(FICHAMENTO) Era dos Extremos

 
História Contemporânea
Escrito por Cadu Xavier
Qua, 14 de Outubro de 2009 00:00
HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991; Tradução Marcos Santarrita; – São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

O SÉCULO: VISTA AÉREA
Olhar panorâmico

Yehudi Menuhin (músico, Grã-Bretanha): Se eu tivesse de resumir o século XX, diria que despertou as maiores esperanças já concebidas pela humanidade e destruiu todas as ilusões e ideais.

I
II

(Pág. 15) Não sabemos o que virá a seguir, nem como será o seguinte milênio, embora possamos ter certeza de que ele terá sido moldado pelo Breve Século XX.
(22) Visto que este século nos ensinou e continuar a ensinar que os seres humanos podem aprender a viver nas condições mais brutalizadas e teoricamente intoleráveis, não é fácil apreender a extensão do regresso, por desgraça cada vez mais rápido, ao que nossos ancestrais no século XIX teriam chamado padrões de barbarismo.
(23) As “grandes potências” de 1914, todas europeias, haviam desaparecido, como a URSS, herdeira da Rússia czarista, ou sido reduzidas a um status regional ou provincial, com a possível exceção da Alemanha. O próprio esforço para criar uma “Comunidade Europeia” supranacional única e inventar um senso de identidade europeia a ela correspondente, substituindo as velhas lealdades a países e Estados históricos, demonstrava a profundidade desse declínio.
(24) A segunda transformação foi mais significativa. Entre 1914 e o início da década de 1990 o globo foi muito mais uma unidade operacional única, como não era e não poderia ter sido em 1914. Na verdade, para muitos propósitos, notadamente em questões econômicas, o globo é agora a unidade operacional básica, e unidades mais velhas como as “economias nacionais”, definidas pelas políticas de Estados territoriais, estão
reduzidas a complicações das atividades transnacionais. O estágio alcançado na década de 1990 na construção da “aldeia global” — expressão cunhada na década de 1960 (McLuhan, 1962) — não parecerá muito adiantado aos observadores de meados do século xxi, porém já havia transformado não apenas certas atividades econômicas e técnicas e as operações da ciência, como ainda importantes aspectos da vida privada, sobretudo devido à inimaginável aceleração das comunicações e dos transportes.
(25) Essa sociedade, formada por um conjunto de indivíduos egocentrados sem outra conexão entre si, em busca apenas da própria satisfação (o lucro, o prazer ou seja lá o que for), estava sempre implícita na teoria capitalista. Desde a Era da Revolução, observadores de todos os matizes ideológicos previram a conseqüente desintegração dos velhos laços sociais na prática e acompanharam seu desenvolvimento. E conhecido o eloqüente tributo do Manifesto Comunista ao papel revolucionário do capitalismo. (“A burguesia […] despedaçou impiedosamente os diversos laços feudais que ligavam o homem a seus ‘superiores naturais’, e não deixou nenhum outro nexo entre homem e homem além do puro interesse próprio.”) Mas não foi exatamente assim que a nova e revolucionária sociedade capitalista funcionou na prática.
(25) No fim deste século, pela primeira vez, tornou-se possível ver como pode ser um mundo em que o passado, inclusive o passado no presente, perdeu seu papel, em que os velhos mapas e cartas que guiavam os seres humanos pela vida individual e coletiva não mais representam a paisagem na qual nos movemos, o mar em que navegamos. Em que não sabemos aonde nos leva, ou mesmo aonde deve levar-nos, nossa viagem.
(25) E a essa situação que uma parte da humanidade já deve acomodar-se no final do século; no novo milénio, outras deverão fazê-lo. Porém então, quem sabe, já seja possível ver melhor para onde vai a humanidade. Olhando para trás, vemos a estrada que nos trouxe até aqui; foi o que tentei fazer neste livro. Não sabemos o que moldará o futuro, embora eu não tenha resistido à tentação de refletir sobre parte desses problemas, na medida em que eles surgem dos escombros do período que acaba de chegar ao fim. Esperemos que seja um mundo melhor, mais justo e mais viável. O velho
século não acabou bem.

PARTE III – O desmoronamento
14 – AS DÉCADAS DE CRISE
I

(396) Quanto à pobreza e miséria, na década de 1980 muitos dos países mais ricos e desenvolvidos se viram outra vez acostumando-se com a visão diária de mendigos nas ruas, e mesmo com o espetáculo mais chocante de desabrigados protegendo-se em vãos de portas e caixas de papelão, quando não eram recolhidos pela polícia. Em qualquer noite de 1993 em Nova York, 23 mil homens e mulheres dormiam na rua ou em abrigos públicos…
(398) … o fato fundamental da Décadas de Crise não é que o capitalismo não funcionava tão bem quanto na Era de Ouro, mas que suas operações se haviam tornado incontroláveis. Ninguém sabia o que fazer em relação aos caprichos da economia mundial, nem possuía instrumentos para administrá-la. O grande instrumento para fazer isso na Era de Ouro, a política de governo, coordenada nacional ou internacionalmente, não funcionava mais. As Décadas de Crise foram a era em que os Estados nacionais perderam seus poderes econômicos.
(402) A melhor maneira de ilustrar tais conseqüências é através do trabalho e do desemprego. A tendência geral da industrialização foi substituir a capacidade humana pela capacidade das máquinas, o trabalho humano por forças mecânicas, jogando com isso pessoas para fora dos empregos Supunha-se, corretamente, que vasto crescimento da economia tornado possível por essa constante revolução industrial criaria automaticamente mais do que suficientes novos empregos em substituição aos velhos perdidos […]. Os empregos perdidos nos maus tempos não retornariam quando os tempos melhoravam: não voltariam jamais.
(403) O desempenho e a produtividade da maquinaria podiam ser elevados constantemente, e para fins práticos interminavelmente, pelo progresso tecnológico, e seu custo, dramaticamente reduzido. O mesmo não se dava com o desempenho dos seres humanos, como demonstra uma comparação das melhoras da velocidade do transporte aéreo com recorde dos cem metros. De qualquer modo, o custo do trabalho humano não pode, por nenhum período de tempo, ser reduzido abaixo do custo necessário para manter seres humanos vivos num nível mínimo aceitável como tal em sua sociedade, ou na verdade em qualquer nível. Os seres humanos não foram eficientemente projetados para um sistema capitalista de produção. Quanto mais alta a tecnologia, mais caro o componente humano de produção comparado com o mecânico.
(404) [êxodo rural para trabalhar nas cidades sem preparação]
(405) Nos países pobres, entravam na grande e obscura economia “informal” ou “paralela”, em que homens, mulheres e crianças viviam, ninguém sabe exatamente como, por meio de uma combinação de pequenos empregos, serviços, expedientes, compra, venda e roubo.

II
III

(410) Em alguns aspectos, Oriente e Ocidente haviam evoluído na mesma direção. Em ambos, as famílias se tornaram menores, os casamentos se desfaziam mais livremente que em outras partes, as populações dos Estados – ou, pelo menos, de suas regiões mais urbanizadas e industrializadas – mal se reproduziam, quando o faziam. […]

IV
V

(414) [nacionalismo separatista, uma combinação entre três fenômenos: resistência dos Estado-nações existentes à sua demolição; egoísmo coletivo da riqueza; resposta à “revolução cultural”]
(418) A tragédia dessa política de identidade exclusionária, quisesse ela ou não estabelecer Estados independentes, era que não podia dar certo de jeito nenhum. Só podia fazer de conta…

15 – TERCEIRO MUNDO E REVOLUÇÃO
I
II

(425) Uma “cronologia de grande guerras de guerrilha” compilava em meados da década de 1970 relacionava 32 delas depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
(427) A revolução cubana era tudo: romance, heroísmo nas montanhas, ex-líderes estudantis…
(429) As Forças Armadas tomaram o poder no Brasil em 1964 contra um inimigo bastante semelhante: os herdeiros do grande líder populista Getúlio Vargas (1883-1954), que se deslocavam para a esquerda no início da década de 1960 e ofereciam democratização, reforma agrária e ceticismo em relação à política americana. As pequenas tentativas de guerrilha de fins da década, que proporcionaram uma desculpa para a implacável repressão do regime, jamais representaram um verdadeiro desafio a ele; mas deve-se dizer após o início da década de 1970 o regime começou a relaxar e devolveu o país a um governo civil em 1985.
(430) Contudo, não surpreende que, por meio de suas guerrilhas, rurais e urbanas, o Terceiro Mundo tenha inspirado o crescente número de jovens rebeldes e revolucionários, ou simplesmente dissidentes culturais do Primeiro Mundo.

III

(431) Nos florescentes países do capitalismo industrial, ninguém mais levava a sério a clássica perspectiva de revolução social por insurreição e ação de massa. E no entanto, no auge mesmo da prosperidade Ocidental, no núcleo mesmo da sociedade capitalista, os governos de repente, inesperadamente e, à primeira vista, inexplicavelmente se viram diante de uma coisa que não apenas parecia a velha revolução, mas também revelava a fraqueza de regimes aparentemente firmes.
(432) A rebelião dos estudantes ocidentais foi mais uma revolução cultural, uma rejeição de tudo o que, na sociedade, representasse os valores paternos de “classe média”…
(433) Era um ambiente idealmente adequado para escritores de histórias de espionagem e terror, para os quais a década de 1970 foi uma era de ouro. Foi também a era mais sombria de tortura e contraterror na história do Ocidente.
(436) O fim do movimento comunista internacional fim também o fim de qualquer tipo de internacionalismo socialista ou social-revolucionário…

IV
V

(443) As revoluções de fim do século XX, assim, tiveram duas características: uma foi a atrofia da tradição de revolução estabelecida; outra, a revivescência das massas…
(444) Essas ações de massa, por si mesmas não derrubaram, nem poderiam derrubar regimes. Podiam até mesmo ser detidas por coerção e armas, como foi a mobilização em massa pela democracia na China, 1989, com o massacre da praça Tiananmen em Pequim. […] O que essa mobilização das massas conseguia era demonstrar a perda de legitimidade de um regime. […] Claro que só um simples ruídos dos pés dos cidadãos em massa não podia fazer revoluções. Não eram exércitos, mas multidões, ou agregados estatísticos de indivíduos. Precisavam de líderes, estruturas ou estratégias políticas para ser eficaz.
(445) Contudo, há outro motivo para a revivescência das massas: a urbanização do globo, sobretudo no Terceiro Mundo.
(446) O mundo do terceiro milênio portanto quase certamente continuará a ser de política violenta e mudanças políticas violentas. A única coisa incerta nelas é aonde irão levar.

16 – FIM DO SOCIALISMO
I

(452) Ao contrário do comunismo russo, o chinês praticamente não tinha relação direta com o Marx e o marxismo.
(453) […] Eram completamente comunistas, porque não apenas todos os aspectos da vida camponesa haviam sido coletivizados, inclusive a familiar – as creches e refeitórios comunais libertando as mulheres das tarefas domésticas e do cuidado das crianças e mandando-as, arregimentadas, para os campos –, mas também o fornecimento de seis serviços básicos iria substituir salário e a renda em dinheiro. Esses seis serviços eram alimentação, assistência médica, educação, funerais, corte de cabelo e cinema. Visivelmente não deu certo.

II

(457) Na verdade, na década de 1970 era claro que não só o crescimento econômico estava ficando para trás, mas mesmo os indicadores sociais básicos, como o da mortalidade, estavam deixando de melhorar. Isso minou a confiança no socialismo talvez mais que qualquer outra coisa, pois sua capacidade de melhorar a vida da gente comum através de maior justiça social não dependia basicamente de sua capacidade de gerar maior riqueza.
(459) A crise do petróleo teve duas conseqüências aparentemente felizes. Para os produtores de petróleo, dos quais a URSS por acaso era um dos mais importantes, transformou o líquido negro em ouro. Era como um bilhete premiado garantido de loteria toda semana. […] A outra conseqüência aparentemente feliz da crise do petróleo foi a inundação de dólares que esguichavam dos multibilionários Estados da OPEP, muitas vezes com populações minúsculas, e que agora distribuídos pelo sistema bancário internacional sob a forma de empréstimos a quem quisesse. Poucos países em desenvolvimento resistiram a tentação de aceitar os milhões assim carreados para seus bolsos, e que iriam provocar a crise da dívida mundial de inícios da década de 1980.

III

(464) … os EUA preferiram ou escolheram ver a jogada soviética como uma grande ofensiva militar dirigida contra o “mundo livre”.

IV
V

(479) Assim, a destruição da URSS conseguiu a reversão de quase quatrocentos anos de história russa, e a volta do país à era de antes de Paulo, o Grande (1672-1725).

VI

(480) [conclusão]

17 – MORRE A VANGUARDA
As artes após 1950

I

(484) A tecnologia revolucionou as artes de modo mais óbvio, tornando-as onipresentes. O rádio já levava os sons – palavras e música – à maioria das casas no mundo desenvolvido, e continuava sua penetração no mundo atrasado. Mas o que o tornou universal foi o transistor […]. A televisão jamais se tornou tão prontamente portátil quanto o rádio – ou pelo menos perdeu muito mais, comparativamente, com a redução que o som –, mas domesticou a imagem em movimento…
(485) A tecnologia transformou o mundo das artes, embora mais cedo e mais completamente o das artes e diversões populares que o das “grandes artes”, sobretudo as mais tradicionais.

II

(485) Mas o que aconteceu com elas? À primeira vista, a coisa mais impressionante no desenvolvimento das grandes artes no mundo após a Era das Catástrofes foi uma acentuada mudança geográfica para longe dos centros tradicionais (europeus) de cultura de elite, e – em vista da era de prosperidade global sem precedentes – um enorme aumento dos recursos financeiros disponíveis para apoiá-las. […] Que a “Europa” (…) não era mais a magna casa das grandes artes, tornara-se uma observação corriqueira.
(492) A cultura comum de qualquer país urbanizado de fins do século XX se baseava na indústria da diversão de massa – cinema, rádio, televisão, música popular…
(494) O declínio dos gêneros clássicos da grande arte e literatura não se deveu, claro, a nenhuma escassez de talento. […] O primeiro [motivo] era o triunfo universal da sociedade de consumo de massa…
(496) Os intelectuais mais velhos, agora cada vez mais descritos como “elitistas” (palavra adotada com entusiasmo pelo novo radicalismo da década de 1960), olhavam de cima as massas, que viam como recipientes passivos do que o grande capital queria que comprassem.
(500) Em retrospecto, é claro que o projeto de revolução de vanguarda estava destinada ao fracasso desde o início, tanto por sua arbitrariedade intelectual quanto pela natureza do modo de produção que as artes criativas representavam numa sociedade burguesa liberal.
(501) Contudo, como observou Walter Benjamin, a era da “reprodutibilidade técnica” transformou não apenas a maneira como se dava a criação – assim tornando o cinema e tudo que dele derivava (televisão, vídeo) a arte central do século – mas também a maneira como os seres humanos percebiam a realidade e sentiam as obras de criação.

18 – FEITICEIROS E APRENDIZES
As ciências naturais

I

(504) Em 1910, todos os físicos e químicos alemães e britânicos juntos chegavam talvez a 8 mil pessoas. Em fins da década de 1980, o número de cientistas e engenheiros de fato empenhados em pesquisa e desenvolvimento experimental no mundo era estimado em cerca de 5 milhões, dos quais quase 1 milhão se achava nos EUA…
(510) Certamente foi após a explosão da primeira bomba nuclear em 1945. Contudo, não pode haver dúvida de que o século XX foi aquele em que a ciência transformou tanto o mundo que conhecemos quanto o nosso conhecimento dele.
(513) Contudo, na primeira metade do século, os grandes riscos da ciência vinham não dos que se sentiam humilhados pelos ilimitados e incontroláveis poderes dela, mas dos que achavam que podiam controlá-los.
(515) É verdade que os próprios cientistas sabiam melhor que ninguém quais poderiam ser as conseqüências potenciais de suas descobertas.

II
III
IV
V

(535) O que estava em causa agora não era a busca da verdade, mas a impossibilidade de separá-la de suas condições e conseqüências. Ao mesmo tempo, o debate era essencialmente entre pessimistas e otimistas em relação à raça humana…

19 – RUMO AO MILÊNIO
I

(538) O Breve Século XX fora de guerras mundiais, quentes ou frias, feitas por grandes potências e seus aliados em cenários de destruição de massa cada vez mais apocalípticos, culminando no holocausto nuclear das superpotências, felizmente evitado.
(540) … o grosso da xenofobia popular nos países ricos era dirigido contra estrangeiros vindos do Terceiro Mundo…
(541) Em suma, o século acabou numa desordem global cuja natureza não estava clara, e sem um mecanismo óbvio para acabar com ela ou mantê-la sob controle.

II

(542) O fracasso do modelo soviético confirmou aos defensores do capitalismo sua convicção de que nenhuma economia sem Bolsa de valores podia funcionar; o fracasso do modelo ultraliberal confirmou aos socialistas a crença mais justificada em que os assuntos humanos, incluindo a economia, eram demasiado importantes para ser deixados ao mercado.

III

(547) Os problemas ecológicos, embora a longo prazo decisivos, não eram tão imediatamente explosivos. Isso não significa subestimá-los, embora desde a época em que entraram na consciência e no debate públicos, na década de 1970, eles tendessem a ser enganadoramente discutidos em termos de apocalipse iminente.
(548) Do ponto de vista ambiental, se a humanidade queria ter um futuro, o capitalismo das Décadas de Crise não podia ter nenhum.

IV
V

(555) Distribuição social, e não crescimento, dominaria a política do novo milênio…

VI

(558) No fim do século,um grande número de cidadãos se retirava da política, deixando as questões de Estado à “classe política” – a expressão parece ter se originado na Itália –, que lia os discursos e editoriais uns dos outros; um grupo de interesse especial de políticos profissionais, jornalistas, lobistas e outros cuja ocupação ficava por último na escala de confiabilidade nas pesquisas sociológicas. Para muita gente o processo político era irrelevante, ou apenas uma coisa que afetava suas vidas favoravelmente ou não.

VII

(562) O futuro não pode ser uma continuação do passado, e há sinais, tanto externamente quanto internamente, de que chegamos a um ponto de crise histórica. As forças geradas pela economia tecnocientífica são agora suficientemente grandes para destruir o meio ambiente, ou seja, as fundações materiais da vida humana.
(562) Não sabemos para onde estamos indo. Só sabemos que a história nos trouxe até este ponto e […] por quê. Contudo, uma coisa é clara. Se a humanidade quer ter um futuro reconhecível, não pode ser pelo prolongamento do passado ou do presente. Se tentarmos construir o terceiro milênio nessa base, vamos fracassar. E o preço do fracasso, ou seja, a alternativa para uma mudança da sociedade, é a escuridão.

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