CANCRO DA TIRÓIDE

O diagnóstico de cancro da tiróide é assustador para a maior parte das pessoas , pela sua associação com dor e morte. Na verdade o prognóstico desta doença é geralmente excelente, porque:

A cirurgia é curativa na maioria dos casos.
Praticamente não causa dor ou incapacidade.
O tratamento é geralmente eficaz.
Geralmente apresenta-se sob a forma de um nódulo da tiróide. Ocasionalmente o cancro da tiróide pode apresentar-se sob a forma de um gânglio linfático cervical aumentado, rouquidão por compressão do nervo da voz (nervo laríngeo recorrente), ou dificuldade na deglutição ou respiração devido à obstrução do esófago ou laringe.

Noventa por cento dos cancros da tiróide são formas diferenciadas, e têm um bom prognóstico. Há 2 tipos de cancro diferenciado: papilar e folicular.

O exame anatomopatológico de tiróides consideradas normais pode revelar áreas mínimas de cancro papilar .Estes cancros microscópicos parecem não ter tendência para crescer e por esse motivo não têm importância clínica.

São clinicamente importantes quando aparecem sob a forma de nódulo da tiróide, porque podem continuar a crescer e espalhar-se pelo organismo. O cancro papilar da tiróide compreende 70 a 80% dos cancros da tiróide.

O que fundamentalmente determina o prognóstico dos doentes é a extensão da doença original, as dimensões do tumor e a idade do doente.

Cerca de 85% dos doentes cujo tumor primário é intratiroideu (confinado à tiróide) têm um excelente prognóstico, a taxa de mortalidade aos 25 anos é de 1%. Isto significa que passado 25 anos apenas 1 em cada 100 doentes faleceu de cancro da tiróide. A grande maioria dos doentes estão permanentemente curados. O prognóstico pode não ser tão favorável em doentes com idade superior a 50 anos ou um tumor de dimensão superior a 4 cm. O prognóstico é mais reservado quando o cancro se estende para fora da tiróide, invade a cápsula da glândula e atinge os outros tecidos do pescoço.

Num pequeno numero de casos, o cancro pode disseminar-se pelo sangue para locais à distância nomeadamente pulmão e osso. Estes tumores à distância (metástases) podem ser tratados com iodo radioactivo.

O cancro folicular da tiróide compreende 10-15% dos cancros da tiróide e parece ocorrer em idades mais avançadas que o cancro papilar.

O cancro folicular parece ter um comportamento mais agressivo que o cancro papilar da tiróide. Num terço dos doentes o tumor é minimamente invasivo com um excelente prognóstico. Em 2/3 dos doentes o cancro folicular é mais invasivo. Pode-se espalhar pelo sangue e atingir locais à distância nomeadamente pulmão e osso. Geralmente o prognóstico é melhor em idades jovens que em indivíduos com mais de 50 anos.

Tratamento

O tratamento primário para os cancros da tiróide é a cirurgia. Para as formas agressivas do cancro folicular e papilar a abordagem inicial é a remoção de toda a glândula tiróide (tiroidectomia total). Tratando-se de cancro papilar intratiroideu de menores dimensões e cancro folicular minimamente invasivo poderá não ser necessária uma cirurgia tão extensa. Visto que o prognóstico destas formas de cancro diferenciado é excelente independentemente da abordagem cirúrgica, não há regras absolutas no tratamento cirúrgico.

O iodo radioactivo é usado para o tratamento do cancro diferenciado da tiróide agressivo que apresenta invasão dos tecidos que rodeiam a tiróide ou locais à distância (pulmão e osso). Pode também ser usado para complemento da tiroidectomia nas formas menos agressivas.

É baseado no facto que as células malignas da tiróide captam o iodo 131 e são por ele destruídas.

Em condições normais as células do cancro da tiróide captam apenas diminutas quantidades de iodo (ou 131I). No entanto quando a TSH está muito aumentada, as células malignas da tiróide são capazes de captar quantidades significativas de 131I. Esta dose elevada de 131I, destroi as células malignas da tiróide sem lesar os tecidos que as rodeiam. Portanto para efectuar tratamento com 131I é necessário que previamente a tiróide tenha sido toda ou praticamente toda retirada.

Se após a tiroidectomia total ou quase total, um cintigrama com 131I, revela tumor residual no pescoço ou metástases à distância, o doente necessita de terapêutica com iodo radioactivo para destruir as células malignas.

Porque este tratamento é seguro e eficaz é também usado nos casos de cancro diferenciado menos agressivo. Nestas situações é usado para destruir pequenos restos tiroideus que se mantêm após a cirurgia. Esta abordagem pode melhorar o prognóstico e tornar mais fácil a detecção de recorrência tumoral pelo doseamento de tiroglobulina.

Em alguns casos mais agressivos pode ser necessária radioterapia externa.

A quimioterapia geralmente não é eficaz.

Obviamente se a tiróide foi total ou quase totalmente removida, tem que ser administrada hormona tiroideia para que o organismo se mantenha normal.

Vários estudos demonstraram que os carcinomas da tiróide recidivam mais frequentemente nos doentes que não tomam esta medicação.

As doses de hormona devem ser ajustadas pelo médico de acordo com as características particulares do doente. Em doentes com formas mais agressivas de carcinoma diferenciado pode ser necessário uma maior dose de modo ao doseamento de TSH ser indetectável.

Seguimento do carcinoma diferenciado da tiróide

É fundamental o seguimento periódico, porque as recorrências tumorais podem aparecer muitos anos após uma cirurgia bem sucedida.

Nas consultas de seguimento é importante a clínica e o exame físico com particular atenção para a palpação da região cervical. Podem ser necessários outros exames nomeadamente o RX do tórax, ecografia da tiróide e cintigrama da tiróide com 131I. É também fundamental a monitorização regular da tiroglobulina. Esta substância é produzida e libertada pela célula tiroideia normal e também pelo célula maligna do cancro da tiróide. Após tiroidectomia total, o seu nível é muito baixo. Um nível elevado ou a subir da tiroglobulina implica persistência ou crescimento tumoral, mas não está obrigatoriamente associada a um mau prognóstico. Um nível de tiroglobulina elevado alerta o médico para a necessidade de efectuar outros exames para a detecção de recidiva tumoral.

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