A OBESIDADE 3/3

As anfetaminas provocam dependência, podendoacarretar tolerância, que é quando hánecessidade de aumentar-se a dose para se obter o mesmo efeito. Suainterrupção brusca pode causar a síndrome deabstinência, com grande mal-estar, tontura, irritabilidade,ansiedade aguda e outros sintomas do Sistema NervosoAutônomo. Portanto, é imperioso o acompanhamentomédico para os tratamentos que envolvem as anfetaminas.

 

Os fabricantes desses produtos costumamacrescentar nas bulas que se trata de medicaçãoadjuvante das dietas hipocalóricas, durante o tratamento deobesidade. Alguns até alertam para que autilização desta classe de drogas deverá serpor tempo limitado a 4 semanas, somente para auxiliar aadesão à dieta hipocalórica e que obenefício que substâncias desta classe podem oferecerdeve ser considerado à luz da relaçãocusto-benefício.

Não obstante, em doses adequadas e tomando-se ocuidado de uma supervisão médica continuada,além do uso concomitante de outros psicotrópicoscompensadores dos efeitos colaterais, o tempo de tratamento podeser bastante mais elástico. Para obesidade mórbida,entretanto, seu uso está sendo cada vez mais abandonado.

A Dietilpropiona (Anfepramona)é o derivado anfetamínico mais utilizado no Brasil.Apesar da Anfepramona ser um anorexígeno potente, apresentapoucos efeitos colaterais.

A Anfepramona age como neurotransmissor danoradrenalina, sendo o mais potente anorético. Seu local deação predominante é nos núcleoshipotalâmicos laterais inibindo a fome. Porém, aAnfepramona tem um importante potencial de dependência,quando usado inadvertidamente e em doses altas. As doses variamentre 40 a 120 mg ao dia, geralmente divididas em 2 tomadas e osefeitos colaterais mais comuns são: boca seca,constipação intestinal, irritabilidade, insôniae mais raramente taquicardia e hipertensão arterial.

Outra anfetamina é oFemproporex, o qual também parece ser bemtolerado. É um anorexígeno de açãosemelhante a Dietilpropiona, agindo como inibidor do centro da fomehipotalâmico, tendo a noradrenalina como neurotransmissor.Seus efeitos colaterais, são os mesmos mas, em geral, menosintensos que os da Anfepramona. A dose diária varia de 20 a60 mg ao dia, também dividida em 2 tomadas.

No Brasil usa-se também oMazindol, um derivado da imidazolina que seassemelha farmacologicamente aos antidepressivos pelo fato debloquear a recaptação da noradrenalina e da dopamina.O Mazindol tem uma ação totalmente diferente daAnfepramona e do Femproporex, inibindo a recaptaçãoda Noradrenalina nas terminações nervosas.

É bastante possível que o Mazindol tenhasua ação no sistema límbico e não nohipotálamo, como os demais anorexígenos. Alémdos efeitos colaterais comuns aos outros anorexígenos, oMazindol pode precipitar quadros depressivos,agitação psicomotora e sintomas semelhantes ao quadrode pânico. A dose varia de 0,75 mg a 3 mg por dia,também divida em 2 tomadas.

É importante, do ponto de vistapsiquiátrico, saber que a perda de peso com dieta costumacausar depressão, ansiedade, irritabilidade, fraqueza epreocupação com alimentos. Por isso, juntamente comanorexígenos, os antidepressivos e ansiolíticos devemser recomendados.

MEDICAMENTOSSEROTONINÉRGICOS

A serotonina é uma substância formada apartir da hidroxilação edescarboxilação do aminoácido triptofano quese distribui amplamente nos reinos vegetal e animal. Existem nohipotálamo ventro-medial receptores para serotoninarelacionados com a indução dadiminuição da ingestão alimentar.

A Dexfenfluoramina é um bom agenteserotoninérgico, ou seja, ele diminui arecaptação pré-sináptica de serotoninae, com menor efeito, aumenta sua liberação. Seuefeito anorexígeno é maior em relaçãoao consumo de carboidratos. Utilizam-se 15mg de Dexfenfluramina,por via oral, 2x/dia. Tem como efeitos colaterais asonolência, diarréia e náuseas. Por longo prazopode ocorrer significante dano neuronal, comdiminuição dos níveis circulantes deserotonina e depressão.

Os medicamentos a base de Dexfenfluramina foramretirados do mercado pela possibilidade de provocarem lesõesde válvulas cardíacas.

Fluoxetina

A Fluoxetina é um antidepressivo compropriedades anoréticas. Inibe a recaptação deserotonina nas terminações sinápticas. Podeser utilizada em dosagens que vão de 40 a 80mg/dia divididasem duas tomadas. Pode causar ansiedade, distúrbios do sono,sudorese e náuseas. Sua utilização éindicada em obesos com síndrome depressiva associada.

Atualmente, muitos casos de obesidade podem serabordados como um fenômeno psicossomático. A obesidadeconsiderada “reativa” é aquela com etiologia emocional e,normalmente, se caracteriza como fenômeno “io-io” ou”sanfona”, tendo em vista seu aspecto cíclico deemagrecimento-gordura. Por traz desse tipo de obesidade, reativa ecíclica, têm sido encontrado casos de depressãoe ansiedade.

Utilizando-se da escalas de Hamilton paradepressão e para ansiedade, Resch et al estudaram 29 obesos.A prevalência de transtornos por gula ou compulsãopara comer foi de 57% e de bulimia nervosa foi de apenas 3%. Otratamento de todos foi com fluoxetina, um antidepressivo inibidorseletivo da recaptação de serotonina, associadoà terapia cognitiva-comportamental. Os resultados forambons.

Sibutramina

A Sibutramina tem tanto uma açãoserotoninérgica, inibindo a recaptação daserotonina, como também um efeito catecolaminérgio.Aumentando a serotonina a Sibutramina aumenta asensação da saciedade, agindo também sobre acompulsão alimentar, enquanto que, aumentando outrascatecolaminas, promove um efeito inibidor na sensaçãode fome.

Segundo a literatura atual, não há riscode dependência química à Sibutramina e sua dosevaria de 10 a 20 mg por dia, em dose única pelamanhã. No Brasil a Sibutramina tem os nome comerciais deReductil e Plenty.

Termogênicos

São substâncias que atuam aumentando ogasto energético diário. Deste grupo fazem parte aefedrina, a aminofilina, o AAS e a nicotina. Nenhuma dessas,entretanto, tem utilização preconizada para aobesidade.

TRATAMENTO PARA A OBESIDADE MÓRBIDA

Quando se trata de obesidade mórbida, essasmedidas, na maioria das vezes, são fugazes e ineficientes.Isto porquê, devido ao fato de a imensa maioria dos pacientesseveramente obesos não conseguirem promover umamudança definitiva nos seus hábitos alimentares e naprática de atividade física, aliado àsalterações nos mecanismos que controlam adistribuição da gordura e o gasto energético,fazendo com que haja uma grande tendência do indivíduorecuperar o peso perdido, superando inclusive o peso inicial e setornando ainda mais obeso. Isto leva a um fenômenopopularmente conhecido como “efeito sanfona”.

Os pacientes com obesidade mórbida devemportanto ser encarados como portadores de uma doençaséria, que ameaça a vida, reduz a qualidade de vida ea auto-estima, e que requerem abordagens eficientes para promoveruma redução do peso de forma definitiva; portanto,para indivíduos com obesidade severa, o tratamentocirúrgico é o único métodocientificamente comprovado que promove uma acentuada e duradouraperda de peso, reduzindo as taxas de mortalidade e resolvendo, oupelo menos minimizando, uma série de doençasassociadas à obesidade.

A cirurgia bariátrica (nome utilizado para sedefinir a cirurgia para obesidade mórbida) é umprocedimento medico necessário por ser o único meiocientificamente comprovado para obtenção do controledo peso a longo prazo por restringir a ingesta e/ou aabsorção dos alimentos ingeridos definitivamente.

O tratamento cirúrgico é clinicamentenecessário porque é o único métodocomprovado de obter controle do peso a longo prazo para osgravemente obesos. O tratamento cirúrgico nãoé um procedimento cosmético. O tratamentocirúrgico da obesidade grave não envolve aremoção de tecido adiposo (gordura) poraspiração ou exérese.

A cirurgia bariátrica envolve reduzir o tamanhodo reservatório gástrico com ou sem um grau demá absorção associada. O comportamentoalimentar melhora dramaticamente. Isso reduz a ingestacalórica e assegura que o paciente pratiquemodificação de comportamento pela ingestão depequenas quantidades lentamente e mastigando muito bem cadabocado.

O sucesso do tratamento cirúrgico devecomeçar com objetivos realistas e avançar pelo melhoruso possível de cirurgias bem desenhadas e testadas. Estastêm sido trabalhadas nos últimos 30 anos e agoraestão padronizadas, com procedimentos claramente definidos eresultados bem reconhecidos e documentados.

A prevenção de complicaçõessecundárias da obesidade grave é importante objetivode conduta. Portanto, a opção do tratamentocirúrgico é uma lógica sustentada peloprincípio consagrado pelo tempo de que as doenças queprejudicam pedem uma intervenção terapêuticamenos prejudicial que a doença em tratamento.

TRATAMENTO PARA A OBESIDADE INFANTIL

Para o tratamento da obesidade infantil, algumasorientações são de utilidade práticaspara os pais:

1. Não proibir alimentos,apenas determinar a porção a ser servida;

2. Estabelecer horários;

3. Ensinar a comer devagar e mastigaros alimentos;

4. Não fazerrefeições assistindo televisão;

5. Diminuir gradativamente aquantidade de alimentos;

6. Não proibirsanduíches, desde que elaborados com alimentos pobres emgorduras;

7. Mude o hábito alimentarfamiliar se preciso;

8. Estimule atividade físicaregular;

9. Consulte um especialista naárea ao menor sinal de perda de controle alimentar.

Outras recomendações devem sertambém anotadas como:

1. Cortar calorias nasrefeições: os pais não devem superalimentarseus filhos à mesa. Se o cardápio é sempremuito calórico, talvez seja hora de repensar oshábitos alimentares da família em benefício dacriança. Estudos comprovaram que os hábitosalimentares dos pais contribuem para o desenvolvimento da obesidadeem crianças em idade escolar.

2. Limitar os lanchinhos: os paisnão devem forçar seus filhos a comerem frutas evegetais, ao invés disso, eles devem limitar a oferta de”guloseimas” em seus armários. A criança dificilmenteaceitará frutas ao ter biscoitos e outras massas ao seualcance.

3. Limitar Fast-foods: os pais devemreduzir gradativamente as saídas para lanchonetes e outrosfast-foods.

4. Introduzir atividadesfísicas: a atividade física éindispensável para a criança queimar caloriasreduzindo seu excesso de gordura.

5. Redução do tempo deTV: Estudos têm mostrado a relação direta entreassistir TV e a obesidade infantil.

Um dos grandes problemas de quem faz regime éque as dietas são extremamente restritas e enjoativas.Depois de algum tempo de tratamento, é comum a pessoasentir-se desmotivada, enjoada das dietas e, por fim, acabamcedendo às pressões psicológicas e sociaispara que voltem a comer como antes.

COMO SE PREVINE A OBESIDADE

Uma dieta saudável deve ser sempre incentivadajá na infância, evitando-se que criançasapresentem peso acima do normal. A dieta deve estar incluídaem princípios gerais de vida saudável, na qual seincluem a atividade física, o lazer, os relacionamentosafetivos adequados e uma estrutura familiar organizada. No pacienteque apresentava obesidade e obteve sucesso na perda de peso, otratamento de manutenção deve incluir apermanência da atividade física e de umaalimentação saudável a longo prazo. Essesaspectos somente serão alcançados se estiveremacompanhados de uma mudança geral no estilo de vida dopaciente.

Segure a compulsão

Faça um diário alimentar e anote tudo o quevocê come.
Obedeça rigorosamente ao horário dasrefeições, comendo com intervalos de 4 a 5horas.
Jamais pule refeições.
Quando, fora dos horários, surgir a vontade de comer,busque uma alternativa (caminhada, exercícios físicosetc.) que reduza a ansiedade.
Antes de cada refeição, planeje o que vocêvai comer e prepare cuidadosamente a mesa e o prato.
Preste a máxima atenção ao ato de comer.Não coma enquanto lê ou assiste televisão.
Mastigue bem e descanse o garfo entre cada bocada. Isso ajuda acontrolar a ansiedade. Mas é eficiente também porqueexistem dois mecanismos que promovem a saciedade. Um, de naturezamecânica, atua rapidamente, com o preenchimento doestômago. O outro, mais lento, depende da troca deneurotransmissores no cérebro. Comendo devagar, a pessoadá tempo para que esse segundo mecanismo funcione.
Jamais faça compras em supermercados de estômagovazio, para não encher o carrinho com guloseimas.
Não estoque comidas tentadoras (doces, sorvetes,salgadinhos) em casa. Tenha sempre à mãoopções saudáveis.
Não vá a festas de estômago vazio. Se,chegando lá, você não resistir àtentação de comer alguma coisa, escolha aquilo de quemais gosta e dispense o resto.

CONCLUSÃO

Quando a pessoa consome mais calorias do que gasta, aenergia fica acumulada no organismo e ela engorda. Caso gaste amesma quantidade que consome, o peso fica mantido, e se gastar maiscalorias do que ingere, emagrece. Mas a quantidade de calorias queuma pessoa necessita varia de acordo com a idade, o sexo e aatividade física. Vale a pena lembrar que o que maisengorda, ao contrário do que se pensa, não é oaçúcar, mas as gorduras, é bom lembrar que 1grama de gordura tem 9 calorias, enquanto 1 grama deaçúcar tem 4 calorias. A maioria dos alimentos queengordam e são irresistíveis ao paladar contem osdois componentes, como o chocolate, as massas, sorvetes, etc.

O sedentarismo é a causa mais importante doexcesso de peso e da obesidade. Por esse simples motivo, aatividade física tem que ser o primeiro item de qualquerprograma realista de tratamento da doença. A pessoasedentária deve começar reeducando-se em suasatividades cotidianas. Mesmo isso, porém, deve ser feitogradativamente. A partir daí, abre-se espaço para umaatividade física sistemática. Mas é precisoque seja uma atividade aeróbica (caminhada, esteira,corrida, bicicleta, hidroginástica, natação,remo, dança, ginástica aeróbica de baixoimpacto etc.), com elevação da freqüênciacardíaca a até 75% de sua capacidademáxima.

Nessas condições, a primeira coisa que oorganismo faz é lançar mão da glicose,armazenada nos músculos sob a forma de glicogênio.Depois de aproximadamente 30 minutos, quando o glicogênio seesgota, o organismo começa a queimar gordura como fontede energia.

As dietas restritivas devem ser evitadas. Atéporque, exatamente pelo fato de serem desbalanceadas, o organismose defende espontaneamente delas, fazendo com que, após umperíodo de restrição, a pessoa coma muitomais. O que o indivíduo precisa, isto sim, é buscaruma mudança no estilo de vida, pois os fatorescomportamentais desempenham, de longe, o papel mais importante noemagrecimento.

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