A OBESIDADE 1/3

INTRODUÇÃO

A obesidade é uma epidemia, sendo já considerada pela OMS como a doença do século XXI.Alguns especialistas atribuem este fato àocidentalização. “O mundo moderno traz obesidade, ouseja, quanto mais as cidades se urbanizam e os aparelhos ficam cadavez mais confortáveis, nomeadamente telemóveis,comandos à distância ou automóveis, maisaumenta a prevalência da obesidade”, alerta o presidente daAssociação Brasileira para o Estudo da Obesidade(ABESO), Márcio Mancini, sublinhando, por outro lado, que oshábitos alimentares e a diminuição de gastosde energia contribuem também para o aumento da gordura.

A obesidade é uma síndrome comvárias causas, caracterizada por um excesso de tecidogorduroso e pode ser classificada em várias modalidades.Há várias maneiras de saber se a pessoa é ounão gorda, ou seja, de se classificar a obesidade. A maneiramais simples e comum de classificar a obesidade é pelo peso.Na realidade nem sempre o pesado é gordo, já que amusculatura pesa mais que o tecido gorduroso, e uma pessoamusculosa não costuma ser gorda. Desde 1958, depois dafamosa frase do economista John Kenneth Gailbraith, afirmando que”nos Estados Unidos da América morrem mais pessoas porexcesso que por falta de comida”, o tratamento da obesidade deixoude ser uma questão simplesmente estética e passou aser uma questão de saúde pública e pessoal. Deacordo com o especialista, 13% das mulheres e 8% dos homensbrasileiros sofrem de obesidade, ao mesmo tempo que, cerca de 40%da população sofre de excesso de peso. Em Portugal,os números são semelhantes: mais de metade dosindivíduos sofre de excesso de peso ou obesidade.”

A meta de se atingir um bom peso passou a exigirmudanças no habito alimentar, na prática docondicionamento físico e na atenção àsaúde psíquica. Um peso mais proporcional passou ater forte relação com o desenvolvimento,amadurecimento e envelhecimento mais saudáveis.

O QUE É A OBESIDADE

A obesidade é o maior problema de saúdeda atualidade e atinge indivíduos de todas as classessociais, tem etiologia hereditária e constitui um estado de má nutrição em decorrência deum distúrbio no balanceamento dos nutrientes, induzindoentre outros fatores pelo excesso alimentar. O peso excessivo causaproblemas psicológicos, frustrações,infelicidade, além de uma gama enorme de doençaslesivas. O aumento da obesidade tem relação com: osedentarismo, a disponibilidade atual de alimentos, errosalimentares e pelo próprio ritmo desenfreado da vidaatual.

A obesidade relaciona-se com dois fatorespreponderantes: a genética e a nutriçãoirregular. A genética evidencia que existe umatendência familiar muito forte para a obesidade, pois filhosde pais obesos tem 80 a 90% de probabilidade de serem obesos.

A nutrição tem importância noaspecto de que uma criança superalimentada seráprovavelmente um adulto obeso. O excesso dealimentação nos primeiros anos de vida, aumenta onúmero de células adiposas, um processoirreversível, que é a causa principal de obesidadepara toda a vida. Hoje, consumimos quase 20% a mais de gordurassaturadas e açúcares industrializados.

Os dados atuais são preocupantes: onúmero de obesos no Brasil e no mundo tem aumentado commuita rapidez. Um estudo comparativo do Setor de Epidemiologia daFaculdade de Saúde Pública da USP mostrou que, emapenas duas décadas (entre 1974 e 1997), o número depessoas obesas no Brasil quase triplicou. Outra pesquisa, feitapela Organização Mundial de Saúde (OMS),indicou que o aumento da obesidade é um problema que atingedezenas de países. Mas se quem é obeso sofre com oexcesso de peso e sabe que a obesidade é fator de risco paradoenças cardiovasculares, diabetes, hipertensãoarterial e alguns tipos de câncer, por que esse númerocresce cada vez mais? A obesidade é uma doença quedepende de vários fatores para se desenvolver: agenética da pessoa, fatores culturais e étnicos, suapredisposição biológica, estilo de vida ehábitos alimentares. As pessoas, no entanto, engordam poruma simples questão: consomem mais calorias do que gastam.Em outras palavras, não se alimentam de forma equilibrada emuitas levam uma vida sedentária. Se o corpo não usaa energia que ingeriu, por meio de atividades físicas, essaenergia se transforma em gordura e se acumula no corpo, causando oaumento de peso. Como a perda de peso é algo que requermuita força de vontade e disciplina, melhor do que combater,é prevenir a obesidade. E o cuidado começa jána infância.

POR QUE ESTAMOS TÃO GORDOS

Num tempo em que as formas esguias e os músculosesculpidos constituem um avassalador padrão de beleza, oexcesso de peso e a obesidade transformaram-se na grande epidemiado planeta. Nos Estados Unidos, nada menos de 97 milhões depessoas (35% da população) estão acima do pesonormal. E, destas, 39 milhões (14% dapopulação) pertencem à categoria dos obesos. Oproblema de forma alguma se restringe aos países ricos.

Com todas as suas carências, o Brasil vai pelomesmo caminho: 40% da população (mais de 65milhões de pessoas) está com excesso de peso e 10%dos adultos (cerca de 10 milhões) são obesos. Atendência é mais acentuada entre as mulheres (12% a13%) do que entre os homens (7% a 8%). E, por incrível quepareça, cresce mais rapidamente nos segmentos de menorpoder econômico. Além dos números altos, oque assusta é a rapidez com que eles cresceram. Estudoscomparativos do Setor de Epidemiologia da Faculdade Públicada USP indicam que, na década de 1970, os homens obesos noBrasil somavam 2,8% da população masculina. Em apenas23 anos, esse número quase triplicou, passando para osatuais 8%. No mesmo período, o índice feminino passoude 4,9% para 13%.

Nos Estados Unidos a situação éainda mais preocupante: 61% da população estácom o peso acima do normal, e em 2001 foram contabilizadas 300 milmortes decorrentes da obesidade.

O inimigo, consiste num modelo de comportamento quepode ser resumido em três palavras: sedentarismo,comilança e stress. Estamos vivendo a era daglobalização de um modo de vida baseado nainatividade corporal frente às telas da TV e do computador,no consumo de alimentos industrializados, cada vez mais gordurosose açucarados, e num altíssimo grau de tensãopsicológica.

A “MC DONALDIZAÇÃO”

Em ritmo acelerado e escala planetária, asculinárias tradicionais vão sendo atropeladas pelofast-food. E bilhões de seres humanos estão migrandodos carboidratos para as gorduras.

As conseqüências dessaalimentação engordurada podem não serinocentes. Artérias entupidas e diabetes são apenasalgumas das possíveis conseqüências do excesso depeso. Mas, independentemente das conseqüências, existehoje uma unanimidade entre os médicos para se considerar aprópria obesidade como uma doença. E o que épior: uma doença crônica e incurável. Como agordura precisa ser estocada no organismo, todo obeso tem umaumento do número de células adiposas (obesidadehiperplástica) ou um aumento do peso das célulasadiposas (obesidade hipertrófica) ou umacombinação das duas coisas.

Esse é um dos fatores que faz com que, uma vezadquirida, a obesidade se torne crônica. O indivíduopode até emagrecer, mas vai ter que se cuidar pelo resto davida para não engordar de novo. É por issotambém que, a longo prazo, os regimes restritivos nãoresolvem. Com eles, a pessoa emagrece rapidamente. Mas nãoconsegue suportar, por muito tempo, as restriçõesimpostas pelo regime. E volta a engordar. É o chamado”efeito sanfona”, o massacrante vai-e-vem do ponteiro dabalança.

DEFINIÇÃO DE OBESIDADE E ÍNDICE DE MASSACORPÓREA

Para que essa definição tenhaaplicação prática, é necessáriobaseá-la em critérios matematicamente definidos. Paraisso existe o Índice de MassaCorpórea (IMC), hoje aceito como padrão demedida internacional para obesidade.

Se queremos nos reportar apenas ao tecido gorduroso(adiposo) os meios de classificação sãovariados. Podemos usar a relação do peso/altura(tabela do Metropolitan Life Insurance Company), ou as medidas deespessura de prega cutânea ou, ainda, o Índice deMassa Corpórea (IMC). O IMC é obtido peladivisão do peso em Quilos pela altura ao quadrado (expressaem metros). Podemos classificar o peso em categorias, de acordo como IMC. Desta forma, quanto ao grau (quantidade) de obesidade, oparâmetro de medida é o IMC e podemos tê-la em 4tipos.

A forma de cálculo para IMC é adivisão do peso (em kg) da pessoa por sua altura, elevada aoquadrado (em m²).

IMC ( kg/m2)
Grau de Risco
Tipo de obesidade

18 a 24,9
Peso saudável
Ausente

25 a 29,9
Moderado
Sobrepeso ( Pré-Obesidade )

30 a 34,9
Alto
Obesidade Grau I

35 a 39,9
Muito Alto
Obesidade Grau II

40 ou mais
Extremo
Obesidade Grau III (“Mórbida”)

Para um indivíduo com 1,70 m de altura, porexemplo, se o peso for de 86,7 kg, ele terá IMC = 30. Compeso de 101,15 kg, ele atinge IMC de 35; com peso de 115,6 kg, oIMC é de 40, e ele é considerado um obesomórbido.

Em termos gerais, aceita-se que o peso ideal ou demenor risco para saúde corresponde a um IMC de 20 a 25, eaté 27 para pessoas idosas. Este índice deve serusado para adultos. Para crianças e adolescentes devem serutilizadas curvas específicas, uma vez que, ainda,estão em fase de crescimento.

Entretanto, mesmo considerando a frieza e pretensaexatidão do IMC, existem muitas variáveis, como porexemplo distribuição corporal da gordura,biótipo, etc. Nesses casos preconizam-se outrosmétodos para “medirmos” gordura, como por exemplo, adensitometria.

Esta classificação tem importânciaestatística no que se refere ao prognóstico deintercorrências clínicas, como por exemplo, ahipertensão arterial, a gota, a osteoartrose, adislipidemia, etc, e conseqüentemente estimar-se o risco demorbidade e mortalidade das pessoas.

“ACIMA DO PESO” VS. “OBESIDADE”

Mas qual é, afinal, a diferença entre”estar acima do peso” e “ser obeso”?

A obesidade é um excesso de gordura nacomposição do corpo, mas só pode ser chamadaassim quando mais de 20% da massa corporal total forconstituída por gordura (30% no caso das mulheres).

Quem se encontra nessas condições,têm a saúde comprometida e corre o risco de contrairdiversas doenças, como as cardiovasculares, váriostipos de câncer, diabetes e hipertensão, entreoutras.

CONCEITOS DE BIOLOGIA EM RELAÇÃO ÀSGORDURAS

O papel das células

O corpo humano é formado por mais de 75trilhões de células, unidades microscópicas,mas que contêm estruturas complexas que desempenhamfunções vitais. Para isso, elas precisam de energia,que provém das calorias absorvidas naalimentação. Dentro desse rol gigantesco decélulas, algumas são especializadas, desenvolvendoatividades específicas, como as células deabsorção e as células gordurosas(adipócitos), imprescindíveis para a digestãoe o armazenamento da gordura, respectivamente.

Células deabsorção

Uma vez terminada a digestão dos alimentos,estes são absorvidos pelo organismo. No caso das gorduras,esse processo é feito no interior do intestino delgado, queapresenta protuberâncias minúsculas, chamadas devilosidades, que participam da absorção dosnutrientes. Há também as microvilosidades, quesão protuberâncias muito diminutas que contribuem parao transporte dos nutrientes, como as gorduras, da luz do intestinopara a corrente sanguínea.

Células gordurosas

São chamadas de células gordurosas ouadipócitos, aquelas que armazenam gorduras dentro do corpo eas liberam quando for necessário. A energia éarmazenada na forma de triglicerídeos, que sãomoléculas de lipídios compostas basicamente porgordura. As células gordurosas armazenam energia na forma detriglicerídeos.

Lipocytes (Células Gordas)

A gordura adicional é armazenada nos”lipocytes”, que expandem no tamanho até que a gordura sejausada para o combustível.

Quando a entrada de energia é igual àsaída da energia, não há nenhumaexpansão das células gordas (lipocytes) para acomodaro excesso. Somente quando são consumidas mais calorias,é que são produzidas a gordura extra que estáarmazenada nos “lipocytes” e a pessoa começa a acumulargordura.

Mecanismo da Fome

O mecanismo da fome é controlado por um sistemacomplexo de comunicação entre diversasproteínas liberadas pelo aparelho digestivo e envolve maisde 250 genes herdados de nossos pais. Visando a manter oequilíbrio energético do organismo, cada um dessesgenes produz uma determinada proteína. Suaregulação é tão precisa que se a pessoaingerir 120kcal a mais do que suas necessidades energéticaspor dia (o que equivale a um copo de refrigerante), no final de 10anos terá engordado 50k.
O estômago é um importante regulador do apetite.Quando está vazio, há a liberação degrelina, um hormônio que age no cérebro e dispara asensação de fome que diminui gradativamente àmedida que comemos.
A passagem dos alimentos para os intestinos provoca aliberação de outro hormônio, representado pelasigla PYY, que também age no cérebro, ativando ocentro de saciedade e provocando a perda de apetite. Obalanço estabelecido entre esses dois hormônios,grelina e PYY, indica quando se deve iniciar ou terminar umarefeição.

Dependendo do tipo de alimentos ingeridos, háuma composição diferente na liberaçãodesses hormônios. Por exemplo, carboidratos simples, como abatata e os doces, são absorvidos antes de os intestinosliberarem o hormônio PYY inibidor da fome. Quebrados pelainsulina produzida pelo pâncreas, esses carboidratosingeridos em excesso transformam-se em células gordurosas.No entanto, a gordura de alimentos, como a da carne vermelha, porexemplo, passa rapidamente para os intestinos e libera PYYinduzindo mais depressa a sensação de saciedade. Essaconstatação derruba antigos mitos que condenavam aingestão de certos alimentos mais gordurosos comoprejudiciais à saúde.

SUBSTÂNCIAS LIBERADAS PELAS CÉLULAS DEGORDURA

Célula Adiposa

Quando uma pessoa engorda, suas células adiposas(de gordura) aumentam em até seis vezes o seu tamanho ecomeçam a se multiplicar, passando de cerca de 40bilhões para cerca de 100 bilhões. Quando issoacontece, as células de gordura liberam na correntesanguínea substâncias inflamatórias ehormônios, que causam diversos prejuízos aoorganismo.

Ácidos Graxos

As células de gordura armazenamtriglicérides e os liberam na corrente sanguínea comoácidos graxos, que têm a funçãoenergética. Mas quando são secretados em grandequantidade, são armazenados diretamente no fígado,coração e músculos, causandodoenças.

IL-6 e TNF-ALFA

Proteínas produzidas pelo tecido adiposo e pelosistema imunológico. Essas substâncias estãoenvolvidas no entupimento de artérias. Elas levam àformação de radicais livres (relacionados aoenvelhecimento celular) e à lesão do endotélio(camada que reveste artérias e veias por dentro),favorecendo o acúmulo de placas de colesterol, que faz comque o indivíduo tenha mais doenças docoração e circulatórias.

Adiponectina

Proteína produzida pelo tecido adiposo. Tem umpapel antiinflamatório e protege as artérias doentupimento pelo acúmulo de gordura. Ela é secretadapelo tecido adiposo em condições normais, mas quandoa pessoa engorda, sua produção diminui. Estámais presente nos magros do que nos obesos.

Angiotensinogênio e PAI-1

O angiotensinogênio é convertido em umasubstância que causa constrição dos vasossanguíneos, causando hipertensão. Adiminuição do PAI-1, um anticoagulante natural,está relacionada à formação de trombose coágulos.

Resistina

Proteína produzida pelo tecido adiposo. Quandosecretada em grandes quantidades está relacionada àresistência à insulina (condição queleva ao desenvolvimento do diabetes tipo 2).

Leptina

Hormônio protéico produzido exclusivamentepelas células de gordura. É ele o responsávelpela sensação de saciedade no cérebro. Quantomais gordura a pessoa tem no corpo, mais leptina éproduzida. O problema é que as pessoas obesas, apesar deproduzir grande quantidade do hormônio, acabam criandoresistência à sua ação. A leptinafunciona como um “adipostato”, referindo-se à TeoriaLipostática, que prediz que a composição e opeso corporais em humanos são determinados porinterações entre fatores genéticos,ambientais, comportamentais e sociais e da resposta a um sinalperiférico produzido em quantidades proporcionais ao tecidoadiposo no organismo.

A existência desse fator circulante, que aumentacom os estoques de energia e age no cérebro para inibir aingestão de alimentos e as reservas no tecido adiposo, foidescoberta após mutações genéticasdenominadas por obese (ob) e diabetes (db).Baseado nesses estudos foi sugerido que a mutação obestava relacionada à produção de um fatorcirculante e a db com a resposta a esse mesmo fator. Assim, o fatorcirculante, produto do gene ob, foi chamado leptina (do gregoleptos que significa magro), porque este mostrou ser capazde diminuir o peso corporal e a massa de tecido adiposo quandoinjetado em camundongos.

A descoberta da leptina tem ajudado a esclarecer opapel dos adipócitos como sistema endócrino e de quemodo ocorre a sinalização para a ingestão ounão de alimentos, bem como, a regulação dometabolismo energético. Assim, a coordenaçãodo balanço energético e do peso corporal envolve umaregulação entre a ingestão de alimentos egasto de energia em resposta a sinais agudos (insulina,catecolaminas como a adrenalina) e rônicos (gravidez,desnutrição, inflamações, caquexia eleptina).

A leptina é sintetizada como um peptídeode 167 aminoácidos (aa), transportada para acirculação sanguínea com apenas 146 aa e umamassa molecular de 14-16 kDa. A cristalografia revela quatrohélices com estruturas semelhantes às das citoquinas,tais como as interleucinas.

Síntese e Regulação daleptina A leptina é produzida principalmente notecido adiposo, embora também possa ser encontrada (empoucas quantidades) no epitélio intestinal, placenta(funcionando com um fator de crescimento para o feto, por sinalizaro estado nutricional da mãe), leite materno, músculoesquelético, gástrico e cérebro.

É codificada por um gene que tem trêsexons e dois íntrons. A região promotora temelementos como TATA box, C/EBP (região deligação à proteínas), GRE (elementoresponsivo a glicocorticóides) e CREB (elemento deligação à proteínas responsivo aoAMPc). A transcrição e a traduçãoocorrem no tecido adiposo, placenta e trato gastrintestinal, onde arazão de produção é diretamenterelacionada à massa de tecido adiposo. Em umindivíduo com peso corporal normal, a leptina estámais correlacionada com a massa de gordura absoluta do que com oíndice de massa corpórea (BMI) ou percentagem degordura corporal.

Os níveis de leptina circulantes parecem estardiretamente relacionados com a quantidade de RNAm para leptina notecido adiposo. Além disso, vários fatoresmetabólicos e endócrinos contribuem para regular atranscrição dos genes da leptina emadipócitos. Por exemplo, ocorre diminuição deleptina em resposta a baixos níveis de insulina, havendo umarelação diretamente proporcional entre asconcentrações desses hormônios.

Glicocorticóides (como o cortisol),infecções agudas e citoquinas inflamatórias;aumentam os níveis de leptina mas, baixas temperaturas,estimulação adrenérgica, hormônio docrescimento (GH), hormônios tireoidianos, melatonina, e fumotêm a propriedade de diminuir os níveis deleptina.

Há também o efeito do sexo, pois com amesma quantidade de gordura corporal mulheres secretam duas vezesmais leptina que homens. A leptina humana tem uma meia-vida deaproximadamente 25 min e é a mesma em indivíduosobesos e com peso corporal normal. Essa meia-vida curta nacirculação é determinada pelo clearencerenal mediado por filtração glomerular.

Ingestão de alimentos x gasto deenergia O papel da leptina como hormônioantiobesidade é essencialmente derivado de suasações como diminuidor do apetite e estimulador dogasto de energia. A propriedade inibidora do apetite deve-se aomecanismo de sinalização desta no hipotálamo,estimulando a síntese de neuropeptídeosanorexigênicos como POMC (Proopiomelanocortina), a-MSH(Hormônio Estimulante de a-Melanócitos), CRH(Hormônio Liberador de Corticotropina) e CART (TranscritoRegulado por Cocaína e Anfetamina) que diminuem aingestão de alimentos pela sensação desaciedade. Os neuropeptídeos anorexigênicos, por suavez, inibem a síntese de neuropeptídeo Y (NPY), queestimula a ingestão de alimentos, inibe a termogênese(liberação de energia na forma de calor semprodução de ATP) e é diminuido por altosníveis séricos de insulina, promovendo aumento dalipogênese, síntese proteica e armazenamento deglicose.

A propriedade de alterar o gasto de energia, deve-se aofato da leptina estimular as ações da norepinefrina(NOR) e a lipólise no tecido adiposo, levando àtermogênese. Por estimulação do sistema nervososimpático, a leptina causa aumento naliberação de NOR que age em adipócitos porsinalização via AMPcíclico e proteínaquinase A (PKA), estimulando a transcrição do genepara proteínas desacopladoras da fosforilaçãooxidativa (UCPs). As UCPs formam canais que permitem a entrada deprótons na matriz mitocondrial sem passar através docomplexo ATP sintase, permitindo a oxidaçãocontínua de ácidos graxos sem síntese de ATP,com dissipação de energia na forma de calor. Istoleva a um aumento no gasto de energia no tecido adiposo, comestímulo da lipólise.

Colesterol

Hiperlipidemia é o aumento dos lípides(gorduras) do sangue. Os lípides incluem colesterol, estesesdo colesterol, fosfolípides e triglicérides. Nosangue estão ligadas às moléculas grandes,chamadas de lipoproteínas. São LDL, HDL etriglicérides. Lípides é um termo amplo paradesignar todas as gorduras do organismo inclusive as do sangue. OColesterol pode ser considerado um tipo de lipídio produzidoem nosso organismo. Ele está presente em alimentos de origemanimal (carne, leite integral, ovos, etc). Em nosso organismo,desempenha funções essenciais comoprodução de hormônio, vitamina D, entre outras.No entanto, o excesso de colesterol no sangue é prejudiciale aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.Em nosso sangue existem 2 tipos de colesterol:
LDL colesterol = Conhecido como”ruim”, ele pode se depositar nas artérias e provocar seuentupimento.

HDL colesterol = Conhecido como “bom”.Retira o excesso de colesterol para fora das artérias,impedindo o seu depósito diminuindo a formaçãoda placa de gordura.

Triglicérides = É um doscomponentes gordurosos das lipoproteínas junto com osfosfolípides.

TIPOS FÍSICOS

ENTENDENDO OS TIPOS FÍSICOS PARAENTENDER OS TIPOS DIFERENTES DE GANHO DE PESO

Os tipos físicos descritos pelos especialistassão: tubo, pêra, ampulheta e maçã.

Tubo (linhas finas, pouca cintura)

O perfil é basicamente reto. Membros longos e esguios.quadris estreitos com largura semelhante à do busto e dosombros. A cintura não é bem definida.

Pêra (quadris à brasileira)

Típica brasileira, com quadris e coxas mais largos que osombros. Cintura bem marcada e bumbum definido e proeminente.

Ampulheta (risco de gorduras localizadas)

Sua figura mostra as curvas femininas clássicas. Cinturafina e curvada. Coxas bem formadas. Ombros e quadris têmlarguras semelhantes.

Maçã (ombros e costas largos)

Ombros, costas e peito proporcionalmente maiores que os quadrise as coxas. Bumbum pequeno. Aparência pesada na partesuperior.

TIPOS DIFERENTES DE GANHO DO PESO

Os indivíduos obesos apresentam-se com maiorquantidade de tecido gorduroso pelo organismo e essadistribuição da gordura é variável depessoa para pessoa. E essa variação da gordura alterao risco de doenças associado ao excesso de peso.

A grosso modo, existem dois tipos básicos dedistribuição de gordura. A gordura pode concentrar-sena região subcutânea (abaixo da pele), particularmenteda cintura para baixo, é chamada de ObesidadeGinóide, que acomete mais a mulher, chamadatambém de obesidade em forma pêra ou, ainda, obesidadesubcutânea. Está associada a um risco maior de artrosee varizes.

A gordura pode ainda concentrar-se no abdome,profundamente entre as vísceras, é chamada deObesidade Andróide, porqueacomete mais os homens, ou obesidade em forma de maçãou, ainda obesidade visceral. Está associada com maiordeposição de gordura visceral e se relacionaintensamente com alto risco de doenças metabólicas ecardiovasculares (Síndrome Plurimetabólica)

Naturalmente há grandes variaçõesentre esses dois tipos de distribuição de gordurapelo corpo e há indivíduos com os dois tipos deobesidade.

Essa classificação, por definir algunsriscos, é muito importante e por esse motivo fez com que secriasse um índice denominado RelaçãoCintura-Quadril, que é obtido pela divisão dacircunferência da cintura abdominal pela circunferênciado quadril do paciente. De uma forma geral se aceita que existemriscos metabólicos quando a RelaçãoCintura-Quadril seja maior do que 0,9 no homem e 0,8 na mulher. Asimples medida da circunferência abdominal tambémjá é considerado um indicador do risco decomplicações da obesidade, sendo definida de acordocom o sexo do paciente:

Risco Aumentado
Risco Muito Aumentado

Homem 94 cm
102 cm

Mulher 80 cm
88 cm

A gordura corporal pode ser estimada também apartir da medida de pregas cutâneas, principalmente aonível do cotovelo, ou a partir de equipamentos como aBioimpedância, a Tomografia Computadorizada, o Ultrassom e aRessonância Magnética. Essas técnicassão úteis apenas em alguns casos, nos quais sepretende determinar com mais detalhe a constituição corporal.

Na criança e no adolescente, os critériosdiagnósticos dependem da comparação do peso dopaciente com curvas padronizadas, em que estão expressos osvalores normais de peso e altura para a idade exata dopaciente.

Muitos especialistas utilizam, conjuntamente, osmétodos IMC e Cintura:Quadril, para avaliar com maissegurança os risco de saúde do paciente. Cabedestacar, que outros autores têm aceite que a simplescircunferência abdominal maior que 95 cm érepresentativa de risco elevado de doenças.

MAÇÔ VS.”PÊRA”

O ganho do peso na área acima da cintura (tipofísico maçã) é mais perigoso do que opeso ganho em torno da área dos quadris e do flanco (tipofísico pêra).

As células gordas na parte superior do corpotêm qualidades diferentes do que aqueles encontrados nosquadris e nas coxas. As pessoas com o perfil em formato demaçã têm mais facilidade de desenvolver outrasdoenças, como problemas cardiovasculares, pois a gorduravisceral, ao contrário da subcutânea, dirige-sediretamente para o fígado antes de circular até osmúsculos, podendo causar resistência àinsulina, levando à hiperinsulinémia, que sãoníveis elevados de insulina, aumentando assim o risco dediabetes mellitus tipo II, hipertensão e doençascardiovasculares.

OBESIDADE MÓRBIDA

O peso corpóreo, considerando o acúmulo ea a distribuição da gordura, é determinado porvários mecanismos, incluindo o perfil metabólico, afunção hormonal, neurológica epsíquica. Quando há alteração em algumdesses mecanismos pode ocorrer um desequilíbrio entre aingestão alimentar e o gasto de energia, favorecendo oarmazenamento anormal da sobra de energia sob a forma de gordura e,conseqüentemente, o aumento do peso corpóreo.

As pessoas com IMC acima de 40 (veja o cálculoacima), são portadoras de Obesidade Mórbida, o queequivale a aproximadamente 45 Kg acima do peso ideal. A ObesidadeMórbida é um problema de saúde que ultrapassaem muito a simples preocupação estética. Elaenvolve a saúde global do organismo e, inclusive, asaúde psíquica, já que a auto-estima podeestar severamente prejudicada.

As doenças relacionadas à obesidadesão as principais responsáveis pelo aumento das taxasde mortalidade em adultos jovens, da diminuição daqualidade e expectativa de vida. Entre elas destacam-se asobrecarga das articulações, apnéia do sono,insuficiência cardíaca, diabetes, hipertensãoarterial, aumento da gordura no sangue e, conseqüentemente, oentupimento de vasos (arteriosclerose), infarto domiocárdio, etc.

Daphne Marussi e Paulo Dalgalarrondo estudaram o perfilpsiquiátrico de 50 pacientes com obesidade mórbida(IMC a partir de 40), 38 mulheres e 12 homens, e encontraram entreeles 20 a 30% de comedores compulsivos passíveis detratamento psiquiátrico, principalmente se considerarmos queo comedor compulsivo tem maior tendência àdepressão e freqüentemente apresenta história deoutros transtornos psíquicos.

A idade média dos pacientes com ObesidadeMórbida neste estudo foi de 39,5 anos e o IMC médiofoi de 50,4. Entre esses pacientes 32,6% encontravam-sedesempregados. As pessoas com peso maior estavam relacionadassignificativamente com um menor gosto pelas coisas que faziamanteriormente e os episódios bulímicos (fome voraz edescontrolada) correlacionava-se com uma dificuldade ficar sentadoe se divertir relaxado e com o fato de se sentir tenso oucontraído, juntamente com a sensação de medocomo se alguma coisa ruim fosse acontecer (elevados índicese depressão).

Esses autores concluiram que existe uma altaincidência de indivíduos com compulsãoalimentar entre os pacientes obesos mórbidos que procuramtratamento e, entre eles, apenas 24,5% estavam dentro dos limitesda normalidade em termos de hábitos alimentares. A altafreqüência de episódios bulímicoscorrelacionou-se positivamente com os escores altos da escala deansiedade e de depressão, portanto, tais pacientesapresentam taxas mais elevadas de transtornos do humor, transtornosde ansiedade e, concomitantemente, de bulimia nervosa. Recomendamque se faça uma diferenciação de pacientescompulsivos dos não compulsivos nos programas de perda depeso para que estes recebam tratamento adequado .

CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE CONFORME ACAUSA

1. obesidade de longa data -indivíduos obesos desde criança; é a forma demais difícil tratamento e entre as causas existe apredisposição genética (herançafamiliar) e a hiperalimentação precoce;

2. obesidade da puberdade – aparece napuberdade, é predominante em mulheres, tem como causasangustias e ansiedades desta fase da vida ealterações orgânicas;

3. obesidade da gravidez – na gravideze no pós parto, também por fenômenospsíquicos e/ou orgânicos;

4. obesidade por interrupção deexercícios – comum em esportistas que ingeremgrandes quantidades de calorias e param de fazer exercícios,ou seja, deixam de gastá-las;

5. obesidade secundaria a drogas -alguns medicamentos como os corticóides, os antidepressivose os estrógenos podem induzir a um ganho de peso;

6. obesidade após parar defumar – a explicação é que a nicotinaaumenta o gasto calórico por sua açãolipolítica; também é responsável porperda de apetite;

7. obesidade endócrina – apesarda população leiga ter outro ponto de vista, aobesidade Endócrina aparece em somente 4% das obesidades.Aqui se incluem as síndromes hipotalâmicas,síndrome de Cushing, hipotireoidismo, ováriospolicísticos, pseudohipaparatireoidismo, hipogonadismo,déficit de hormônio de crescimento, aumento deinsulina e tumores pancreáticos produtores de insulina.

8. obesidade de causa genética– que pode ser autossômica recessiva, ligada ao cromossoX, cromossômicas (Prader-Willi), síndrome deLawrence-Moon-Biedl.

Por esta classificação já podemosconcluir que a obesidade não é característicade pessoas com “falta de vontade para emagrecer, descuidadas comsua aparência, etc”, mas de pessoas com uma doença quedeve ser tratada como tal. Jane Feldman acha que definir obesidadeé, muitas vezes, uma tarefa difícil. Existemsituações em que qualquer um olha para umindivíduo e afirma que ele é obeso. No entanto,existem casos onde afirmar que alguém é obesoé extremamente duvidosa. Nesses casos, podemos lançarmão da abio-impedanciometria e da densidade corporal paradefinir melhor a porcentagem de tecido adiposo e, assim, delimitarmelhor o diagnóstico da obesidade.

A classificação pode ainda tomarcomo base o consumo e o gasto de energia. Dessa formateremos dois tipos de obesidade:

Obesidade por Hiperfagia, é otipo da doença conseqüente à ingestão demuita comida. São os obesos que comem muito, em quantidadeou em qualidade (alimentos muito calóricos) e neste grupoestão incluídos os populares “beliscadores”, dietasricas em gorduras, dietas de lancherias.

Além dos mecanismos psíquicos envolvidosna obesidade por Hiperfagia, tais como a depressão,ansiedade, angustia, carência afetiva, etc, estãosendo cada vez mais descritas alteraçõesorgânicas condicionantes de hiperfagia(alterações no centro da saciedade,alterações hipotâlamicas ealterações de alguns hormôniosgastrintestinais);

Obesidade por Gasto Ineficiente.Estão incluídas neste grupo pessoas com vidasedentária, incapacidade obrigatória, idadeavançada, portanto, aquelas que comem mais do que gastam eas pessoas que, mesmo comendo proporcionalmente ao gasto comexercício, de repente param de praticá-lo semdiminuir a quantidade de comida ingerida. Tambémestão aqui as pessoas que comem pouco mas, conforme dizemsempre, têm a famosa tendência para engordar.

Este último grupo de pessoas “comtendência para engordar” não costumam teralterações de tiróide, como costumam achar, ououtro distúrbio do metabolismo. Normalmente a causa daobesidade é que elas gastam menos calorias do que consomem.O número de células adiposas do corpo humano crescemais durante o período que vai do fim da infância aoinício da idade adulta.

A obesidade pode ainda ser classificada quantoao número de células de gordura.

Será considerada ObesidadeHipercelular, quando então ocorre aumento donúmero total de células adiposas, que pode se tornaraté cinco vezes superior ao número encontrado emindivíduo adulto normal. Esta é a forma de obesidadeque ocorre na infância ou adolescência, porémpode também ser observada nas pessoas com mais de 75% deexcesso de peso corporal.

Por outro lado, será consideradaObesidade Hipertrófica, quando aoinvés de um aumento no número de célulasgordurosas, ocorre um aumento de tamanho dessas células poracúmulo de lipídeos. Esse tipo de obesidade se iniciana idade adulta, na gestação e se correlaciona melhorcom a distribuição andróide de gordura.

Há ainda uma outra classificaçãoda obesidade, agora no que diz respeito àdistribuição da gordura no corpo. Para essaclassificação é necessário estabelecero índice W/H, representado pela relaçãocintura-quadril. A medida da cintura deve ser apurada de acordo coma circunferência que passa entre o umbigo e as costelas emedida do quadril deve ser medida tomando-se a maiorcircunferência na região glútea. Para oshomens, Obesidade Andróide, esse índice W/H tem quedar maior que 0.9, ou seja, a cintura deve ser igual ou maior que oquadril. Na Obesidade Ginóide o índice W/H deve darmenor que 0.9, ou seja, o quadril tende a ser maior que acintura.

As observações antropométricastêm sugerido que quanto maior o índice W/H, ou sejaquanto maior a cintura em relação ao quadril, maistendência tem a pessoa para doença coronariana,diabetes, hipertensão arterial e dislipidemias, que é o aumento de colesterol e triglicérides.

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