A Compreensão da Música como Jogo e o Fazer Musical Criativo

 

Resumo

O presente ensaio teórico objetivou discutir possíveis correspondências entre a ideia do jogo na perspectiva piagetiana e a compreensão da música como jogo em contexto de oficinas musicais. No entendimento do jogo no desenvolvimento do sujeito, relaciona-mos dois teóricos: Piaget (1896-1980) e Swanwick (1937-) quanto à visão dinâmica do desenvolvimento, concebida em espiral. Para Swanwick (1991), a música é uma forma de jogo que compreende três condutas lúdicas: domínio, imitação e jogo imaginativo. O sujeito pode manter sua relação com a música ao desempenhar três papéis distintos: criador: compositor ou improvisador; intérprete: instrumentista ou cantor e participan-te: ao apreciar uma música, ao assistir a um espetáculo, entre outros. Para Piaget (1946; 1975), o jogo requer a aplicação da estrutura cognitiva por parte do sujeito, a qual sofre contínuos e progressivos aprimoramentos pelo processo de equilibração. O jogo nesta perspectiva oferece um ambiente propício à instalação do conflito cognitivo, da cons-trução de estratégias e autorregulações, imprescindíveis ao progresso da estrutura de pensamento. Ao relacionarmos esses dois teóricos na compreensão da música como jogo, pudemos perceber correspondência entre o modo de compreender o desenvolvi-mento do sujeito como dinâmico e circularmente dialético (PIAGET, 1980) e o fazer musical criativo, tal como concebido por Swanwick (2003), Schafer (1991), Gainza (1983) e Koellreutter (1997) o que nos permitiu analisar o papel fundamental da com-posição musical. Nesse entendimento, as oficinas constituem-se um importante espaço para vivenciar a música por meio de jogos que possibilitem um fazer musical criativo e crítico.

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