FRUTA CARAMURI

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A fruta ‘caramuri’, típica da região do baixo Amazonas e conhecida por indígenas e ribeirinhos pelo amadurecimento somente a cada quatro anos.
Os biólogos estimam que existe 1,8 milhão de espécies de animais e vegetais catalogados na Terra e ainda de 10 a 40 milhões que não foram sequer descritas. Boa parte dos vegetais está na Amazônia, região que concentra a maior biodiversidade do planeta e uma prova desse desconhecimento é o caramuri.
Fruta de polpa muito doce, cuja safra dá de quatro em quatro anos e apenas na região do baixo Amazonas, predominantemente no Município de Maués, o caramuri é uma ilustre desconhecida no universo das frutas amazônicas, mesmo em institutos de pesquisa.
A fruta também é vista nos municípios de Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Autazes, Nova Olinda do Norte e Parintins mas tem fartura em Maués.

Na região, a frutinha é conhecida pelos caboclos por servir de “cumidia”, local onde animais silvestres vão para comer o fruto, que é muito apreciado por antas, cotias, pacas e até macacos. Segundo relatos, onde tem caramuri tem bichos de caça e, “na cola”, deles os caçadores do interior.

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O caramuri tem semelhanças com o abiu, o gosto, a semente e a textura da polpa. A diferença está em não ser ‘grudento’ e de sabor extremamente doce, ideal para o preparo de mousses e cremes.

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Abiu é semelhante ao caramuri, a diferença entre eles, é que o caramuri não tem aquela nódia que gruda na boca, e o sabor é mais acentuado e mais doce.

Beto Mafra conta que decidiu trazer alguns frutos para serem pesquisados após ver o sucesso do rambutã, fruta trazida da Malásia e adaptada à região e que hoje é vendida nas esquinas de Manaus. “Para que trazer uma fruta dessa se temos tantas aqui tão saborosas quanto?”, questiona. “Manaus vai sediar uma Copa do Mundo e porque não apresentar uma fruta saborosa como o caramuri para o turista, uma fruta nossa, tão gostosa quanto qualquer outra? Agora é preciso pesquisar, conhecê-la e depois transformá-la em produto, em sorvete, pudim, doces, cremes, mousses, essas coisas”, analisa.

Nascido na terra do guaraná, o contador Beto Mafra conhece o caramuri desde pequeno e, este ano, aproveitou a super safra que “invadiu” os mercados e feiras de Maués e trouxe alguns exemplares para distribuir a amigos pesquisadores.
“Eles levaram para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e para a Embrapa. Ninguém conhecia”, conta.
Conforme Beto, o caramuri parece ser um parente do abiu, pois tem polpa e caroço semelhantes, mas sem aquela substância que faz os lábios colam. A árvore do caramuri nasce no meio da mata, em regiões de floresta densa, tem o tamanho equivalente ao de uma mangueira e o fruto individual espalha-se pelos galhos. “Pelo meu conhecimento, ela só dá no baixo Amazonas e de quatro em quatro anos, coincidentemente em anos de Copa do Mundo e de eleições presidenciais”.

Curiosidade
O fato de o Caramuri só aparecer nas feiras e mercados de Maués a cada quatro anos e coincidentemente em anos de eleição, fez o povo associá-lo a figura do político espertalhão. “O nosso caboclo é criativo e quando vê esse tipo de político que só aparece em ano de eleição vai logo dizendo: ‘Olha alí um Caramuri!’ Se for um senador, um governador, vira logo um Caramuri-açu”.

Potencial
De acordo com o engenheiro agrônomo Luiz Antônio Cruz, o trabalho de pesquisa sobre o caramuri deve iniciar pela investigação do ciclo de germinação, como é a multiplicação da espécie e se ela se reproduz pela semente ou por estaquia (galho). “Se for por semente, se é só jogar no chão ou se há um período de dormência? Se houver dormência, é preciso ser em frio ou calor, ou frio e calor em períodos alternados?”, explica ele. Passada esta fase, salienta será investigado se de fato o caramuri só dá fruto de quatro em quatro anos e se isso é uma característica genética da espécie ou ocorre porque a árvore está em competição por luz e nutrientes no meio da floresta. “Numa terceira fase será preciso descobrir as características morfológicas, saber o PH, o teor de vitaminas e daí aferir o potencial econômico da fruta”, salienta.

Copa do Mundo 2014
A Adidas, empresa responsável pela fabricação de bolas oficiais da competição, confirmou que a fruta está na lista de nomes da Bola da Copa, a data da eleição do nome da bola ainda não foi divulgada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).
A sugestão do nome ‘caramuri’ foi dada pelo contador Vaubel Mafra, de 57 anos, que é descendente de uma família tradicional do município de Maués (a 276 Km de Manaus). A sugestão foi encaminhada por e-mail ao Governo Federal, pelo site do mundial de futebol, à Adidas e também à Fifa.

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No ano passado, Vaubel encaminhou amostras da caramuri para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Empresa Brasileira de Produção Agropecuária (Embrapa) realizarem pesquisas. “A safra da caramuri ocorre exatamente no ano da Copa do Mundo. Por isso, em 2010, alguns meses antes da Copa na África do Sul, encaminhei frutas maduras ao Inpa e à Embrapa”, disse.
De acordo com Vaubel Mafra, a preocupação em torno da caramuri é a fase de colheita. Nesta época, os índios derrubam as árvores para apanharem os frutos. “É uma questão cultural das etnias daquela região que pode ser controlada com a ajuda de pesquisas científicas com garantia de sustentabilidade. Ou seja, a preservação da espécie e a produção em larga escala. Quem sabe para o Brasil inteiro, como já ocorre com o guaraná”, avaliou.
“O Caramuri representa a região amazônica, é uma fruta doce, que nasce de quatro em quatro anos, com a casca verde, polpa branca e flor amarela, que corre o risco de extinção,ou seja, vamos lançar o nome da bola da copa e de quebra ainda vamos mostrar, mais uma vez, para todo o mundo um pouquinho da nossa rica e bela natureza, da nossa diversidade cultural e tudo isso dando ênfase a preservação do meio ambiente, tem história mais brasileira que esta?”, questionou Mafra.
Mafra disse que aposta no sucesso da caramuri. Em Maués, já existe sorvete e suco da polpa. Segundo ele, se a fruta for eleita, o nome da Copa será mais um produto que irá garantir o sustento de milhares de famílias no baixo Amazonas

 

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