ESTRUTURA DA PALAVRA

Introdução
O que você acha que é um cachorródromo?ou um autódromo?A seguir temos uma parte do vocabulário ortográfico da língua portuguesa, onde constam palavras oficialmente existentes no nosso idioma. Logo em seguida um trecho de noticia de jornal:
I –
Invite s. m.
Invito adj. 2g.
Invocação s. f.
Invocado adj.
II-
O Sociólogo Herbert de Sousa afirmou que “não basta estancar” o quadro de miséria no país, mas é preciso revertê-lo. “É preciso reverter isso, senão aqui será um pais invivível”,afirmou inventando uma palavra nova para descrever a situação.
Folha de São Paulo, 10/5/1995.
O sociólogo criou um neologismo, uma palavra nova: invivível. Consultando o exemplo 1 essa palavra realmente não faz parte de nosso idioma. Se fizesse, deveria aparecer,pela ordem alfabética,antes de invocação.
Apesar de invenção de um falante, é possível, a partir dos elementos significativos mínimos que participam da formação dessa palavra, compreender o que ela quer dizer:
Assim:
In- elemento indicador de negação.
viv- elemento que contem o significado básico da palavra; relaciona – se a viver.
Ível- elemento indicador de possibilidade.
Dizemos que essa palavra é formada por três elementos significativos, ou morfemas, que reunidos dão-lhe forma e significado: “país invivível” seria, então, segundo o sociólogo, um país noqual não é possível viver.
Conceito:
Morfemas são as menores unidades significativas que se combinam para formar as palavras.
Separar uma palavra em seus morfemas constituintes é bem diferente de separa-las em sílabas.
Ex: divisão silábica: pás-sa-ri-nhos
Divisão mórfica: passar-inho-s
Cada tipo de morfema presente na estrutura de uma palavra tem um nome e uma função especifica.
Radical
É o morfema que contem o significado básico do vocábulo e a partir do qual pode constituir uma família de palavras.
Na palavra invitrescível, alem do radical, aparecem outros dois morfemas:
In – exprime nesse caso negação;
Vitr –vidro;
Ível-exprime possibilidade.
Portanto, invitrescível significa “que não pode ser transformado em vidro” ou “que não pode virar vidro”.
Existem palavras constituídas unicamente pelo radical. Ex: paz, flor, mar, rua.
Palavras pertencentes a uma mesma família, isto é, que têm um radical comum, são denominados palavras cognatas.

Afixos
Considere estas palavras:
Vidraria envidraçar vidrinho
Nelas estão destacados morfemas que se juntaram ao radical vidr- para alterar parcialmente o seu significado e, assim dar origem a novas palavras.
Vidr+aria vidraria (lugar que vende ou produz vidro)
Em+vidr+açarenvidraçar (ação de isolar/proteger com vidros)
Vidr+inhovidrinho (vidro de pequenas dimensões)
Os morfemas em destaques nessas três palavras recebem o nome em geral de afixos e, dependendo da posição em queaparecem na palavra,subdividem em:
Prefixos: quando se posicionam antes do radical;
Sufixos: quando se posicionam depois do radical;
Os prefixos e sufixos que se juntam aos radicais para formar novas palavras são originários ou do grego ou latim.
Alguns prefixos gregos:
Anormal- sentido de negação;
Antitetânico- oposição;
Arquidiocese- superioridade;
Hipertensão- excesso;
Periscópio- em torno/vizinhança
Alguns prefixos latinos:
Abdicar- afastamento;
Circunferência- ao redor
Retroceder- movimento para trás;
Subnutrido- posição inferior;
Reverter-movimento para trás;
Alguns sufixos:
Operário;
Padeiro;
Estudante;
Artista;
Lavatório;

Os afixos são acrescentados às palavras a fim de:
* 1. mudar o significado da palavra:
Ex.: fazer – desfazer;  feliz – infeliz;  mortal – imortal
* 2. acrescentar uma idéia secundária à palavra:
Ex.: gordo – gorducho, livro – livreco, casa – casarão
* 3. alterar a classe gramatical da palavra:
Ex.: legal – legalizar, belo – beleza
Desinências
Desinências são morfemas colocados no final das palavras para indicar flexões verbais ou nominais. As desinências podem ser:
Nominais: quando indicam gênero e numero (substantivos, adjetivos, pronomes, numerais ). Ex.: casa – casas, gato – gata, filho – filha.
Verbais: quando indicam número, pessoa, tempo e modo dos verbos. Existem três tipos de desinências verbais:
a) desinência modo-temporal (DMT) : indica o modo e o tempo do verbo;
Ex. se nós corrêssemos; tu corrias; nós jogávamosb) desinência número-pessoal (DNP): indica a pessoa e o número do verbo;
Ex.: nós corremos; se eles corressem; tu cantas
c) desinência verbo-nominal: indica as formas nominais dos verbos (infinitivo, gerúndio e particípio).
Ex.: beber, correndo, partido
Processos de Formação de Palavras
Os processos de formação de palavras são as maneiras como os morfemas se organizam para formar as palavras. Os principais processos de formação são Derivação e Composição.
Derivação
Processo de formar palavras no qual a nova palavra é originada de outra chamada de primitiva. Os processos de derivação são:
a) Derivação Prefixal
A derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo, ou mais de um, são acrescentados à palavra primitiva.
Ex.: desfazer, impaciente, recolocar, autocontrole, propor, infeliz, vice-reitor, contraveneno, iletrado, reanimar, antimilitar, sobrecapa,  recompor (dois prefixos),

b) Derivação Sufixal
A derivação sufixal é um processo de formar palavras no qual um sufixo, ou mais de um, são acrescentados à palavra primitiva.
Ex.: realmente, folhagem, lealdade, patinho, cantador, jornaleiro,saudável, benzedura, matadouro, seminarista, cristianismo

c) Derivação Prefixal e Sufixal
A derivação prefixal e sufixal existe quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma independente, ou seja, sem a presença de um dos afixos a palavra continua tendo significado.
Ex.: deslealmente (des- prefixo e -mente sufixo ).
Pode-se observar que osdois elementos são independentes: existem as palavras desleal e lealmente.
Outros exemplos: infelizmente, inutilizar, desnivelar, incapacidade, ex-jogador

d) Derivação Parassintética
A derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devem ser usados ao mesmo tempo, pois, sem um deles, a palavra não se reveste de nenhum significado.
Ex.: anoitecer ( a- prefixo e -ecer sufixo),
Neste caso, não existem as palavras anoite e noitecer, pois os afixos não podem se separar.
Outros exemplos: pernoitar, descamisado, entristecer, desalmado,empobrecer, apavorar, esfarelar, atapetar, apoderar, enraizar,subtarrâneo

e) Derivação Regressiva
A derivação regressiva existe quando morfemas da palavra primitivadesaparecem.
Ex.: mengo (flamengo), dança (dançar), portuga (português); moto (motocicleta), gel (gelatina), cine (cinema), fone (telefone), refri (refrigerante; boteco (botequim); micro (microcomputador); súper (supermercado); barraco (barracão); pneu (pneumático)

f) Derivação Imprópria
A derivação imprópria ocorre quando uma palavra comumente usada como pertencente a uma classe é usada como fazendo parte de outra.
Ex.: coelho (substantivo comum) usado como substantivo próprio em Daniel Coelho da Silva; verde geralmente como adjetivo (Comprei uma camisa verde.) usado como substantivo (O verde do parque comoveu a todos.)
Outros exemplos: gilete, bom-bril, sanduíche,havana, Cruz, Pereira, Leite, Machado, Flores
Composição
Consiste na formação de palavras pela junção de duas ou mais palavras (ou radicais).A composição pode ser de dois tipos: por justaposição ou por aglutinação.

a) Composição por justaposição
Composição por justaposição ocorre quando as duas (ou mais) palavras que se juntam não perdem nenhum fonema, mantendo, por isso, a pronúncia que apresentam antes da composição.
Ex.: passatempo (passa + tempo) couve-flor (couve + flor); girassol (gira + sol) pé-de-moleque (pé + de + moleque); água-de-colônia (água+de+colônia); pontapé (ponta + pé)

b) Composição por aglutinação
Composição por aglutinação ocorre quando, pelo menos, uma das palavras que se unem perde um ou mais fonemas, sofrendo, assim, uma mudança em sua pronúncia.
Ex.: petróleo (pedra + de + óleo) planalto (plano + alto); fidalgo (filho + de + algo) pernalta (perna + alta); aguardente (água + ardente) embora (em + boa + hora)
Existem outros processos de formação de palavras, mas que não são tão freqüentes como os anteriores::
Hibridismo
O hibridismo consiste na formação de palavras pela junção de radicais de línguas diferentes.
Ex.: automóvel (grego + latim); biodança (grego + português); zincografia (alemão + grego); sociologia (latim + grego); alcoômetro (árabe + grego)
Onomatopéia
A onomatopéia consiste na formação de palavras pela imitação de sons e ruídos.
Ex.: triiim, chuá, bué, ping-pong, miau, tic-tac, zunzum, bang-bang, fonfom
Siglação
Consiste naredução ou derivação de nomes ou expressões a partir de siglas e/ou abreviaturas.
Ex.: Ibama, Inpa, Embrapa, petista, pedetista, emedebista, inapiário

Vogal Temática
A Vogal Temática junta-se ao radical para receber outros elementos. Fica entre dois morfemas. Existe vogal temática em verbos e em alguns nomes. Nos verbos, serve para indicar a conjugação a que eles pertencem (1ª, 2ª ou 3ª). Nos nomes, apenas acompanham o radical.
Ex.: cant a r  (verbo da 1ª conjugação); beb e r  (verbo da 2ª conjugação); part i r  (verbo de 3ª conjugação); ros a,  sal a, banc o, pedr a, trist e, livr o .
Tema
Dá-se o nome de Tema à união do radical com a vogal temática.
Ex.: canta r 1ª conjugação ; vende r 2ª conjugação; parti r 3ª conjugação.

Elementos Estruturais secundários
Vogal e Consoante de Ligação
São vogais ou consoantes que entram na formação das palavras para facilitar a pronúncia. Existem, em algumas palavras, por necessidade fonética. Não são elementos significativos, ou seja, não interferem na significação da palavra.
Ex.: café t eira, capin z al, gas ô metro, chá l eira, alv i negro pont i agudo, rod o via, rei z inho, mortal i dade, refei t ório

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