Professora explica como se deu processo imigratório no início do século XX
O movimento de imigrantes japoneses para o Brasil teve início em 1908, quando o navio Kasato Maru trouxe a bordo 165 famílias japonesas. Eram, na sua maioria, camponeses de regiões pobres do Japão, que vieram para trabalhar nas fazendas de café do estado de São Paulo. Nos primeiros dez anos da imigração, aproximadamente quinze mil japoneses chegaram ao Brasil, sendo que esse número aumentou muito com o início da Primeira Guerra Mundial. Registros históricos indicam que no período de 1918 a 1940, cerca de 160 mil japoneses vieram morar em terras brasileiras. Grande parte dessas pessoas ia para São Paulo, onde se formaram bairros, e até mesmo colônias, com um grande número de japoneses.
Elisa Sasaki, professora de Letras Clássicas e
Orientais da UERJ (Foto: Divulgação)
Conforme explica Elisa Sasaki, professora do Departamento de Letras Clássicas e Orientais, do Instituto de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no início do século XX, o Japão passava por problemas internos, incluindo a superpopulação e a questão da fome. Devido a isso, houve primeiramente na época o escoamento de japoneses para Ásia com o objetivo de ocupar áreas colonizadas na guerra Russo-Japonesa.
“Após, esse fluxo se deu para o ocidente, tendo como principais destinos os Estados Unidos e o Canadá. Em 1924, esses países anglo-saxônicos começaram a ter políticas migratórias restritivas, mais especificamente contra a imigração de asiáticos e de africanos. Dessa maneira, a imigração japonesa foi descendo pela América Latina, e, mesmo assim, com as portas se fechando. Naquele contexto, o Brasil foi um dos maiores receptores da população de imigrantes japoneses”, lembra Elisa.
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Atualmente, o Brasil tem a maior população japonesa fora do Japão. São cerca de 1,5 milhões de pessoas, das quais, aproximadamente, um milhão vive em São Paulo, segundo dados do governo do estado. “Cerca de 80% dos japoneses que vivem no Brasil estão em São Paulo. Destes, 50% estão na capital, mais especificamente no bairro da Liberdade, incluindo o seu entrono. Devido à expansão cafeeira no Brasil, muitos japoneses também migraram para o norte do Paraná, representando 15% do total da população de imigrantes que vive no país. Os outros 5% estão espalhados pelo Brasil”, destaca a professora.
Imigração brasileira no Japão
Segundo lembra Elisa, foi em meados da década de 80 que iniciou um fluxo de imigração de brasileiros para o Japão. Ela explica que, em 1990, o governo japonês realizou uma reforma na política imigratória do país, favorecendo a entrada de imigrantes de todo o mundo, que fossem de origem japonesa, para trabalhar em serviços que exigiam menos qualificação. Os vistos de permanência no país variavam de um a três anos. “Naquela época, o Japão estava passando por um período de prosperidade econômica, e havia falta de mão de obra na indústria automobilística principalmente”, conta a docente.
Em 2007, o número de brasileiros residentes no Japão era de, aproximadamente, 320 mil. Após a crise de 2008, esse número veio decrescendo até os dias atuais. “A crise financeira de 2008 afetou diretamente o Japão, já que os Estados Unidos, principal mercado para onde era escoado os carros japoneses, diminuiu a demanda. A maioria dos trabalhadores brasileiros atuava na indústria automobilística, causando, na época, uma grande onda de desemprego no país”, ressalta Elisa. Segundo dados divulgados pelo Consulado Geral do Japão, o número exato de brasileiros no Japão em 2007 era de 316.967 pessoas. No ano 2010, esse número caiu para 267.456 e, em 2011, para 210.032.
