CRÍTICA: MINHA VIDA EM MARTE

 

A atriz Mônica Martelli tinha uma missão difícil em mãos: entregar um novo espetáculo autoral, tão bom quanto “Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou” – que mudou sua vida, e deu origem a um filme e uma série de TV já com três temporadas. Doze anos depois da estreia daquele monólogo, que se tornou uma febre, ela entrega a comédia “Minha Vida em Marte”, que dá indícios de repetir o mesmo sucesso. É um espetáculo muito engraçado, mesmo, e Mônica domina completamente o palco. A plateia tem prazer em ser conduzida por sua engenhosidade.

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Em “Os Homens São de Marte…”, ela apresentou a personagem Fernanda, mulher independente da casa dos 30 anos, desesperada para encontrar o verdadeiro amor – e se enfiando em algumas furadas por conta disso. Em “Minha Vida em Marte”, a personagem já encontrou “o tal”: está com 45 anos, casada e se tornou mãe. Seu problema agora é a crise conjugal. A dramaturgia acompanha suas reflexões e narrativas sobre as tentativas de salvar o casamento. O texto de Mônica Martelli coloca a personagem em um grupo de apoio – como se os espectadores fossem os outros membros – e a atriz se dirige diretamente à plateia, ainda que não haja qualquer interação. Mônica admite inspiração autobiográfica para escrever a peça, assim como a primeira. No entanto, o resultado não é exatamente algo original: o mesmo tema já foi abordado de forma cômica tantas outras vezes – como “A História de Nós 2” (2009) e “E Foram Quase Felizes Para Sempre” (2013), para citar só dois exemplos. Relacionamentos amorosos dão pano pra manga, o assunto ainda rende, e o público se identifica, claro.

Com direção da irmã Susana Garcia (de “E Foram Quase Felizes Para Sempre”), Mônica Martelli enfileira histórias feitas para a plateia rir – ainda que, na realidade, exponham o desespero de uma mulher casada. Mais do que o texto, certeiro, a atriz ganha força em cada silêncio, cada pausa: não há nada no tempo errado. “Minha Vida em Marte” já nasce como uma das grandes comédias da temporada, direcionada a um público heterogêneo. A atriz e dramaturga sabe exatamente o que está fazendo – e é mais um bom espetáculo comercial, sem demérito.

A cenografia, assinada por Flávio Graff, parece não compreender tão bem a pegada do projeto: ao buscar algo mais conceitual, torna-se disfuncional. Há uma parede com uma cama pendurada, malas, bolsas, roupas, tudo muito pouco justificável. É na simplicidade do banco central que Mônica se ampara. Os figurinos, de Marcella Virzi, engrandecem mais as cenas, e a direção de Susana tem uma boa orquestração das trocas diante dos olhos do público. Mônica não deixa o palco, e as mudanças de roupa ajudam na respiração da encenação – da mesma maneira que a iluminação de Maneco Quinderé, com oscilações sutis. O resultado vale a pena assistir. Divertido.

Por Leonardo Torres
Pós-graduado em Jornalismo Cultural e mestrando em Artes da Cena.

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Ficha técnica
Texto e interpretação: Mônica Martelli
Direção: Susana Garcia
Cenografia Flávio Graff
Figurino: Marcella Virzi
Iluminação: Maneco Quinderé
Direção de produção: Herson Capri
Realização: Capri Produções

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