Ano Novo chinês de 2014 em Melbourne, Austrália (Foto: Wikimedia Commons | CC BY 2.0 | Chris Phutully)
O Ano Novo já passou para os brasileiros, mas para os chineses ainda não. O calendário chinês é diferente do calendário gregoriano, oficialmente usado pela maioria dos países – e já que o calendário é diferente, o dia em que o Ano Novo começa também é. A cada ano, o data da virada do ano chinês cai em um dia diferente do calendário ocidental. Em 2016, o Ano Novo chinês será no dia 8 de fevereiro e o ano se estenderá até 27 de janeiro de 2017.
O calendário chinês é lunissolar, ou seja, ele leva em consideração tanto a posição do sol quanto as fases da lua. O primeiro dia do ano é aquele no qual a lua nova está mais próxima do dia em que o sol passa pelo décimo quinto grau de Aquário.
Ano Novo chinês em San Francisco (Foto: Flickr | Creative Commons – CC BY-SA 2.0 | Daniel Dionne)
Não só as datas são diferentes como também os signos. Enquanto a astrologia ocidental divide os signos do zodíaco de acordo com o dia e o mês em que a pessoa nasce, os signos chineses mudam a cada ano e são relacionados a um animal. Eles também são divididos em 12, mas por um motivo diferente. A lenda conta que os doze animais da astrologia chinesa foram os únicos que atenderam ao chamado de Buda para uma reunião. Em agradecimento, Buda teria transformado cada um deles em um dos signos.
Símbolos da astrologia chinesa (Foto: Flickr | CC BY 2.0 | GanMed64)
Os doze animais que representam os signos chineses são: rato, boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro, porco. A ordem foi definida de acordo com a ordem em que cada um deles se apresentou a Buda, segundo conta a história. O ano de 2016 é o ano do macaco. Os signos se repetem a cada doze anos. Quem nasceu no ano do macaco (1920, 1932, 1944, 1956, 1968, 1980, 1992, 2004, 2016) é considerado hábil, criativo, energético, competitivo e capaz de solucionar problemas com facilidade.
A celebração
A comemoração do novo ano dura 15 dias. Da mesma forma que temos o costume de usar branco no Reveillón do Brasil, os chineses têm o costume de usar vermelho. Na cultura chinesa, acredita-se que o vermelho atrai boa sorte e afugenta os maus espíritos. Até mesmo o som da palavra ‘vermelho’ em mandarim, ‘hong’, significa ‘próspero’. Toda a celebração de Ano Novo é colorida de vermelho para trazer fortuna e um bom ano. Também é comum usar roupas novas para simbolizar um novo começo.
Chinatown de Londres decorada para o Ano Novo chinês (Foto: Wikimedia Commons | Creative Commons – CC BY 2.0 | Oliver Spalt)
Uma dica: se você estiver prestes a limpar sua casa, faça a limpeza antes do Ano Novo. Acredita-se que, ao fazer isso, você estará limpando a má sorte acumulada durante o ano. Mas, se você limpar tudo depois da virada do ano, você estará limpando a boa sorte recebida no novo ano! Então planeje a arrumação da casa desde já, viu?
A virada do ano
Presentes: Na ceia da noite de Ano Novo, é comum que os casais ou as pessoas mais velhas deem de presente para os jovens solteiros da família um envelope vermelho com dinheirodentro. A quantia varia bastante, desde alguns reais até centenas, mas sempre em números pares, já que os números ímpares são usados em cerimônias funerais. É comum presentear as crianças com 8 ou 6 reais, que são números considerados como boa sorte. O número 8 tem essa conotação porque a palavra que o designa, em chinês, é homófona da palavra ‘fortuna’; já o 6, tem a fonética muito suave (‘liú’), o que traria um ano calmo e tranquilo.
Envelopes vermelhos (Foto: Flickr | Creative Commons – CC BY-NC-ND 2.0 | Nicholas Chan)
Uma vez que os envelopes são recebidos, eles ficam fechados e são colocados sob o travesseiro durante sete dias após o Ano Novo, porque isso simboliza boa sorte e fortuna. Além dos envelopes, outros presentes são trocados entre familiares e amigos, que são geralmente comidas. É comum presentear com frutas (mais especificamente laranjas, nunca peras), bolos, biscoitos, chocolates e balas.
Fogos de artifício: Os chineses também soltam fogos de artifício no Ano Novo, mas por um motivo diferente. A tradição começou na China antiga; ao criar pequenas explosões, acreditava-se que os maus espíritos seriam afastados. No princípio da tradição, os fogos eram feitos com caules de bambu preenchidos com pólvora; hoje em dia, são utilizados panchões, que são cartuchos de pólvora revestidos de papel vermelho. São dezenas ou centenas de cartuchos unidos por um barbante que, quando acesos, têm explosões muito altas que, de acordo com a superstição, espantam os espíritos ruins.
Panchões (Foto: Flickr | Creative Commons – CC BY-NC-ND 2.0 | Chris Suderman)
Danças: Uma das atividades mais tradicionais é a dança do dragão, na qual cerca de 20 pessoas ficam sob um enorme dragão de papelão (que sempre tem a cor vermelha), executando coreografias típicas.
Dança do Dragão (Foto: Wikimedia Commons | Creative Commons – CC BY 3.0 | Hendrik van den Berg)
Outras tradições: Para trazer boa sorte, cada pessoa escreve seus desejos para o novo ano em pedaços de pano vermelho e os amarram em postes. Com isso, o vento espalha os desejos pelo ar.
Último dia de celebração
No 15º dia de celebração, o último dia do Festival da Primavera, é realizado o Festival das Lanternas. Nele, as crianças vão a templos durante a noite carregando lanternas de papel para resolver charadas escritas nas próprias lanternas. Elas simbolizam o desprendimento do passado e da pessoa que você era para dar lugar a um novo começo. Elas são quase sempre vermelhas para simbolizar boa fortuna.
Festival das Lanternas (Foto: Wikimedia Commons | Creative Commons – CC BY-SA 3.0 | PhiloVivero)
Depois do festival, todas as decorações de Ano Novo são retiradas. As tradições para essa noite variam de acordo com a região da China, mas é comum que as famílias se reunam para admirar a primeira lua cheia do ano no calendário chinês. A principal atividade dessa noite é acender e admirar as lanternas.
No Brasil
A festa do Ano Novo chinês é comemorada na Praça da Liberdade, em São Paulo, a maior comunidade chinesa do Brasil. Durante os dias de festa, o palco da praça recebe várias atrações que exploram os aspectos da cultura chinesa – entre elas mostras de Kung Fu, pintura e música chinesas, a Dança dos Leões, desfile de roupas típicas, etc. Nos arredores, você encontra barracas com as comidas típicas da gastronomia, como tempura, Harumaki, rolinho primavera, doce com recheio de feijão…
Ano Novo chinês de 2014 na Praça da Liberdade, em São Paulo (Foto: Wikimedia Commons | Creative Commons – CC BY 2.0 | Adriano Makoto Suzuki)
Mas se você não conseguir comparecer à festa e quiser provar essas gostosuras, não se preocupe, a feirinha da liberdade acontece todos os sábados e domingos e conta também com diversas tendas que vendem artesanatos e os mais diversos objetos relacionados à cultura chinesa e japonesa. O bairro também é repleto de lojas, restaurantes e mercearias de descendentes dessas culturas. Em 2016, a celebração acontece no dia 13 de fevereiro das 12h às 20h e no dia 14, das 11h às 19h.
Vista Chinesa, no Rio de Janeiro (Foto: Flickr | Creative Commons – CC BY-NC-ND 2.0 | Kenji Yamamoto)
O Rio de Janeiro também celebra a data em vários bairros (como Santa Cruz, Tijuca e na colônia oriental que existe na Rua da Alfândega, na região da Saara), mas um dos lugares mais bonitos para festejar é a Vista Chinesa, que além de receber um encontro para a celebração, tem uma vista incrível da cidade.
