As Contribuições Teóricas de Lev Vygotsky para a Aprendizagem

As Contribuições Teóricas de Lev Vygotsky para a AprendizagemPEDAGOGIA

Em Vygotsky, o homem possui natureza social, visto que nasce em um ambiente carregado de valores culturais. Nesse sentido, a convivência social é fundamental para transformar o homem de ser biológico em ser humano social (VYGOTSKY, 1991). A criança nasce apenas com funções psicológicas elementares e, a partir do aprendizado da cultura, estas funções transformam-se em funções psicológicas superiores (VYGOTSKY, 1991). Essa evolução é mediatizada pelas pessoas que interagem com as crianças, e é essa intermediação que dá ao conhecimento um significado social e histórico.

A construção de conhecimentos e o desenvolvimento mental possuem características individuais e particulares, ou seja, os significados culturais historicamente produzidos são internalizados pelo homem de forma individual, possuem um sentido pessoal. Segundo (Lane, 1997, p. 34) “a palavra, a língua, a cultura relaciona-se com a realidade, com a própria vida e com os motivos de cada indivíduo”.

Nesse processo de construção social e histórica do homem, a linguagem possui dupla importância na construção do saber. É ela que intermédia a relação entre os homens. (Oliveira, 1992, p. 27) “a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando os fatos do mundo real em conceitos cujo significado é compartilhado pelos homens que, enquanto coletividade, utilizam a mesma língua”.

Como se sabe, para Vygotsky, existem três momentos importantes da aprendizagem da criança: a zona de desenvolvimento potencial, que é tudo que a criança ainda não domina mas que se espera que ela seja capaz de realizar; a zona de desenvolvimento real, que é tudo que a criança já é capaz de realizar sozinha; a zona de desenvolvimento proximal, que é tudo que a criança somente realiza com o apoio de outras pessoas. É na zona de desenvolvimento proximal, segundo Oliveira (1993, p. 61) que a “interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Isso porque os conhecimentos já consolidados não necessitam de interferência externa”.

Isso significa que o ensino-aprendizagem deve ter como ponto de partida o desenvolvimento real da criança e, como ponto de chegada, os conhecimentos que estão latentes, mas ainda não desabrocharam. “a escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão do mundo a partir de seu desenvolvimento já consolidado e tendo como etapas posteriores, ainda não alcançadas”. (OLIVEIRA, 1993, p. 62)

Nesse processo, o professor deve ser o estimulador da zona de desenvolvimento proximal, provocando avanços nos conhecimentos que ainda não aconteceram. A interferência do professor não pressupõe, no entanto, uma pedagogia diretiva, autoritária e, menos ainda, uma relação hierárquica entre professores e alunos (OLIVEIRA, 1993; VYGOTSKY, 1991; GOULAR, 1995).

Para Vygotsky, o erro deve ser visto pelo professor como parte do processo ensino-aprendizagem, mas jamais deve ser ignorado. A correção é importante para que o aluno perceba a necessidade de melhorar e de dedicar-se mais aos conhecimentos que ainda não domina. Nesse sentido, o trabalho em grupo, além de estimular a interação social, pode ser um bom momento para o amadurecimento de ideias e aprimoramento dos conhecimentos. Entretanto, o contato individualizado entre professor e aluno não pode ser dispensado, pois é o momento em que o professor pode detectar o desenvolvimento real e proximal dos alunos (OLIVEIRA, 1993, 1992).

Outro aspecto fundamental para Vygotsky é o brinquedo. Para ele, as brincadeiras de “faz-de-conta” criam zonas de desenvolvimento proximal, à medida que colocam a criança em situações de repetição de valores e imitação de papéis e regras sociais. A escola deve criar situações de brincadeira, a fim de que a criança possa ter uma gama de possibilidades que estimulem seu desenvolvimento e a própria interação social.

Para Vygotsky, a aprendizagem da escrita inicia antes do período escolar, visto que seu desenvolvimento está intimamente ligado aos estímulos recebidos pela criança desde cedo. Portanto, a criança precisa ser levada a compreender que o signo da escrita não possui significado em si mesmo, é apenas uma representação do mundo real (OLIVEIRA, 1993; VYGOTSKY, 1991; GOULAR, 1995). É função de a escola fazer com que a criança compreenda o signo e o seu significado, por meio de ações que relacionem o mundo concreto e as suas representações (OLIVEIRA, 1993).

A teoria de Vygotsky oferece uma nova racionalidade, a partir da qual é possível entender-se o desenvolvimento interno da aprendizagem e do conhecimento. A conclusão de que uma atividade que hoje a criança somente consegue fazer com o auxílio de outra pessoa, mas que pode vir a fazer sozinha amanhã recoloca a relação erro/acerto numa outra perspectiva: a de que o ato de errar não deve ser encarado como incapacidade, mas como indicador de que certos conhecimentos precisam ser estimulados.

A importância da cultura, da linguagem e das relações sociais na teoria de Vygotsky fornece a base para uma educação na qual o homem seja visto na sua totalidade: na multiplicidade de suas relações com outros, na sua especificidade cultural; na sua dimensão histórica, ou seja, em processo de construção e reconstrução permanente.

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