelecido como países do Anexo I, sendo os que coordenam um modelo industrializado se responsabilizando por proporcionar uma diminuição na emissão de poluentes (cerca de 5,2%) entre os anos de 2008 e 2012, isso tendo como base o ano 1991, sendo necessária sua ratificação por parte dos países para que se estabeleça de acordo com cada legislação. O acordo entrou oficialmente em vigor em 2005 e ficou marcado pela recusa Norte Americana, responsável por 25% das emissões de gases no mundo.
O protocolo aborda, em questão ambiental, os problemas decorrentes desta poluição como a chuva ácida, potencial aumento do efeito estufa, o qual seria um sério risco na questão de sobrevivência. Na questão social, influem intensamente na qualidade de vida das populações, seja quanto à saúde (doenças) ou quanto ao seu meio (danificando recursos).
A principal ideia do protocolo de Kioto éa “reponsabilidade comum, porém diferenciada”, onde os países devem colaborar entre si para atingirem as metas. O protocolo sugere ações comuns como:
a. aumento no uso de fontes de energias limpas;
b. proteção de florestas e outras áreas verdes;
c. otimização de sistemas de energia e transporte, visando o consumo racional;
d. diminuição das emissões de metano, presentes em sistemas de depósito de lixo orgânico;
e. definição de regras para a emissão dos créditos de carbono (certificados emitidos quando há a redução da emissão de gases poluentes).

Alguns agravantes decorrentes dos problemas ambientais citados acima podem ser o derretimento das calotas polares, o aumento no nível do mar, a desertificação ou o aumento na intensidade dos fenômenos climáticos.

5.3 CONFERÊNCIAS NO BRASIL

5.3.1 ECO 92

Em 1988 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução determinando a realização, até 1992, de uma conferência sobre o meio ambiente e desenvolvimento que pudesse avaliar como os países haviam promovido a proteção ambiental desde a Conferência de Estocolmo de 1972. Na sessão que aprovou essa resolução, o Brasil ofereceu-se para sediar o encontro em 1992.
Em 1989 a Assembleia Geral da ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que ficou conhecida como “Cúpula da Terra”. A Conferência ocorreu dos dias 3 a 14 de junho de 1992, na cidade do Rio de Janeiro, com a participação de 179 países, incluindo 116chefes de estado, além de 1400 organizações não governamentais.
Dentre os principais objetivos da Conferência, estiveram:
a. examinar a situação ambiental mundial desde 1972 (Estocolmo) e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente;
b. estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países subdesenvolvidos;
c. examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios ambientais ao processo de desenvolvimento;
d. estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais;
e. reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as decisões da conferência.
Como resultado dos debates dessa Conferência, foram criados e assinados cinco documentos:

5.3.1.1 Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

Trata-se de uma carta contendo 27 princípios. Esse documento tem como objetivo estabelecer a cooperação entre os Estados, a sociedade e os indivíduos, trabalhando pela criação de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade global do Meio Ambiente e Desenvolvimento. É popularizado o conceito de “Desenvolvimento Sustentável”.

5.3.1.2 Agenda 21

Esse sendo um dos principais documentos elaborados na Conferência, onde trata de uma pauta de ações á longo prazo, estabelecendo os temas, projetos, objetivos, metas e mecanismos de execução para diferentestemas. Esse programa contém 4 seções, 40 capítulos, 115 programas e aproximadamente 2500 ações a serem implementadas, sendo as 4 seções subdivididas em capítulos temáticos que contém um conjunto de áreas e programas, são eles:
a. Dimensões Econômicas e Sociais: trata das relações entre meio ambiente e pobreza, saúde, comércio, dívida externa, consumo e população;
b. Conservação e Administração de Recursos: trata das maneiras de gerenciar recursos físicos para garantir o desenvolvimento sustentável;
c. Fortalecimento dos Grupos Sociais: trata das formas de apoio a grupos sociais organizados e minoritários que colaboram para a sustentabilidade;
d. Meios de Implementação: trata dos financiamentos e papel das atividades governamentais.

5.3.1.3 Princípios para a Administração das Florestas

Foi o primeiro tratado a tratar da questão florestal de maneira universal. Os países adotaram esta declaração de princípios visando um consenso global sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas.

5.3.1.4 Convenção da Biodiversidade ou Diversidade Biológica

Foi assinada por mais de 160 países e ratificada pela maioria. Os Estados Unidos não aceitaram os termos e por tanto não assinaram, o que causou grande polêmica. Essa Convenção tem como objetivo a conservação da Biodiversidade, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos.

5.3.1.5 Convenção sobreMudanças do Clima

Atualmente assinada por 192 países, tem como objetivos:
a. Estabilizar a concentração de gases efeito estufa na atmosfera num nível que possa evitar uma interferência perigosa com o sistema climático;
b. Assegurar que a produção alimentar não seja ameaçada;
c. Possibilitar que o desenvolvimento econômico se dê de forma sustentável.

5.3.2 RIO +20 – 2012

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), conhecida como Rio +20, é considerada o maior evento já realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ocorreu em 10 locais, entre os dias 13 e 22 de Junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, estavam presentes Chefes de Estados de 190 países. O principal objetivo da Rio + 20 foi discutir sobre a renovação do compromisso político das Nações com o Desenvolvimento Sustentável, além de discutir e propor mudanças sobre como então sendo usados os recursos naturais do Planeta.
O foco principal dos debates foi voltado à questão Ambiental, mas também foram tratados temas de ordem Social, como por exemplo, a falta de moradia.

6 CONCLUSÃO

Como a ciência que tem a interação entre o homem e o meio que vive como foco de estudo, a Geografia apresenta claramente, desde seus primórdios, certa relação com a natureza. Seja pela contribuição das diferentes áreas, como a geomorfologia e climatologia, seja pela posição pessoal de alguns geógrafos, a atuação destes profissionais se mostrou importante com o desenvolvimento dasquestões ambientais na sociedade. Com a utilização de novos termos, alguns derivados de conceitos da própria Geografia, empregados para designar fenômenos na superfície e que, consequentemente, se espalharam para o vocabulário de diversas outras ciências, a corrente de pensamento da Geografia Ambiental se expandiu, abrangendo também importantes papéis na política e planejamentos, tendo impactos diretos na sociedade.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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