De como um escultor se tornou arquiteto

 

Não é incomum encontrar na história arquitetos que se dedicaram lateralmente à escultura. Frank Gehry, Günther Domenig, Daniel Libeskind e Zaha Hadid são alguns exemplos. O oposto, no entanto, não é tão comum: escultores que se aventuram como arquitetos. Um destes raros bravos foi Hermann Rosa (1911-1981). O seu ateliê, em Munique, é um dos projetos que melhor expressa o fazer arquitetônico do escultor.

Quando Rosa partiu para a arquitetura, na década de 1950, havia poucos edifícios que se valiam do concreto de um modo artístico. Auguste Perret, Theodor Fischer e Karl Moser foram alguns homens que tentaram explorar a beleza do betão naquele período. Porém, a verdadeira plasticidade do material só foi revelada mais tarde, por Le Corbusier. O arquiteto acabou influenciando de alguma forma o escultor.

Ambos passaram a se dedicar à arquitetura escultural cubista, que apostava no reducionismo formal como estética. O purismo das formas aparecia, graças às capacidades do concreto. A geometria ganhava espaço e finalmente a construção escapava ao determinismo tecnológico em nome da arte. Era um cenário mais que propício para as experiências de Rosa.

Assim, o escultor passava a desenhar, com concreto, paredes. E mais que isso, vazios. A parte material de sua obra perdia importância frente àquilo que ele criava melhor: os jogos de luz. Foi com esse espírito que ele teve a ideia para o seu atelier, elogiado e admirado por grandes arquitetos, como Egon Eiermann e Mies van der Rohe.

Eiermann, professor de arquitetura, chegou a levar seus alunos ao local, para expô-los à forma em sua extrema naturalidade – diz-se. Para ele, aquele atelier resultava da omissão de todo conteúdo acidental. Ele era um edifício que existia apenas como uma obra de arte e como habitação para a arte produzida ali.

Poucos arquitetos receberam tamanho elogio de seus pares.

Talvez mais escultores devessem se transvestir de arquitetos. Considerando que o ateliê ainda hoje pode ser alugado por artistas interessados em dispôr do espaço, a oportunidade está mais do que lançada.

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