Diagnóstico de Demência e Doença de Alzheimer

 

Como o número de pessoas com Doença de Alzheimer (DA) vem aumentando rapidamente nos últimos anos em todo mundo, especialmente aqui no Brasil, pesquisadores procuram incessantemente, identificar a causa dessa doença, novas formas de tratamento, de reconhecimento de sinais biológicos e de critérios que melhorem a probabilidade de certeza do diagnóstico.

 

Um grupo internacional de especialistas, em 2011, preparou um relatório com novos critérios para facilitar ao médico, o diagnóstico de demência e DA.

 

No Brasil, baseado nestes critérios internacionais, um grupo de especialistas do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, estudou e propôs novas diretrizes para a Demência e Doença de Alzheimer no país. O Ministério da Saúde elaborou um Protocolo clinico e diretrizes terapêuticas (PCDT), baseados nestes critérios, a fim de fornecer orientações mais precisas e específicas para o diagnóstico a serem utilizadas pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

 

Diferente dos critérios antigos estabelecidos em 2005, estes novos critérios aceitam outras formas de começo de demência que não sejam apenas sintomas de memória, mas também de outras funções do pensamento como: raciocínio lógico, linguagem, habilidade visual-espacial, planejamento, julgamento, pois existem outras formas de demência além da DA. Os pesquisadores também julgaram necessário estabelecer critérios particulares para o diagnóstico e tratamento da Demência Vascular, por ser alta a prevalência em nossa população.

 

Ainda são considerados três, os níveis de diagnóstico para a Doença de Alzheimer (DA):

– DA possível: são quadros que iniciam com sintomas que não são característicos da DA.

– DA provável: são quadros com sintomas característicos da DA. Para complementar o diagnóstico de DA provável, nos novos critérios foram incluidos exames de neuroimagem, como tomografia ou ressonância do crânio, para excluir outras possibilidades de doença ou condição.

– DA definitiva: após a morte, quando é feito exame do tecido cerebral por autopsia.

 

Para complementar o diagnóstico, estes novos critérios formalizaram outras duas fases, antes do diagnóstico de demência presente, na tentativa de identificar a DA mais cedo. São elas: fases pré-clínica e de Comprometimento Cognitivo Leve:

 

– Fase Pré-clínica: é o estágio muito inicial da doença, em que não aparecem sintomas (fase assintomática). Pode iniciar na terceira ou quarta década de vida. Outra novidade desses novos critérios para complementar o diagnóstico foi a incorporação de biomarcadores para esta fase. Nela, o diagnóstico é baseado na utilização de marcadores biológicos que são, em geral, estruturas ou componentes que indicam o estado normal ou de doença, neste caso, do cérebro, através de análise do líquor e de marcadores da proteina Beta-amiloide. Apesar desse exame ainda não estar validado para a prática clínica diária, é uma promissora estratégia para o diagnóstico precoce da DA.

 

Porém, testes como este, para verificar se existem componentes da DA no cérebro, só podem ser utilizados em pesquisas clínicas, pois há muito que descobrir sobre isto, além do fato de que ainda não há utilidade prática na vida das pessoas. De que adianta saber se tem sinais da DA no cérebro bem cedo, se não há cura e nem um significativo controle da doença ainda?

 

– Fase do Comprometimento Cognitivo Leve (CCL): o diagnóstico de CCL também é clínico. Esta condição pode aumentar em até 15 vezes as chances da pessoa vir a desenvolver DA, podendo ser um precursor da doença (primeiros sinais). Vale lembrar que nem todos que têm CCL desenvolvem DA.

 

Para este diagnóstico, a pessoa pode apresentar alterações em uma ou mais funções cognitivas, apresentando dificuldades leves ou apenas demorando mais para executar tarefas complexas que desempenhava bem antes, como por exemplo, administrar suas contas ou preparar uma refeição. Porém, ela ainda deve ser capaz de manter sua autonomia e independência para realizar as suas atividades da vida diária. No CCL, a pessoa ainda não preenche os critérios para demência.

 

 Fase da demência presente: o indivíduo, para receber o diagnóstico de demência, deve apresentar alteração (prejuízo) em pelo menos duas funções cognitivas (memória, cálculo e raciocínio lógico, linguagem, planejamento, julgamento, habilidade visual-espacial e alteração de personalidade), que sejam graves o suficiente para alterar suas atividades da vida diária. A demência é diagnosticada quando existem sintomas cognitivos, neuropsiquiátricos e comportamentais. Esses prejuízos não surgem de repente e vão piorando com o tempo.

 

Na prática, para dar o diagnóstico de demência, o médico faz uma detalhada entrevista com o paciente e com um informante que conviva com ele. Faz uma breve avaliação do estado mental do paciente ou solicita exames neuropsicológicos realizados por um neuropsicólogo, caso essa breve avaliação do estado mental não seja suficiente para o diagnóstico. Além disso, o médico solicita exames de sangue, urina e de neuroimagem (tomografia ou ressonância Magnética) para descartar outras possibilidades de doenças ou condições.

 

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