Como a Nutrição Esportiva pode melhorar o desempenho do atleta?

 

Nutrição e Esporte são áreas que se complementam e é difícil pensar em um sem abordar o outro. Muitas vezes, uma alimentação equilibrada não é suficiente para deixar o indivíduo saudável sem um exercício físico adequado. E para um atleta, é de extrema importância priorizar uma alimentação que trará, além de rendimento, uma boa saúde.

Mesmo sabendo da importância de trabalhar os dois temas de forma conjunta, surgem as perguntas: Qual a melhor forma de abordar a alimentação no esporte? Como posso melhorar o desempenho esportivo do meu cliente através do acompanhamento nutricional?

Nutrição hoje está  muito presente nas mídias e quase todo mundo acha que que domina os conteúdos da área, não é mesmo? Quem nunca trombou com aquele amigo ou amiga que deu uma dica da dieta “milagrosa” que viu em algum lugar? Além disso, por ser uma ciência ”nova”, muitas vezes nós profissionais nos deparamos com muitas mudanças de conceitos e temos que aprender a lidar com tal fato. Recebo diariamente no meu consultório pessoas com ideias já pré-formadas sobre o que é interessante ou não introduzir na alimentação.

O mercado relacionado ao esporte e atividade física está cada vez mais forte no Brasil e, antes mesmo de ajustes necessários à dieta, os indivíduos já estão fazendo uso de diversos suplementos alimentares. Na minha opinião, este é um dos maiores desafios do nutricionista hoje em relação ao auxilio à prática esportiva: fazer com que a pessoa entenda que, mais importante do que o uso de qualquer suplemento, é ajustar primeiramente a alimentação, pois é muito comum identificarmos algumas falhas na maneira como essa pessoa se alimenta.

 

Quais os principais erros alimentares cometidos no esporte?

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É preciso ter consciência de que, além de introduzir uma nova alimentação, será preciso consertar alguns equívocos para que o acompanhamento desse atleta ou praticante de atividade física tenha os resultados esperados.

Vamos a um exemplo clássico: recebo com bastante frequência pessoas consumindo WheyProtein após o treino de resistência. Já se é sabido que o WheyProtein é um suplemento riquíssimo em leucina e insulinotrópico (ou seja, que faz estimulo ao hormônio insulina). Tanto a leucina quanto o aumento de insulina são capazes de estimular uma via importantíssima para a síntese proteína (mTOR), além de fornecer substrato (proteína) para que isso aconteça. Contudo, de nada adianta um estímulo à síntese proteica pós-treino se os ajustes de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e micronutrientes (vitaminas e minerais) de todo o dia não forem feitos. Isso não significa que os alimentos ou suplementos escolhidos são prejudiciais, mas que o seu uso sem o acompanhamento e dose devidos não vai produzir o efeito desejado e ainda pode ser prejudicial à saúde.

De acordo com a minha experiência trabalhando com Nutrição Esportiva, os três hábitos alimentares mais comuns no meio são:

1 º) Uso de suplementos alimentares de maneira não orientada ou orientados por profissionais não capacitados para tal, sem ajustar primeiro a alimentação.

2º) Supervalorização do consumo de proteína por praticantes de treinamento resistido (musculação). Nesse caso, uma boa distribuição energética ajustando proteína, carboidrato e gordura de acordo com o peso de cada indivíduo são muito mais eficazes.

3º) Consumo exagerado de carboidratos, muitas vezes de qualidade ruim, por praticantes de endurance e pouca valorização do consumo proteico pelos mesmos.

E essa alimentação incorreta prejudica muito o atleta, que passa a ter dificuldade para alcançar seu objetivo, com queda de rendimento e pouca recuperação após a sessão de treino.

Diante do consumo incorreto de alimentos e suplementos e da importância da Nutrição nesses casos, é comum que o profissional da área se pergunte: “quais esportes e/ou atividades físicas requerem um maior cuidado por minha parte?”. E a resposta é mais simples do que se pensa: todas!

A variedade de exercícios físicos na atualidade é realmente grande, sendo que alguns ganham mais repercussão na mídia e outros possuem práticas tão específicas que requerem um trabalho diferenciado de acompanhamento. Mas, apesar de não haver problema nenhum em se especializar no auxílio a um tipo de exercício que te interessa ou que está em voga, é muito importante ter em mente que toda atividade exige um grande cuidado.  A diferença vai estar na maneira em que será abordado cada caso, considerando sempre o que o cliente precisa em termos de performance e o que será mais saudável no seu dia-a-dia. É por isso que, entender como funciona a bioenergética dos tipos de atividades é de extrema importância para uma abordagem em Nutrição Esportiva e torna mais fácil a conduta diante da grande gama de atividades praticadas.

 

Como a Nutrição Esportiva pode melhorar o desempenho do atleta?

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Até agora já sabemos que o trabalho da Nutrição auxilia o atleta e o praticante de exercícios na criação de uma rotina mais saudável e eficiente. Mas quais são os reais efeitos então de uma alimentação correta nesses casos?

Bom, em termos de resposta física à mudança alimentar, o acompanhamento nutricional é capaz de melhorar a formação de energia, aumentando o rendimento e, principalmente, ajudando na recuperação muscular e dos estoques de energia para que o atleta  possa cumprir as sessões de treino sem prejuízos de desempenho  e de saúde.

Por meio do acompanhamento nutricional, o atleta e/ou praticante de atividade física não é somente capaz de apenas manter um bom estado nutricional, com peso, percentual de gordura e massa muscular ideais. Com uma boa alimentação, ele passa a conservar um estado ótimo de macro, micronutrientes e compostos bioativos, que são de extrema importância para: uma boa formação de energia (melhora da função mitocondrial); um ótimo funcionamento de sistemas de defesa, melhorando a imunidade; combate ao estresse oxidativo (gerado naturalmente pela atividade, mas que não deve estar em excesso!) e da inflamação, o que reduz em muito os riscos de lesões musculares e articulares; melhorar a produção hormonal; e corrigir desequilíbrios intestinais.

Enfim, com um acompanhamento nutricional, ele não melhora somente a performance, como também todo o seu estado de saúde! Coisa boa, não?

Há aproximadamente quatro meses, recebi no consultório o atual Campeão Brasileiro de Mountain Bike. Ele me procurou, pois estava 5kg acima do peso com que havia competido no final do ano passado e sentia que estava prejudicando o rendimento. O que o atleta não sabia era que não era somente o peso que estava dificultando o bom rendimento nos treinos. Apesar de já ter passado por diversos profissionais, ele continuava cometendo os erros que encontro na maioria dos atletas de endurance (esportes de baixa ou média intensidade e de longa duração): tinha um consumo excessivo de carboidratos de péssima qualidade (comia no café da manhã pão branco com creme de avelã cheio de açúcar, caprichava no açúcar do café e comia macarrão branco com frequência), consumia pouca proteína e as únicas coisas que estavam ajustadas  eram as suplementações (valorização do suplemento e desvalorização de alimento).

Logo de cara, propus para que retirasse da alimentação praticamente todos os carboidratos simples, deixando-os apenas em momentos específicos (intra e pós-treino). Retiramos os alimentos industrializados e fizemos um ajuste de macronutrientes. Com 15 dias, ele já havia sentido melhora no controle da frequência cardíaca nos treinos e na recuperação e com apenas dois meses, o peso já era o desejado. Hoje, ele continua conseguindo ótimas colocações nas provas que compete,  mas a grande diferença é que agora se recupera rapidamente das provas nos finais de semana e consegue manter o rendimento ao longo da semana de treino.

 

A especialização em Nutrição Esportiva

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A nutrição esportiva é uma especialidade que cresce a cada dia no Brasil. Cada vez mais, não só atletas, como também praticantes de atividade física descobrem o quanto ela pode trazer de benefícios ao seu desempenho e à sua saúde. Isso torna o mercado da nutrição esportiva uma área de extrema valorização e procura.

E um atendimento que englobe as individualidades do indivíduo (necessidades energéticas, funcionamento de sistemas digestivo, hormonal, dentre outras) é de extrema importância para o sucesso nessa área.

Nem sempre é fácil saber qual especialização seguir e qual a melhor maneira de se estabelecer no ramo. Mas é normal ter dúvidas e foram elas que me direcionaram para fazer hoje aquilo que realmente gosto, que é trabalhar como nutricionista na área de esporte.

Aos 17 anos, tive que decidir qual profissão escolher, tarefa difícil para todo adolescente, não é? E confesso que a Nutrição nunca foi um curso que me chamou a atenção. Na verdade, nunca havia sequer me passado pela cabeça fazer Nutrição. Sempre fui apaixonada por esporte, mas não me via trabalhando como profissional de Educação Física. No dilema entre fazer Educação Física ou não, o curso de Nutrição abriu na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e daí vi a possibilidade de trabalhar com esporte. Até quase o último ano de faculdade, eu ainda não tinha certeza se era realmente essa área que eu queria como minha profissão, pois me questionava muito sobre conceitos vistos na faculdade e não estava satisfeita.

Decidi então que faria dois cursos: terminaria a Nutrição, mas faria Educação Física. Precisei de apenas um semestre na Educação Física para descobrir que não era a minha praia e decidi fazer uma especialização em Nutrição Esportiva. Foi amor à primeira vista! Hoje tenho certeza de que não seria feliz em outra área e amo ajudar e mudar a vida das pessoas com o meu trabalho. E além de atuar aliando as duas temáticas, agora coordeno um curso de pós-graduação em Nutrição Clínica e Desportiva.

A capacitação para atuar nessa área não é simples, requer muito estudo, entendimento e bom senso, para que a Nutrição ganhe cada vez mais esse mercado de maneira ética e concreta. Mas posso dizer com certeza: se especializar é a melhor forma de ter embasamento científico e segurança para trabalhar com esse público que exige muita dedicação e conhecimento para ser bem atendido.

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